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Mostrando postagens de janeiro, 2024

Olga Tokarczuk - Sobre os ossos dos mortos

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Olga Tokarczuk - Sobre os ossos dos mortos - Editora Todavia - 256 Páginas - Tradução de Olga Baginska-Shinzato - Capa: Flávia Castanheira - Ilustração de capa: Talita Hoffmann - Lançamento: 2019. A polonesa Olga Tokarczuk foi a vencedora do Man Booker International Prize versão 2018 com o romance Flights , lançado no Brasil em 2014 como Os Vagantes pela Editora Tinta Negra e, no mesmo ano (concedido em 2019), levou o Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto da obra. Como era de se esperar nesses casos, a autora, pouco conhecida em nosso país na época, recebeu grande atenção da mídia e lançamentos em tradução direta do polonês, publicados pela Editora Todavia: Sobre os ossos dos mortos (2019), A alma perdida (2020), Correntes (2021), Escrever é muito perigoso: Ensaios e conferências (2023) e  Um senhor notável (2023). Sobre os ossos dos mortos é um inusitado romance policial ambientado em uma remota região da Polônia, fronteira com a República Tcheca, onde Janina Dusheiko, engenh

Micheliny Verunschk - Caminhando com os mortos

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Micheliny Verunschk - Caminhando com os mortos - Companhia das Letras - 144 Páginas - Capa: Alceu Chiesorin Nunes - Imagem de capa: Jurema Preta visita Satanás de Stephan Doitschinoff - Lançamento: 2023. Ao descrever as consequências da intolerância religiosa,  Micheliny Verunschk, em seu mais recente romance, me faz refletir sobre o filósofo Baruch de Espinosa (1632-1677), crítico do modelo de religião na qual Deus é um ser colérico ao qual se deve prestar culto para que seja sempre benéfico, originando também intermediários e intérpretes da Sua vontade, capazes de oficiar os cultos, profetizar eventos e invocar milagres. O conceito de Espinosa de um Deus Natureza em oposição ao Deus humanizado das religiões parece ainda mais necessário principalmente em regiões do interior do Brasil, assoladas pela pobreza e ignorância. A população, sem assistência do Estado, torna-se uma  presa fácil para pastores inescrupulosos.  De fato, me ocorre uma citação de outro famoso filósofo, Blaise Pas

Han Kang - A vegetariana

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Han Kang - A vegetariana - Editora Todavia - 176 Páginas - Tradução de Jae Hyung Woo - Capa de Pedro Inoue - Lançamento no Brasil: 2018. Narrado a partir de três vozes com perspectivas totalmente diferentes, o poderoso romance da sul-coreana Han Kang, vencedor do Man Booker International Prize de 2016, que chegou a ter o seu estilo definido como kafkiano por boa parte da crítica mundial, descreve a perturbadora transformação de uma mulher comum não apenas devido à sua rejeição ao consumo de carne, mas também a todos os padrões esperados de comportamento social e familiar. Os efeitos desta lenta inadaptação e consequente desumanização, afetam não somente a protagonista, mas também os integrantes da sua família, particularmente o marido, o cunhado e a irmã mais velha, desencadeando assim uma série de eventos que irão destruir as relações familiares. Para reforçar o efeito de distanciamento e inadaptação , não é concedida pela autora uma voz narrativa para a própria protagonista, tudo o q

Haruki Murakami - Primeira pessoa do singular

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Haruki Murakami - Primeira pessoa do singular - Editora Alfaguara - 168 Páginas - Capa de Alceu Chiesorin Nunes - Imagem de capa: My Tattoo , de Lee Heinen - Lançamento: 2023. O mais recente lançamento de um dos autores prediletos da casa é uma coletânea de oito contos conduzidos por um protagonista-narrador inspirado pelo próprio Haruki Murakami e suas memórias, nem sempre verdadeiras é claro, assim como as incursões ao universo fantástico e paralelo em meio às suas obsessões com o o jazz, a música clássica, os Beatles, beisebol e a cultura pop ocidental de uma forma geral. Desta vez temos poucas referências aos gatos, presença constante em outras obras, mas em contrapartida ganhamos a participação de um macaco falante e suas reminiscências em A confissão do macaco de Shinagawa , um inusitado personagem que rouba os nomes das mulheres pelas quais se apaixona, provocando uma inconveniente perda de identidade em suas vítimas, mais Murakami do que isso é impossível. A música, como não po