Ferreira Gullar - Em alguma parte alguma
Ferreira Gullar - Em alguma parte alguma - Editora José Olympio - 140 páginas - apresentação Alfredo Bosi e Antonio Carlos Secchin - lançamento 2010.
Como dizia o saudoso Ferreira Gullar (1930-2016) o poema tem que ser um relâmpago e isto parece continuar sendo verdade em sua obra ao constatarmos a luta dos versos na eterna perseguição do indefinível.
Gullar sabe que o poema "antes de escrito não é mais do que um aflito silêncio" e que "só o que não se sabe é poesia", ideias assim que surpreendem o leitor a todo o momento e fazem com que este último livro de poesias, "Em alguma parte alguma", seja lido de uma só vez e guardado com carinho para renovadas leituras.
Lançado no ano em que Gullar recebeu o prêmio Camões, "Em alguma parte alguma" está próximo dos seus temas mais pessoais e, por isso mesmo, universais. Quando fala do cheiro das bananas podres ou da presença silenciosa da morte, ele está falando de suas próprias experiências na rua Duvivier em Copacabana, Rio de Janeiro, mas que bem poderiam ser reflexões de qualquer habitante do planeta.
Nota: Em 30/11/2011 foi escolhido como o melhor livro do ano de FICÇÃO pela organização do Prêmio Jabuti 2011.
Como dizia o saudoso Ferreira Gullar (1930-2016) o poema tem que ser um relâmpago e isto parece continuar sendo verdade em sua obra ao constatarmos a luta dos versos na eterna perseguição do indefinível.
Gullar sabe que o poema "antes de escrito não é mais do que um aflito silêncio" e que "só o que não se sabe é poesia", ideias assim que surpreendem o leitor a todo o momento e fazem com que este último livro de poesias, "Em alguma parte alguma", seja lido de uma só vez e guardado com carinho para renovadas leituras.
Lançado no ano em que Gullar recebeu o prêmio Camões, "Em alguma parte alguma" está próximo dos seus temas mais pessoais e, por isso mesmo, universais. Quando fala do cheiro das bananas podres ou da presença silenciosa da morte, ele está falando de suas próprias experiências na rua Duvivier em Copacabana, Rio de Janeiro, mas que bem poderiam ser reflexões de qualquer habitante do planeta.
Nota: Em 30/11/2011 foi escolhido como o melhor livro do ano de FICÇÃO pela organização do Prêmio Jabuti 2011.
Reflexão Sobre o Osso da Minha Perna
(Ferreira Gullar)
A parte mais durável de mim
são os ossos
e a mais dura também
como, por exemplo, este osso
da perna
que apalpo
sob a macia cobertura
ativa
de carne e pele
que o veste e inteiro
me reveste
dos pés à cabeça
esta vestimenta
fugaz e viva
sim, este osso
a mais dura parte de mim
dura mais do que tudo o que ouço
e penso
mais do que tudo o que invento
e minto
este osso
dito perônio
é, sim,
a parte mais mineral
e obscura
de mim
já que à pele
e à carne
irrigam-nas o sonho e a loucura
têm, creio eu,
algo de transparente
e dócil
tendem a solver-se
a esvanecer-se
para deixar no pó da terra
o osso
o fóssil
futura
peça de museu
o osso
este osso
(a parte de mim
mais dura
e a que mais dura)
é a que menos sou eu?
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Comentários
engraçado tenho outro amigo que disse que este post meu de hoje lembra a Klimt!
eu gosto muito, muito de Klimt mas nem pensei nele qdo transformei um desenho meu com Photoshop!!!fico lisonjeada...e tambem amo a Ferreira Gullar, que bom que colocou ele aqui, um gde abraço!
Teu link (da postagem pena, relâmpago) não funciona.
Em tempo: lindo livro, gosto muito da forma também.