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Mostrando postagens de agosto, 2020

Zélia Gattai - A Casa do Rio Vermelho

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Zélia Gattai - A Casa do Rio Vermelho - Editora Companhia das Letras - 344 Páginas - Imagem de capa: Xilogravura de Calasans Neto - Lançamento desta Edição: 2010 (Lançamento Original:1999). Talvez a menos feminista das grandes escritoras brasileiras, Zélia Gattai (1916-2008)  será eternamente lembrada como o grande amor da vida de Jorge Amado (1912-2001), com quem conviveu durante cinquenta e seis anos. Sua primeira e mais conhecida obra é Anarquistas, graças a Deus que começou a escrever aos 63 anos, dando início a um estilo memorialista que não abandonou mais, totalizando nove livros de memórias, entre eles A Casa do Rio Vermelho , lançado originalmente em 1999, que tem como início a decisão do casal de se mudar do Rio de Janeiro para a Bahia nos anos 1960. Em Salvador, bairro do Rio Vermelho, Rua Alagoinhas número 33, Zélia Gattai e Jorge Amado compraram uma casa, situada no topo de uma ladeira, que se transformou em um ponto de encontro de intelectuais, escritores, artistas e as m

Daniel Belmonte - Laura é um nome falso para alguém que eu amei de verdade

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Daniel Belmonte - Laura é um nome falso para alguém que eu amei de verdade - Editora Patuá - 140 Pág. - Capa, projeto gráfico e diagramação de Alessandro Romio - Lançamento: 2020. Um romance sobre amor e relacionamentos pode ser uma armadilha para qualquer autor, um verdadeiro desafio que exige novas fórmulas para escrever sobre um tema tão recorrente na literatura, de Shakespeare a Bukowski. Daniel Belmonte nos apresenta em seu romance de estreia uma proposta original ao  buscar a virtude da simplicidade com uma linguagem coloquial e uma estrutura narrativa fragmentada em forma de diário, crônicas e diálogos, assumindo um tom autobiográfico,  como sugerido no criativo título do livro  e, principalmente, a coragem de expor os próprios sentimentos, gerando indentificação no leitor. A verdade é que sempre existe uma forma diferente de escrever sobre um mesmo assunto, principalmente se considerarmos as características de cada época e, certamente, a paixão continua sendo uma necessária e c

Luiz Eduardo de Carvalho - Quadrilha

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Luiz Eduardo de Carvalho - Quadrilha - Editora Patuá - 260 Pág. - Ilustração, Projeto gráfico e Diagramação de Leonardo Mathias - Lançamento: 2020. Neste seu mais recente lançamento, depois do criativo romance epistolar  Xadrez (Editora Patuá, 2019), no qual dois jogadores-personagens trocam cartas com lances de uma partida que dura seis anos, cobrindo o período coincidente com o final dos governos militares e o início da transição para a abertura política no Brasil, Luiz Eduardo de Carvalho apresenta desta vez um romance de formato mais tradicional, contudo também com um contexto histórico e algumas peculiaridades narrativas. A cidade de São Paulo e suas transformações ao longo do tempo, assume um papel de protagonismo neste livro, desde a expansão da cafeicultura na segunda metade do século XIX, passando pela chegada dos imigrantes e a fase de industrialização e crescimento econômico no século XX, até a confusa situação atual, época de estagnação e indefinição política. Todas essas

Alberto Bresciani - Hidroavião

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Alberto Bresciani - Hidroavião - Editora Patuá - 152 Páginas - Projeto gráfico e diagramação: Alessandro Romio - Capa: Mariana Castro e Filipe Bresciani - Prefácio por Adriane Garcia e Posfácio por Cinthia Kriemler - Lançamento: 2020. Depois do excelente Fundamentos de ventilação e apneia , Alberto Bresciani consolida o seu nome no cenário da poesia brasileira contemporânea, lançando mais uma vez uma antologia com duas particularidades, um curioso título e um conceito bem definido.  Hidroavião é   dividido em três partes: Água , Terra e Ar , nos conduzindo por uma viagem onde sonho e realidade se confundem na rotina da nossa própria existência, como bem destacado pela também poeta Adriane Garcia em seu prefácio: "Exausto da luta diária de subir e descer a montanha, levando novamente a pedra, o poeta possui uma nave (poesia) incomum, com uma espécie de flutuador no casco. Do alto, a visão panorâmica permite que observe e registre os passos daqueles que o cercam – ou melhor – que

Adriano de Paula Rabelo - Ouriço: senso incomum

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Adriano de Paula Rabelo - Ouriço: senso incomum - Editora Aglaia - 152 Páginas - Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica de Pablo do Prado e Arnaldo Pires Bessa - Lançamento: 2019 Embora a publicação de coletâneas de máximas ou aforismos não seja uma prática comum no nosso mercado editorial, a literatura está cheia de exemplos de autores que se tornaram grandes frasistas, desafiando o senso comum com exercícios de inteligência, ironia e bom humor. Desde Jean de La Bruyère (1645-1696) e  Oscar Wilde (1854-1900) até Umberto Eco (1932-2016), são muitos os escritores que marcaram o pensamento da sua época.  O Brasil está bem representado nesta área com autores como Nelson Rodrigues (1912-1980), Otto Lara Resende (1922-1992) e  Millôr Fernandes (1923-2012), essa saudosa tríade sagrada da inteligência nacional. A jovem editora Aglaia aposta na força dos aforismos de Adriano de Paula Rabelo que, segundo a apresentação de Mario P. Zerbetto, Doutor em História pela USP, era, durante

William Shakespeare - A tragédia de HAMLET, príncipe da Dinamarca

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William Shakespeare - A tragédia de HAMLET, príncipe da Dinamarca - Tradução de Leonardo Afonso - Edito ra Chiado - 2 44 Páginas - Coleção Bastidor - Composição gráfica de Rui Revez - Capa de Isa Afonso - Lançamento: Abril, 2020.   O legado do poeta, dramaturgo e ator inglês William Shakespeare (1564-1616)  é fundamental não apenas para as artes e a  literatura inglesa, mas representa também uma grande influência para a cultura mundial, encenado e publicado em vários idiomas, está sempre originando novas adaptações para o teatro, cinema ou referências em diversas áreas da atividade humana, inclusive na psicanálise.  S egundo o renomado crítico Harold Bloom (1930-2019), um dos seguidores da "bardolatria", mais  do que uma força da natureza, o mestre William Shakespeare é a própria natureza:  "Em Shakespeare, não temos um sábio, nem um crente, mas uma consciência tão vasta que não tem, em absoluto, concorrente: seja em Cervantes ou Montaigne, em Freud ou Wittgenstein. Aque

Ney Anderson - O espetáculo da ausência

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Ney Anderson - O espetáculo da ausência - Editora Patuá - 176 Páginas - Ilustração, Projeto gráfico e Diagramação: Leonardo Mathias - Lançamento: 2020. Esta antologia de contos, livro de estreia do escritor, jornalista e crítico literário Ney Anderson, vem com um invejável e duplo certificado de qualidade: uma elogiosa apresentação de Raimundo Carrero, assim como um prefácio de Luiz Antonio de Assis Brasil, dois dos mais conhecidos e renomados escritores e mestres de escrita criativa em oficinas literárias no nosso país. Neste livro, o Recife é apresentado como uma cidade sombria e chuvosa, cenário de histórias no gênero fantástico onde os personagens sofrem com a violência urbana e o próprio vazio existencial em um constante espetáculo da ausência no qual a vida se transforma às vezes. Um corpo de mulher boiando no rio Capibaribe ou a misteriosa morte de um escritor que havia deixado um romance inédito em estilo hiper-realista, são exemplos de conexões entre os contos sutilmente deixa