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Mostrando postagens de dezembro, 2016

A arte do Batik indonésio

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Kain Panjang-100 , Autor desconhecido (1940) O Batik é uma técnica de tingimento em tecido originária da ilha de Java na Indonésia. As figuras exóticas, padrões e símbolos ancestrais são desenhados e coloridos de forma artesanal e, portanto, original e única por meio de sucessivos tingimentos no tecido, protegido por máscaras de cera, onde somente as partes não vedadas são tingidas. A aplicação das áreas protegidas pela cera é feita sobre a seda com pincel ou uma ferramenta chamada de "tjanting", espécie de caneta cilíndrica com funil de bico por onde é conduzida a cera derretida que irá produzir os traços desejados no tecido. Ver aqui imagens e um vídeo produzido pela UNESCO que explica a origem e todo o processo de criação. Para identificar os detalhes em alta definição, recomendo as galerias do Google Art Project: Batik motifs e The Art of Batik Madura . Kain Panjang-376 , Autor desconhecido (2000) Na verdade, a arte do Batik indonésio foi considerada pela U

Itō Shinsui e a beleza da mulher japonesa

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Itō Shinsui, "Mulher Olhando para o Espelho" (detalhe), 1916 As primeiras décadas do século XX marcaram um momento de grande industrialização e modernização no Japão, um país que sempre soube preservar a sua cultura. Ocorreu então um choque entre as ideologias ocidentais e os valores japoneses tradicionais. Itō Shinsui (1898-1972), um dos artistas gráficos japoneses mais conhecidos no ocidente, cresceu e desenvolveu suas primeiras obras durante este período de agitação cultural. No entanto, mais de dois terços de suas gravuras são retratos de mulheres com roupas tradicionais japonesas e penteados correspondentes ao ideal de beleza local. As composições são de extrema perfeição técnica e as impressões conhecidas como ukiyo-e (imagens do mundo flutuante em tradução literal — ler mais sobre o movimento nesta postagem do Mundo de K). Gravuras de Itō Shinsui de 1923, 1936 e 1929 Se por um lado a inspiração de seus retratos é totalmente originada na tradição orienta

Por que a distopia é sempre mais interessante do que a utopia?

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Hieronymus Bosch (1450 - 1516) - Detalhe de "O Jardim das delícias terrenas" Escrever sobre distopias sempre provoca um maior interesse nos leitores do que os textos sobre utopias. Posso falar por experiência própria porque já publiquei duas postagens semelhantes e na mesma época aqui no blog sobre o tema: "As 20 melhores utopias da literatura" e "As 20 melhores distopias da literatura" . Hoje, quando comparo os dois textos em termos de popularidade, vejo que o desempenho das distopias é francamente mais expressivo em termos de visitas e compartilhamentos nas redes sociais. Será que a ficção que lida com sociedades sem esperança em  regimes políticos totalitários é mais atraente ao leitor ou simplesmente a felicidade é um tema que não seduz mais as pessoas no século XXI? A imagem que abre esta postagem é um detalhe da parte central do tríptico "O jardim das delícias terrenas" de Hieronymus Bosch ( clique aqui para navegar por uma ver

Regina Taccola - Uma tarde embalada pelo mar

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Regina Taccola - Uma tarde embalada pelo mar - Editora Frutos - Antologia de contos - 82 páginas - Lançamento: 2016. Livro de estreia da psicanalista Regina Taccola, "Uma tarde embalada pelo mar" reúne 20 contos inspirados nos extremos do comportamento humano nas grandes cidades, normalmente utilizando como cenário a zona sul carioca, mais precisamente o bairro de Ipanema onde vive a autora. As narrativas são muito curtas, mas de extensão suficiente para provocar no leitor aquele tipo de desconforto que só a boa literatura provoca. A capa e o título podem sugerir um texto mais leve e poético, contudo não é somente isso que o leitor encontrará aqui. Na verdade, se reparamos com mais atenção, notaremos que a capa não é tão ingênua quanto nos pareceu à primeira vista, trata-se de um quadro de Vincent van Gogh, "Fishing Boats on the Beach at Saintes-Maries" . Assim ocorre com esta antologia, avançar na leitura dos contos é como pisar em terreno minado, é preciso

Wislawa Szymborska - Alguns gostam de Poesia

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Alguns gostam de Poesia (Wislawa Szymborska, tradução de Regina Przybycien)           Alguns —           ou seja nem todos.           Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.           Sem contar a escola onde é obrigatório           e os próprios poetas           seriam talvez uns dois em mil.           Gostam —           mas também se gosta de canja de galinha,           gosta-se de galanteios e da cor azul,           gosta-se de um xale velho,           gosta-se de fazer o que se tem vontade           gosta-se de afagar um cão.           De poesia —           mas o que é isso, poesia.           Muita resposta vaga           já foi dada a essa pergunta.           Pois eu não sei e não sei e me agarro a isso           como a uma tábua de salvação. Wislawa Szymborska - Poemas - Editora Companhia das Letras - 168 páginas - Lançamento: 26/09/2011 - Seleção, tradução e prefácio de Regina Przybycien (ler aqui trecho em pdf disponibilizado

Melhores fotos de 2016 da National Geographic

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Panda na reserva natural de Wolong na China O site de fotografias da revista National Geographic é um verdadeiro paraíso de imagens, não só nas áreas de natureza e vida selvagem, mas também em categorias como turismo, pessoas e cultura. Os editores selecionaram as 52 melhores fotos do ano entre mais de dois milhões de imagens publicadas no site em 2016. Além dos temas tradicionais, foram destacados também alguns momentos importantes do fotojornalismo mundial. Uma ótima oportunidade para quem estiver em busca de lindos papéis de parede para computadores pessoais ou simplesmente lembrar um pouco com era o nosso planeta. Pangolim carregado pela mãe, organização de proteção em St. Augustine, Florida, EUA Apesar da diversidade de temas, as melhores fotos são mesmo dos animais flagrados em seu habitat natural, uma especialidade da National Geographic desde 1888, quando foi publicada a primeira edição da revista com a clássica moldura amarela. Bem, naquele tempo o mundo ai

As ilustrações mágicas de Pablo Auladell

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Ilustração de Pablo Auladell para "La feria abandonada" (2013) O ilustrador espanhol Pablo Auladell é formado em filologia inglesa pela Universidade de Alicante e ganhou este ano o prêmio " Nacional del Cómic " pelo seu ambicioso trabalho "El paraíso perdido" que o júri do Ministério Cultura da Espanha considerou como de "grande valor artístico e força visual" na recriação do poeta clássico Inglês John Milton do século XVII. As suas imagens, que valorizam qualquer obra literária, são de uma rara beleza e estilo único, atingindo logo aquela região mágica e desconhecida do nosso inconsciente e ganhando o status de obras de arte. Ilustração de Pablo Auladell para "La Puerta de los Pájaros" (2015) Seja por meio de ilustrações para adaptações de obras clássicas como "El Paraíso Perdido" (John Milton),  "Las aventuras de Huckleberry Finnn" (Mark Twain)  e "La leyenda del Santo Bebedor" (Jo

Sobre o livro das mil e uma noites

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Scheherazade, pintura de Leon Bakst (1866 - 1924) Um clássico da literatura mundial, "O livro das mil e uma noites" compreende uma variedade de contos populares e fábulas de cunho moral do Oriente Médio e do Sul da Ásia, compiladas em língua árabe desde o século IX e reunidos em uma única história, que é narrada por uma das mais fascinantes protagonistas já imaginadas, a inteligente Scheherazade. Esta postagem utilizou como base as minhas notas sobre um dos módulos do curso  "Masterpieces of World Literature" de David Damrosch e Martin Puchner, professores da Universidade de Harvard, disponível online. Este e outros cursos similares, e também de outras áreas, podem ser acessados gratuitamente  neste link . Como sabemos, Scheherazade devia contar novas histórias todas as noites, interrompendo cada conto ao amanhecer para continuá-lo na noite seguinte, o que a manteria viva ao longo de muito tempo. No entanto, ela tinha outro objetivo mais importante, porque c

Um conto para Sylvia Plath

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Detalhe da ilustração "El Paraíso Perdido" de Pablo Auladell Na manhã de 11 de fevereiro de 1963, durante um dos piores invernos ingleses já registrados, a poeta americana Sylvia Plath serviu leite para seus dois filhos, Frieda (3 anos) e Nicholas (1 ano), quebrou a vidraça da janela para garantir a ventilação que salvaria a vida das crianças e trancou, vedando cuidadosamente, a porta do quarto. Após estas providências, foi até a cozinha e abriu a válvula de gás, colocando sua cabeça dentro do forno, não era a primeira vez que ela tentava o suicido, mas desta vez foi bem sucedida. Sylvia Plath tinha apenas 31 anos.  Os seus principais poemas foram escritos nos últimos meses de vida, após a difícil e conturbada separação do marido e poeta inglês Ted Hughes, em 1962. Estes poemas foram publicados no livro “Ariel’ dois anos após sua morte. Ela escreveu também um romance autobiográfico chamado "A Redoma de Cristal" onde a sua personagem Esther Greenwood, uma

Melhores seleções de livros de 2016 em um só lugar!

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Todos os anos, ao longo do mês de dezembro, são publicadas várias relações com os melhores lançamentos de livros do ano, de acordo com as publicações especializadas do Brasil e do mundo. Não sei se acontece o mesmo com vocês mas, no meu caso, acabo não conseguindo acompanhar a enxurrada de textos e perdendo várias recomendações e críticas interessantes, particularmente úteis para quem tem o hábito de escrever resenhas ou estar sempre bem informado sobre a literatura do nosso tempo. Bem, aqui você vai encontrar um resumo do que levantei de melhor nas publicações da internet em 2016 (até mesmo dos anos anteriores, quando disponível) e assim guardar em um só lugar para ler com calma, de preferência antes do próximo ano, um trabalho de utilidade pública. A imagem que abre a postagem é da impressionante lista da National Public  Radio (NPR) , com mais de trezentos títulos selecionados em categorias que podem ser filtradas de forma inteligente e até mesmo combinadas, tais como: b

Poemas de Paul Éluard

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Movimento Surrealista, da esquerda para a direita: Tristan Tzara, Paul Éluard, André Breton,  Hans Arp, Salvador Dalí, Yves Tanguy, Max Ernst,  René Crevel e Man Ray. Esta foto de 1930, em Paris, bem poderia servir como argumento para muitos livros ou roteiros e dá uma ideia da concentração criativa do movimento surrealista, formado em torno desse bando de loucos nos campos da literatura, pintura e fotografia. Um movimento de rara intensidade na história da arte. Podemos citar mais alguns importantes expoentes do movimento, não presentes na imagem, tais como: Antonin Artaud no teatro, Luis Buñuel no cinema e René Magritte nas artes plásticas. A obra poética de Paul Éluard (1895-1952), o segundo louco da esquerda para a direita, é extensa e apresenta não apenas inspiração de ordem intimista e lírica, mas também de engajamento político, principalmente quando atuou como membro do Partido Comunista francês e viveu na clandestinidade, participando na Resistência contra o nazismo. Na