A Trilogia de Nova York - Paul Auster

Literatura norte-americana
Paul Auster - A Trilogia de Nova York - Editora Companhia das Letras, 344 páginas, lançamento 21/01/1999.

A Trilogia de Nova York", publicado originalmente em 1987, é uma reunião de três contos longos, aparentemente independentes, mas tendo como tema comum a solidão e a perda de identidade de seus personagens em uma grande metrópole. A cidade de Nova York se transforma em um labirinto mental onde os personagens compartilham suas histórias e não sabemos exatamente o que é imaginação ou realidade.

A primeira parte, "Cidade de Vidro", apresenta níveis de realidade distintos. No primeiro, o próprio Paul Auster é, ao mesmo tempo, escritor ou narrador da história e, em outro nível, um dos personagens: Paul Auster, o detetive em que se transforma Daniel Quinn, um solitário escritor de romances policiais (uma entre outras referências a Don Quixote no decorrer do livro). Ao longo da trama, presenciamos a destruição gradual da personalidade de Daniel Quinn, enquanto desconfiamos da existência do detetive Paul Auster e da própria história que está sendo narrada e escrita em um caderno vermelho, talvez apenas mais um delírio do protagonista, seja ele quem for.

Em "Fantasmas", o detetive particular Blue é contratado por um cliente chamado White para investigar e vigiar continuamente um homem chamado Black, que descobrimos ser a mesma pessoa. Ao longo do conto, novamente é desenvolvido o tema da perda de identidade do personagem.

Na última parte, "O Quarto Fechado", o amigo de infância de um escritor desaparecido é solicitado por sua suposta viúva a publicar os originais inéditos do marido. Desta vez ocorre um processo de transferência de personalidade, enquanto o protagonista acaba se apropriando da vida do amigo, casando-se com sua ex-mulher e finalmente descobrindo sua própria potencialidade como escritor.

Paul Auster esteve no Brasil em 2004 durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e hoje no caderno "Prosa e Verso" do jornal Globo foi publicada um entrevista por conta de seu último romance "Viagens no Scriptorium" ele deixou esta resposta abaixo comentando a chegada dos sessenta anos:

"Tudo começa a mudar aos 50. Seu corpo começa a quebrar ou falhar aos poucos, você não é forte e saudável como era. E uma coisa ainda mais importante do que isso é que muitas das pessoas que você amou ou com as quais se preocupou durante a sua vida estão mortas. Você começa a caminhar por aí com vários fantasmas ao seu lado. Você começa a conversar com pessoas que não estão mais lá, quase tanto quanto com pessoas que ainda estão vivas. É uma experiência muito estranha (...)."

Comentários

Anônimo disse…
Não cheguei aos 50 ainda, mas sempre tive meus fantasmas com quem conversar. Fiquei com vontade de ler esse título. Acho que você é quem devia escrever um livro.

Beijos
Angélica
Alexandre Kovacs disse…
Acho que os fantasmas independem da idade, também carrego alguns comigo.
Bushi disse…
Li-o no ano de vestibular. Livro inesquecível, recomendo "Timbuktu" do mesmo autor.

[]s
Alexandre Kovacs disse…
Timbuktu está na minha lista de futuras leituras. Obrigado pela visita e comentário Bushi "guerreiro"
Barros (RBA) disse…
Este está na minha lista de espera, pois tive uma boa impressão quando li "Desvarios no Brooklyn", como um autor que retrata muito bem os anseios e desilusões dos Americanos em relação ao destino da vida em seu país.
Unknown disse…
Terminei este livro e procurei por outras opiniões. A sua review está muito próxima do livro e do que o autor pretendia.

Vou fazer referencia a sua review no meu blog pois achei-a excelente.
Henrique Mazzon disse…
Ótimo livro. Acabei de terminar a leitura e já quero relê-lo para ligar todos os pontos entre as histórias. Boa resenha!
Alexandre Kovacs disse…
Obrigado pela visita e comentário Henrique!

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