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Mostrando postagens de abril, 2022

Sandra Godinho - A morte é a promessa de algum fim

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Sandra Godinho - A morte é a promessa de algum fim - Editora Penalux - 250 Páginas Capa e Diagramação de Guilherme Peres - Lançamento: 2021. O mais recente lançamento de Sandra Godinho é um romance histórico muito peculiar e que tem como ponto de partida a pandemia de Covid-19 em Manaus, como bem sabemos uma das regiões onde a ação do vírus foi mais cruel e devastadora. Messias Machado é um empresário que enriqueceu às custas de uma moral extremamente flexível e negócios ilícitos, sempre apoiado por suas relações de poder com políticos corruptos. Após ser contaminado, devido à própria negligência, transmite o vírus para o filho único de oito anos de idade que não resiste às consequências. Ainda sob o efeito desta tragédia, descobre a traição da esposa e a mata. A floresta amazônica, assim como o Casarão, localizado às margens do Rio Negro, chamado de Ruínas de Paricatuba e  construído no século  XIX , formam o cenário onde Messias Machado, agora um fugitivo da justiça e de si mesmo, bu

Débora Ferraz - Ogivas

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Débora Ferraz - Ogivas - Editora Caos & Letras - 196 Páginas - Projeto Gráfico: Cristiano Silva Capa: Eduardo Sabino - Lançamento: 2022. A ambiguidade no título desta mais recente antologia de contos de Débora Ferraz desperta a curiosidade do leitor. Afinal, trata-se de referência às estuturas formadas por dois arcos que se cortam em ângulo, chamadas também de arcos ogivais, tão comuns na arquitetura gótica que revolucionou a história da arte ou trata-se de referência às temidas ogivas nucleares, presentes nos mísseis de longo alcance? Depois de ler as narrativas curtas e afiadas da autora não me resta dúvida de que a intenção aqui é de que a arte, na forma leve de construção literária dos contos, possa ser também uma arma demolidora contra o preconceito e a violência cotidianas. E Débora Ferraz, que já foi vencedora dos  Prêmios Sesc e São Paulo de Literatura,  prepara as suas bombas como uma "exímia terrorista literária" na ótima definição do escritor Bruno Ribeiro na o

Cesare Pavese - Trabalhar cansa

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Cesare Pavese - Trabalhar cansa - Editora Companhia das Letras - 384 Páginas - Tradução e introdução de Maurício Santana Dias - Capa de Victor Burton - Lançamento: 2022. Um importante relançamento da Companhia das Letras que adquiriu parte do acervo da saudosa Editora Cosac Naify, incluindo esta obra que havia sido publicada no Brasil em 2009 como parte da Coleção Ás de Colete, com destaque para a primorosa tradução de  Maurício Santana Dias,  resultado de sua tese de doutorado: "Lavorare stanca: o projeto impossível de Cesare Pavese" , apresentada à Universidade de São Paulo em 2002. Nesta edição bilíngue, foi preservada também a detalhada introdução do tradutor:  "A oficina irritada de Cesare Pavese" que explica o contexto de criação dos poemas, assim como o processo de tradução. Os poemas desta antologia, livro de estreia de Cesare Pavese, lançado originalmente em 1936 e publicado em sua forma definitiva sete anos depois, foram criados no período de 1930 a 1940,

Yukio Mishima - Confissões de uma máscara

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Yukio Mishima - Confissões de uma máscara - Editora Companhia das Letras - 200 Páginas - Tradução do japonês de Jaqueline Nabeta - Capa de Silvia Ribeiro - Lançamento: 2021. Yukio Mishima (1925-1970) levou ao limite a relação entre literatura e realidade, tendo cometido o suicídio ritual dos samurais, seppuku , conhecido vulgarmente no ocidente como harakiri em uma cerimônia completa que foi concluída com a sua decapitação por um assistente. Ele é considerado, juntamente com Yasunari Kawabata (prêmio Nobel de 1968) e Junichiro Tanizaki, um dos grandes nomes da literatura japonesa moderna. O primeiro sucesso de Yukio Mishima foi Confissões de uma máscara , lançado em 1949, romance de teor autobiográfico no qual um jovem homossexual tenta se convencer de que pode mudar as suas opções sexuais e a própria essência para atender aos padrões de comportamento da rígida sociedade japonesa. Narrado em primeira pessoa, este torturado romance de formação está inserido no contexto de uma nação domi

Philip Roth - Por que escrever?

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Philip Roth - Por que escrever? Conversas e ensaios sobre literatura (1960-2013) - Editora Companhia das Letras - 568 páginas - Tradução de Jorio Dauster - Lançamento: 2022. Ninguém melhor do que o próprio Philip Roth (1933-2018) para definir logo no prefácio a intenção e abrangência deste livro, último volume de sua obra completa publicado pela Library of America: "Aqui estou, tendo saído de detrás do biombo de disfarces, invenções e artifícios do romance. Aqui estou, sem recurso a truques de prestidigitação e desprovido de todas aquelas máscaras que proporcionaram a grande liberdade de imaginação da qual fui capaz de desfrutar como escritor de ficção" . De fato, é uma rara oportunidade para conhecermos as motivações e os bastidores do processo criativo de um dos maiores autores norte-americanos na elaboração de seus romances, assim como a sua visão sobre a literatura nos séculos XX e XXI. O livro é formado por uma compilação de mais de 30 ensaios, conferências e entrevistas

Muriel Barbery - Uma rosa só

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Muriel Barbery - Uma rosa só - Editora Companhia das Letras - 176 Páginas - Tradução de Rosa Freire d'Aguiar - Capa de Kiko Farkas e Gabriela Gennari / Máquina Estúdio - Lançamento: 2022. Os milhões de leitores e leitoras em todo o mundo que se encantaram com o romance  A elegância do ouriço de Muriel Barbery não irão se decepcionar com este seu mais recente lançamento, apesar de serem livros bem diferentes, diga-se de passagem. Uma rosa só é o resultado da experiência adquirida pela autora após uma residência de dois anos em Kyoto que foi a capital do Japão de 794 à 1868, e pode ser considerada uma das protagonistas mais importantes do livro que conta com descrições detalhadas dos templos budistas e seus jardins, casas de chá e culinária japonesa, costumes locais, assim como as belezas naturais da cidade.  O romance tem como base a viagem da botânica Rose a Kyoto, onde ela aguarda a leitura do testamento de seu pai, Haru, um marchand de arte japonesa contemporânea que ela nunca