Jonathan Shaw - Scab Vendor
Jonathan Shaw - Scab Vendor: Confessions of a Tattoo Artist - 488 Páginas - Turner Publishing Company - Lançamento: 21/03/2017 (inédito no Brasil).
O multitalentoso artista e escritor Jonathan Shaw é um ícone da cultura underground norte-americana, filho do lendário clarinetista e bandleader Artie Shaw e da estrela de cinema Doris Dowling, ficou mundialmente famoso por ter sido o fundador e proprietário do Fun City Tattoo Studio em Nova York e editor da pioneira revista International Tattoo Art Magazine, tornando-se amigo de artistas e músicos famosos como: Johnny Depp, Dee Dee Ramone, Johnny Winter, Iggy Pop e Max Cavalera, para citar somente alguns. Uma prova de sua influência no meio artístico é o privilégio de ter uma ilustração de Robert Crump na capa de seu livro. No entanto, apesar de ter alcançado tamanho reconhecimento e popularidade na carreira de tatuador, abandonou tudo para se dedicar à atividade de escritor em tempo integral e acumular experiência em viagens com sua motocicleta pela América do Sul, tendo inclusive morado no Rio de Janeiro.
A vida de Jonathan Shaw é portanto rica em experiências e também uma prova de sobrevivência ao seu passado de "sexo drogas e Rock'n Roll", certamente um mundo que nem sempre tem o glamour dos filmes e revistas, principalmente quando se é cobrado o preço pelos excessos com o álcool e drogas pesadas como a heroína. Por sinal, o drama do autor como viciado, herança de uma "maldição familiar" que iniciou com o alcoolismo do avô materno e da própria mãe, é uma parte marcante deste romance biográfico. A infância em Los Angeles, sempre negligenciado pela mãe, envolvida na maior parte do tempo com problemas com a bebida e relacionamentos difíceis, não poderia levar a outro resultado diferente do que uma adolescência rebelde, em plena época do florescimento da contracultura, drogas e amor livre. Uma década única em termos de expressão artística, em que se ouvia Jimi Hendrix e Jim Morrison no rádio e havia esperança de uma sociedade alternativa, mas que terminou de forma trágica com a prisão de Charles Manson, acusado de seis assassinatos, inclusive da atriz Sharon Tate grávida, na mesma California que presenciou o nascimento do movimento "Flower Power".
No livro fica claro que Jonathan Shaw sempre se posicionou mais como um "punk" do que "hippie", desconfiando da ingenuidade do movimento que afinal foi assimilado e digerido pelo próprio sistema econômico que contestava. De qualquer forma, toda a agitação cultural da época está presente no livro que tem início em Vera Cruz no México, um hotel de "beira de cais" onde o cigano Jonathan Shaw, um homem então já na meia-idade, tenta lembrar os eventos do seu passado, uma espécie de terapia na qual ele precisa enfrentar os seus próprios fantasmas. Nesta viagem interior ele pesquisa a sua ascendência materna e paterna para tentar descobrir as origens da maldição que leva ao vício. Uma série de vozes narrativas diferentes, em primeira e terceira pessoa, fazem do romance um belo exercício de criação literária, passagens da vida do avô alcoólatra, por exemplo, são descritas por textos escritos por um suposto tio do autor, Robert Smith, mas não sabemos a exata relação entre ficção e realidade.
O multitalentoso artista e escritor Jonathan Shaw é um ícone da cultura underground norte-americana, filho do lendário clarinetista e bandleader Artie Shaw e da estrela de cinema Doris Dowling, ficou mundialmente famoso por ter sido o fundador e proprietário do Fun City Tattoo Studio em Nova York e editor da pioneira revista International Tattoo Art Magazine, tornando-se amigo de artistas e músicos famosos como: Johnny Depp, Dee Dee Ramone, Johnny Winter, Iggy Pop e Max Cavalera, para citar somente alguns. Uma prova de sua influência no meio artístico é o privilégio de ter uma ilustração de Robert Crump na capa de seu livro. No entanto, apesar de ter alcançado tamanho reconhecimento e popularidade na carreira de tatuador, abandonou tudo para se dedicar à atividade de escritor em tempo integral e acumular experiência em viagens com sua motocicleta pela América do Sul, tendo inclusive morado no Rio de Janeiro.
A vida de Jonathan Shaw é portanto rica em experiências e também uma prova de sobrevivência ao seu passado de "sexo drogas e Rock'n Roll", certamente um mundo que nem sempre tem o glamour dos filmes e revistas, principalmente quando se é cobrado o preço pelos excessos com o álcool e drogas pesadas como a heroína. Por sinal, o drama do autor como viciado, herança de uma "maldição familiar" que iniciou com o alcoolismo do avô materno e da própria mãe, é uma parte marcante deste romance biográfico. A infância em Los Angeles, sempre negligenciado pela mãe, envolvida na maior parte do tempo com problemas com a bebida e relacionamentos difíceis, não poderia levar a outro resultado diferente do que uma adolescência rebelde, em plena época do florescimento da contracultura, drogas e amor livre. Uma década única em termos de expressão artística, em que se ouvia Jimi Hendrix e Jim Morrison no rádio e havia esperança de uma sociedade alternativa, mas que terminou de forma trágica com a prisão de Charles Manson, acusado de seis assassinatos, inclusive da atriz Sharon Tate grávida, na mesma California que presenciou o nascimento do movimento "Flower Power".
No livro fica claro que Jonathan Shaw sempre se posicionou mais como um "punk" do que "hippie", desconfiando da ingenuidade do movimento que afinal foi assimilado e digerido pelo próprio sistema econômico que contestava. De qualquer forma, toda a agitação cultural da época está presente no livro que tem início em Vera Cruz no México, um hotel de "beira de cais" onde o cigano Jonathan Shaw, um homem então já na meia-idade, tenta lembrar os eventos do seu passado, uma espécie de terapia na qual ele precisa enfrentar os seus próprios fantasmas. Nesta viagem interior ele pesquisa a sua ascendência materna e paterna para tentar descobrir as origens da maldição que leva ao vício. Uma série de vozes narrativas diferentes, em primeira e terceira pessoa, fazem do romance um belo exercício de criação literária, passagens da vida do avô alcoólatra, por exemplo, são descritas por textos escritos por um suposto tio do autor, Robert Smith, mas não sabemos a exata relação entre ficção e realidade.
"In those streets and alleys of the port, the streets around South Street, down by the river, the sleeping ships, the small melancholy light of neon from a bar in the distance, rats and warehouses and an empty street where a solitary bum rolls along. That´s what my mother always called him, 'a dirty drunken bum'. And in the end he was. That was his neighborhood, and whatever friends he had, that´s where he could be found. I tried to locate him there not long ago. I asked around in places where he was known. From the way he was living, and from the things said, or not said, I know my father is dead. I´ll never know how it happened or where. The district around the docks, I guess, is as close as I´ll ever get." - Down by the river - by Robert Smith (Pág. 187)É claro que a personalidade polêmica de Jonathan Shaw e sua tumultuada vida de cigano, podem originar algum tipo de preconceito do público sobre o seu valor como escritor, nada mais injusto. Assim como Charles Bukowski e Jack Kerouac, que também foram contestados em suas devidas épocas por comportamentos pouco ortodoxos (para dizer o mínimo), Shaw sabe como poucos autores contemporâneos mostrar a essência do homem, esmagado por uma sociedade que tenta padronizar e vender um "sonho" que não pode ser igual para todos. Vale destacar que o autor conviveu com Bukowski quando ele ainda não era tão famoso e escrevia uma pequena coluna em um jornal local. O encontro dos dois é uma das passagens divertidas do livro que cobre o período da infância, adolescência e juventude de Jonathan Shaw, até o início dos anos 1970, apenas o começo da sua longa jornada. De acordo com definição de Iggy Pop, ele é "o grande anti-herói, pesadelo da nova era". Uma vida como poucas, um ótimo livro, recomendo para as editoras locais interessadas no lançamento no Brasil.
"One fine night, a guy named Iggy Pop was playing in this hole-in-the-wall club called Rodney´s on the Sunset Strip. I´d never heard of him, but Ellen said we 'had' to go to this show, so off we went, me and her and Paul. The place was a cramped dark little hovel. People were crowding around a stage the size of a tampon waiting for the show to start when all of a sudden this wild-eyed bleached-blond scarecrow came lunging out of the darkness screaming into a microphone. Holding a big deadly-looking knife in his other hand, he started cutting himself up and rubbing blood all over everyone!" - "Forgotten Boy" (Pág. 317)
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