Postagens

Mostrando postagens de junho, 2023

Isabor Quintiere - Rituália

Imagem
Isabor Quintiere - Rituália - Editora Caos & Letras - 144 Páginas - Arte de Capa: Eduardo Sabino - Diagramação e Ilustração: Cristiano Silva - Lançamento: 2023. Os contos de Isabor Quintiere apresentam um estilo próprio com base em influências da literatura fantástica, do realismo mágico e até mesmo da ficção científica, porém não se enquadrando em nenhuma dessas categorias. Talvez a referência mais próxima para entender o trabalho da autora seja a escola literária argentina do fantástico, consagrada por Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares, Julio Cortázar,  Silvina Ocampo e, mais recentemente, Samanta Schweblin. De qualquer forma, além do estilo, o leitor encontrará em Rituália uma característica que une a obra de todos esses autores, a busca pela representação daquela coisa que existe dentro de nós e que não tem nome mas, como já dizia José Saramago, é o que verdadeiramente somos. Uma característica marcante de Isabor Quintiere é a de construir mundos paralelos ao nosso cotidi

Wilson Gorj - A inevitável fraqueza da carne

Imagem
Wilson Gorj - A inevitável fraqueza da carne - Editora Penalux - 162 Páginas - Concepção de capa e preparação: Dáblio Jotta - Lançamento: 2023. Winson Gorj faz a sua estreia no gênero romance após três livros dedicados à microficção ou minicontos e à poesia minimalista. O título é uma referência proposital à obra de Milan Kundera, A insustentável leveza do ser , contudo não há outras similaridades com a narrativa filosófica kunderiana, trata-se mais de uma referência bem-humorada à trama do próprio romance, escrito em um estilo despretensioso, caracterizado por diálogos breves e reviravoltas na trama. Logo, apesar de lidar com temas complexos como amadurecimento e infidelidade, A inevitável fraqueza da carne é um romance leve que prende a atenção do leitor do início ao final. Carlos leva uma vida estabilizada como sócio de um escritório de contabilidade e mantém um casamento de quatro anos com Luísa, incluindo planos para filhos em breve. Porém, ele não sabe que tudo está para mudar r

Kátia Bandeira de Mello - A patafísica do quadrado

Imagem
Kátia Bandeira de Mello - A patafísica do quadrado: um romance na rota das galochas - Editora Confraria do Vento - 396 Páginas - Imagens de capa e miolo: Kátia Bandeira de Mello - Lançamento: 2022. O surrealismo na literatura ficou marcado pela fase inicial compreendida entre 1919 e 1925 na França, destacando: Louis Aragon, André Breton, Paul Éluard, Benjamin Pet e Philippe Soupalt, autores que tinham a intenção de exprimir o inconsciente do homem que se revela no sonho, nas associações de ideias, nas liberdades de linguagem e em particulares condições psíquicas, quer naturais quer induzidas artificialmente. No entanto, pouco se fala em um dos maiores influenciadores do movimento, o excêntrico Alfred Jarry (1873-1907), poeta, romancista e dramaturgo francês, mais conhecido por sua peça Ubu Rei (1896), criador da patafísica, a ciência das soluções imaginárias e das leis que regulam as exceções, com base no humor irônico e nonsense , transformando o real em absurdo. O romance mais recen

Márcia Barbieri - [Tempo de cão]

Imagem
Márcia Barbieri - [Tempo de cão] - Editora Reformatório - 220 Páginas - Design e editoração eletrônica: Karina Tenório - Ilustrações: Ivan Sitta - Lançamento: 2022. O mais recente romance de Márcia Barbieri apresenta diferentes vozes narrativas em primeira pessoa, alternando monólogos em um exercício literário que só encontro similaridade nas obras de Samuel Beckett e László Krasznahorkai. Um dos personagens principais, Menino, retorna ao povoado natal dizimado pela varíola do macaco e tem a função de enterrar os corpos, auxiliado por Sombra e Barnabás, apesar de não se definir como um coveiro: "Entre tantos eu fora o nomeado. Era preciso levantar as mãos aos céus e agradecer por isso. Eu preparava os mortos para que se assemelhassem aos vivos. Mesmo não acreditando na inocência dos vivos." Menino é atormentado pela ausência do pai na sua formação e a dificuldade de construir afetos: "Afetos não passam de ilusões do nosso cérebro para suportar a dor da existência.&quo