Cadernos de Lanzarote - José Saramago

Literatura portuguesa
Editora Companhia das Letras, 672 páginas, lançamento 21/02/1997.

Reúne os diários de José Saramago (1922-2010) escritos no período de 1993 a 1995 na ilha de Lanzarote, arquipélago das Canárias onde ele vivia com sua mulher Pilar. Apesar de não ser uma obra do nível literário de "O evangelho segundo Jesus Cristo" ou "Ensaio sobre a cegueira" achei oportuno comentá-la por tratar-se de registros do cotidiano, ou seja idéia similar a de um BLOG.

Escrever um diário não é uma tarefa simples. Há que se ter algo de importante ou inteligente para dizer, o que sem dúvida é fácil para Saramago. O que se espera de tal empreitada é, no mínimo, a descrição de uma sequência de incidentes de algum interesse, seja pela originalidade da narrativa ou dos eventos descritos. Ora, nem sempre dispomos de assuntos tão interessantes em nosso pobre cotidiano. Precisamos torcer e retorcer os fatos com muita energia para extrair um pouco de drama ou humor de nossas vidas. Esticar os limites de nossa experiência pessoal até onde os mesmos possam ainda ser considerados verídicos.

A melhor definição de diário é do próprio Saramago neste livro:

"Por muito que se diga, um diário não é um confessionário, um diário não passa de um modo incipiente de fazer ficção. Talvez pudesse chegar mesmo a ser um romance se a função da sua única personagem não fosse a de encobrir a pessoa do autor, servir-lhe de disfarce, de parapeito. Tanto no que declara como no que reserva, só aparentemente é que ela coincide com ele. De um diário se pode dizer que a parte protege o todo, o simples oculta o complexo. O rosto mostrado pergunta dissimuladamente: Sabeis quem sou?, e não só não espera resposta, como não está a pensar em dá-la."

Comentários

Anônimo disse…
Aaaaeeeeeee.... Vou fazer um comentário!!!! :-)
Kovacs, obrigada pela dica!!!! Estou adorando "O Evangelho segundo Jesus Cristo".... fiquei entusiasmada, quero ler os outros!!!! :-)

Bjosssssssss
Fabi
Alexandre Kovacs disse…
Fabiane,

A melhor coisa sobre gostar de Saramago é que existem vários outros bons livros:
"O ano da morte de Ricardo Reis", "História do cerco de Lisboa", "Ensaio sobre a cegueira", "As intermitências da morte" etc.
Não é para menos que ele é o único prêmio Nobel de Literatura em língua portuguesa até hoje...
Barros (RBA) disse…
Suas idéias são originais e a maneira com que desenvolve os temas são extremamente brilhantes. Mas não gosto daquela prolixidade toda, com a mania de longos parágrafos. A impressão que tive na primeira leitura era de que fazia isso para marcar uma posição diferente, mas depois de conhecê-lo melhor, passei a achar que é um problema de soberba. Agora acho que é assim, porque é Português mesmo (ôps! é só uma piadinha.)
Márcia Nogueira disse…
Devo discordar de meu amigo Roberto aí em cima...heheheheh...
Saramago não é prolixo e não só apenas os temas extremamente brilhantes. O brihante é justamente como ele faz de um tema simples e aparentemente desinteressante um fato realmente relevante em sentidos e detalhes. Sobre sua forma de escrever... sim... essa é realmente brilhante!
Já leu Objecto Quase? Vai entender direitinho o que eu digo... uma cadeira, um cupim, um ditador...

Kovac, Ensaio sobre a Cegueira é, na minha opinião, incomparável!
Alexandre Kovacs disse…
Márcia, também discordo radicalmente do Roberto (como ele bem sabe).

De José Saramago gosto muito de "Ensaio sobre a Cegueira", "Evangelho segundo Jesus Cristo", "Memorial do Covento" e "Cerco de Lisboa".

"Objecto quase" ainda não tive o prazer.
Anônimo disse…
intiresno muito, obrigado
nostodoslemos disse…
Tudo me é lícito mas nem tudo me contém;
quero muito adquirir
este caderno;

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