Javier Marías - Os enamoramentos
Javier Marías - Os enamoramentos - Editora Companhia das Letras - 344 páginas -
Lançamento 11/09/2012 - Tradução de Eduardo Brandão (ler aqui um trecho no site da editora).
O celebrado autor espanhol Javier Marías já escreveu mais de trinta livros entre romances, contos e ensaios traduzidos para 40 idiomas e 6 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Ele também publica artigos com regularidade para o jornal El País e mantém atualizado o seu blog e conta de twitter. Enfim, é um daqueles casos raros de escritores que conseguem atingir um bom nível de popularidade associada à qualidade literária. Este seu último romance, por exemplo, mais uma vez foi fenômeno de vendas na Europa e sucesso de crítica em 2011.
Apesar do título e da bela capa induzirem no leitor a expectativa de uma história de amor clássica, a coisa não se passa bem assim ao longo desta curiosa história sobre perdas, impunidade e as consequências dos atos provocados pela paixão na vida das pessoas. A narrativa é conduzida em primeira pessoa através da protagonista María Dolz, que trabalha em uma editora de Madri. Ela presencia, durante anos, todas as manhãs durante o café, um casal que demonstra uma relação praticamente perfeita, tanto em termos de entrosamento quanto de carinho: o empresário Miguel Desvern e sua esposa Luisa. Estes rápidos momentos em que presencia o relacionamento do casal, sem nunca se aproximar ou fazer qualquer contato, marcam um evento aguardado na vida da solitária e sonhadora María Dolz, uma prática que se torna uma espécie de preparação para o seu dia de trabalho.
O casal, sempre envolvido em uma utópica nuvem de felicidade, parece estar imune à qualquer fato ruim da vida, mas não é o que acontece quando Miguel Desvern é violentamente assassinado por um flanelinha mentalmente perturbado (esta "profissão" também existe na Espanha, vejam só), sem nenhum motivo aparente. María se aproxima da viúva e do melhor amigo do casal e acaba descobrindo os verdadeiros fatos que antecederam e provocaram a tragédia. À medida que avançamos no livro, descobrimos como o comportamento dos personagens pode ser influenciado pelos bons sentimentos originados pela paixão (enamoramentos), mas também como podem facilmente se transformar em sentimentos mesquinhos como o egoísmo e ódio.
Javier Marías, com sua prosa elegante, consegue um resultado excepcional e de total credibilidade ao conduzir a narrativa na voz feminina. As digressões do autor sobre o impacto da perda dos entes queridos na existência dos que devem continuar e o conceito relativo de impunidade, principalmente na atualidade, são muito oportunas. Uma outra ferramenta, verdadeiramente mágica, é a citação de obras literárias complementando e explicando o comportamento dos personagens e da própria história, como por exemplo, Os três mosqueteiros de Dumas ou O coronel Chabert de Balzac. Um livro imperdível.
Ler aqui o artigo do próprio autor no jornal El País na ocasião do lançamento deste romance na Espanha (melhor do que qualquer resenha).
Apesar do título e da bela capa induzirem no leitor a expectativa de uma história de amor clássica, a coisa não se passa bem assim ao longo desta curiosa história sobre perdas, impunidade e as consequências dos atos provocados pela paixão na vida das pessoas. A narrativa é conduzida em primeira pessoa através da protagonista María Dolz, que trabalha em uma editora de Madri. Ela presencia, durante anos, todas as manhãs durante o café, um casal que demonstra uma relação praticamente perfeita, tanto em termos de entrosamento quanto de carinho: o empresário Miguel Desvern e sua esposa Luisa. Estes rápidos momentos em que presencia o relacionamento do casal, sem nunca se aproximar ou fazer qualquer contato, marcam um evento aguardado na vida da solitária e sonhadora María Dolz, uma prática que se torna uma espécie de preparação para o seu dia de trabalho.
O casal, sempre envolvido em uma utópica nuvem de felicidade, parece estar imune à qualquer fato ruim da vida, mas não é o que acontece quando Miguel Desvern é violentamente assassinado por um flanelinha mentalmente perturbado (esta "profissão" também existe na Espanha, vejam só), sem nenhum motivo aparente. María se aproxima da viúva e do melhor amigo do casal e acaba descobrindo os verdadeiros fatos que antecederam e provocaram a tragédia. À medida que avançamos no livro, descobrimos como o comportamento dos personagens pode ser influenciado pelos bons sentimentos originados pela paixão (enamoramentos), mas também como podem facilmente se transformar em sentimentos mesquinhos como o egoísmo e ódio.
Javier Marías, com sua prosa elegante, consegue um resultado excepcional e de total credibilidade ao conduzir a narrativa na voz feminina. As digressões do autor sobre o impacto da perda dos entes queridos na existência dos que devem continuar e o conceito relativo de impunidade, principalmente na atualidade, são muito oportunas. Uma outra ferramenta, verdadeiramente mágica, é a citação de obras literárias complementando e explicando o comportamento dos personagens e da própria história, como por exemplo, Os três mosqueteiros de Dumas ou O coronel Chabert de Balzac. Um livro imperdível.
Ler aqui o artigo do próprio autor no jornal El País na ocasião do lançamento deste romance na Espanha (melhor do que qualquer resenha).
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