Guillaume Apollinaire

Poesia francesa
Guillaume Apollinaire (1880-1918), nascido na  Itália, filho de mãe polonesa e pai desconhecido, se tornou um dos maiores nomes da vanguarda artística francesa do início do século XX quando conviveu com Pablo Picasso, Georges Braque e Modigliani.  A imagem desta postagem é de uma tela do pintor francês Maurice de Vlaminck. Em 1914 Apollinaire lutou pela França na Primeira Guerra Mundial e foi gravemente ferido, mas acabou vindo a falecer de gripe espanhola em 1918 com apenas trinta e  oito anos. Nas palavras de André Beton em Colloques, 1952: "não contente com apoiar as mais audazes iniciativas artísticas do seu tempo, experimentou também a necessidade de integrar-se nelas, de por ao seu serviço tudo o que tinha à sua disposição, alta ciência, ardor... irradiação".

Autor de Alcools (1913) e Calligrammes (1914) é conhecido como um dos maiores precursores do movimento surrealista, inovando pela ausência de pontuação em sua poesia e também pelos poemas gráficos. Escolhi para esta postagem um poema mais clássico, "A Ponte de Mirabeau", com tradução de Ferreira Gullar.

Le Pont Mirabeau
(Guillaume Apollinaire)

Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Et nos amours
Faut-il qu’il m’en souvienne
La joie venait toujours après la peine

Vienne la nuit sonne l’heure
Les jours s’en vont je demeure

Les mains dans les mains restons face à face
Tandis que sous
Le pont de nos bras passe
Des éternels regards l’onde si lasse

Vienne la nuit sonne l’heure
Les jours s’en vont je demeure

L’amour s’en va comme cette eau courante
L’amour s’en va
Comme la vie est lente
Et comme l’Espérance est violente

Vienne la nuit sonne l’heure
Les jours s’en vont je demeure

Passent les jours et passent les semaines
Ni temps passé
Ni les amours reviennent
Sous le pont Mirabeau coule la Seine

Vienne la nuit sonne l’heure
Les jours s’en vont je demeure

 A Ponte de Mirabeau
(Tradução de Ferreira Gullar)

Sob a ponte Mirabeau desliza o Sena
E os nossos amores
É bom lembrar, vale a pena,
Que a alegria sucede aos dissabores

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

As mãos nas mãos estamos face a face
Enquanto passa
Sob a ponte de nossos braços
A onda lenta de um eterno cansaço

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

O amor se vai como esta água barrenta
O amor se vai
Como a vida é lenta
E como a esperança é violenta

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

Passam-se os dias passam-se as semanas
Nada do que passou
volta de novo à cena
Sob a ponte Mirabeau desliza o Sena

A noite vem passo a passo
Os dias se vão eu não passo

Comentários

M. disse…
Li o Acools...Muito bom. tenho grande respeito e admiração pela literatura francesa. Alguns dos meus autores preferidos são franceses.
Sueli Maia (Mai) disse…
É belíssima sua obra e esta tradução.

beijos
nostodoslemos disse…
Kovacs,
Obrigada por presentear-nos com poesia. Maravilhoso o autor e com tradução de Ferreira Gullar :) quase perfeito.
Tenha uma semana maravihosa!
Luan Crespo disse…
Nossa,

Que engraçado, uma amiga cantora me mostrou a música do ator e cantor Marc Lavoine não sabia dizer de quem era a poesia! A tradução de Ferreira Gullar é fantástica, mantendo o ritmo e buscando uma musicalidade forte como a original, das palavras em francês. Recomendo também a versão musicada de Marc Lavoine.
Alexandre Kovacs disse…
M., a literatura não seria a mesma sem a França e o século XIX.
Alexandre Kovacs disse…
Mai, seja bem-vinda por aqui e obrigado pelo comentário!
Alexandre Kovacs disse…
Lígia, que bom fico feliz que tenha gostado e desejo uma ótima semana para você também.
Alexandre Kovacs disse…
Luan, na verdade eu estava para postar uma outra tradução que tenho de uma antologia de posia francesa, mas esta do Ferreira Gullar é mesmo ótima, coisa de poeta! Vou procurar a versão do Marc Lavoine que você comentou.
Anônimo disse…
Kovacs, ele também foi um excelente crítico de arte. è leitura obrigatória -- sua crítica -- nos cursos de formação de historiadores da arte. Excelente lembrança. Um abraço, Ladyce
Alexandre Kovacs disse…
peregrina, realmente ele foi um personagem de destaque na agitada cena cultural francesa do início do século XX. Obrigado pelo comentário.

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