Ferreira Gullar - O poema tem que ser um relâmpago
O título desta postagem é uma declaração do brasileiro Ferreira Gullar, um dos maiores poetas em língua portuguesa, à revista Poesia Sempre da Biblioteca Nacional, publicada em 2006: "O poema tem que ser um relâmpago. Ele tem que iluminar a tua cara, bater na tua cara como uma coisa vital".
Ensaísta, autor de contos e peças teatrais, romancista, intelectual e artista plástico de vanguarda, o poeta Gullar sempre esteve um passo à frente. Em outra entrevista de 2002 para o livro Pena de Aluguel ele declara sobre a profissão de escritor: "Não é profissão, não. E talvez poesia não seja nem literatura. É uma coisa tão extemporânea, tão fora das normas que, ou a poesia é a pura literatura ou ela não é literatura. Ninguém faz literatura objetivamente, a não ser aqueles escritores americanos de best-sellers. A objetividade se refere muito mais ao artesanato, à técnica, ao domínio da linguagem. Em matéria de arte, a técnica é imprescindível mas não suficiente".
A poesia de Gullar é sempre visual como bem detalhou Annita Costa Malufe na matéria "Nas Vertigens de Gullar" publicada no Digestivo Cultural em 2004: "Que haja um predomínio plástico, visual em sua poesia, muitos já notaram, em geral associando ao interesse de Ferreira Gullar pelas artes plásticas e sua atuação na crítica de arte. Mas queria ressaltar algo para além disto. Nas imagens de Gullar não encontramos apenas belas e surpreendentes figuras, não apenas um forte apelo ao sensorial, mas sim, uma complexa operação poética capaz de nos fazer sentir o que antes era insensível. Nos fazer sentir na pele uma imagem, um som, um cheiro".
A poesia de Gullar explica melhor do que qualquer crítica literária a sua urgência. A grande dificuldade, neste caso, foi escolher alguns exemplos representativos entre tantos trabalhos, alguns de caráter histórico como o famoso "Poema Sujo" de 1975, escrito durante o exílio político. O meu critério particular de escolha foi baseado naqueles poemas que nunca me abandonaram desde a primeira leitura.
Uma voz Ensaísta, autor de contos e peças teatrais, romancista, intelectual e artista plástico de vanguarda, o poeta Gullar sempre esteve um passo à frente. Em outra entrevista de 2002 para o livro Pena de Aluguel ele declara sobre a profissão de escritor: "Não é profissão, não. E talvez poesia não seja nem literatura. É uma coisa tão extemporânea, tão fora das normas que, ou a poesia é a pura literatura ou ela não é literatura. Ninguém faz literatura objetivamente, a não ser aqueles escritores americanos de best-sellers. A objetividade se refere muito mais ao artesanato, à técnica, ao domínio da linguagem. Em matéria de arte, a técnica é imprescindível mas não suficiente".
A poesia de Gullar é sempre visual como bem detalhou Annita Costa Malufe na matéria "Nas Vertigens de Gullar" publicada no Digestivo Cultural em 2004: "Que haja um predomínio plástico, visual em sua poesia, muitos já notaram, em geral associando ao interesse de Ferreira Gullar pelas artes plásticas e sua atuação na crítica de arte. Mas queria ressaltar algo para além disto. Nas imagens de Gullar não encontramos apenas belas e surpreendentes figuras, não apenas um forte apelo ao sensorial, mas sim, uma complexa operação poética capaz de nos fazer sentir o que antes era insensível. Nos fazer sentir na pele uma imagem, um som, um cheiro".
A poesia de Gullar explica melhor do que qualquer crítica literária a sua urgência. A grande dificuldade, neste caso, foi escolher alguns exemplos representativos entre tantos trabalhos, alguns de caráter histórico como o famoso "Poema Sujo" de 1975, escrito durante o exílio político. O meu critério particular de escolha foi baseado naqueles poemas que nunca me abandonaram desde a primeira leitura.
Sua voz quando ela canta
me lembra um pássaro mas
não um pássaro cantando:
lembra um pássaro voando
Um instante
Aqui me tenho
Como não me conheço
nem me quis
sem começo
nem fim
nem fim
aqui me tenho
sem mim
sem mim
nada lembro
nem sei
nem sei
à luz presente
sou apenas um bicho
transparente
sou apenas um bicho
transparente
Cantiga para não morrer
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento
Comentários
Continue com o excelente trabalho no blog.
Adoro Ferreira Gullar.
Abraço
XXX:)
Por isso amo e respeito tanto este espaço. E não vivo sem. Parabéns mais uma vez, Kovacs.
Beijos.
parabéns !!!!!
quando ela canta
me lembra um pássaro,
mas não
um pássaro
cantando:
lembra
um pássaro
voando...”
Ferreira Gullar - Uma Voz.
Tua pena,digo, link, não funciona!