As 20 obras mais importantes da literatura francesa

Literatura francesa

Ao preparar uma lista como esta, fica evidente a importância e influência dos autores franceses na cultura ocidental e o absurdo da tentativa de selecionar apenas vinte obras, deixando de fora escritores como Guy de Maupassant, André Gide, Antoine de Saint-Exupéry, Georges Bataille e Paul Valéry, sem falar nos grandes filósofos como Jean-Jacques Rousseau, Jean-Paul Sartre, Gilles Deleuze, Michel Foucault ou nomes mais contemporâneos na própria área de literatura como Emmanuel Carrère, Patrick Modiano, Jonathan Littell e Leila Slimani. Enfim, tantos outros que precisaríamos ampliar a lista ou restringir a seleção por estilos e épocas. De qualquer forma, vale o exercício para discutir literatura e fico aberto às inevitáveis críticas sobre eventuais omissões, principalmente dos amigos franceses.

Molière (1622-1673)
(01) A Escola de Mulheres (1662) - Molière (1622-1673)

Molière libertou o teatro francês da dependência dos temas da mitologia grega ao utilizar como matéria prima para suas peças a sátira ao comportamento da sociedade da época. "Escola de Mulheres", por exemplo, tem como tema central as relações humanas no casamento e o adultério. Sinopse da Editora: "Assim, em meio a situações cômicas e/ou irônicas emergem a pretensão, a arrogância, a soberba, a mesquinhez, a ostentação, o ciúme, demonstrados com sarcasmo cultivado. Com suas comédias de costumes Molière satirizou a França de Luís XIV, os abusos da corte e a mediocridade da sociedade."
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Voltaire (1694-1778)
(02) Cândido, ou O Otimismo (1759) - Voltaire (1694-1778)

Uma crítica às regalias da nobreza e a perseguição religiosa da Santa Inquisição. Em Cândido, o protagonista segue a filosofia do fictício filósofo Pangloss que afirma que "todos os acontecimentos estão encadeados no melhor dos mundos possíveis" em uma utopia cega às avessas e um otimismo absurdo que logo pagaria o seu preço na iminente Revolução. Sinopse da Editora: "As aventuras de um jovem que percorre três continentes numa sucessão vertiginosa de desgraças, fugas e suplícios, sempre acreditando, apesar das evidências, que este é 'o melhor dos mundos possíveis'." 
Choderlos de Laclos (1741-1803)
(03) As Relações Perigosas (1782) - Choderlos de Laclos (1741-1803)

Um clássico do romance epistolar de sedução e traição no século XVIII com muitas adaptações para o cinema e TV e ainda muito atual, o que justifica totalmente o arriscado projeto gráfico da Penguin Companhia. Sinopse da Editora: "Durante alguns meses, um grupo peculiar da nobreza francesa troca cartas secretamente. No centro da intriga está o libertino visconde de Valmont, que tenta conquistar a presidenta de Tourvel, e a dissimulada marquesa de Merteuil, suposta confidente da jovem Cécile, a quem ela tenta convencer a se entregar a outro homem antes de se casar."
Stendhal (1783-1842)
(04) O Vermelho e o Negro (1830) - Stendhal (1783-1842)

Um romance histórico ambientado na época da Restauração, antes da Revolução de 1830, sobre a ambição de um jovem para vencer na vida, apesar do seu nascimento plebeu, por meio de talento, trabalho duro, engano e hipocrisia. Sinopse da Editora: "O jovem Julien Sorel, um homem infeliz em guerra com a sociedade. Seu trágico destino foi inspirado num evento real, ocorrido em Grenoble: condenado pelo assassinato de uma ex-amante, cometido no interior de uma igreja, um seminarista de 26 anos, Antoine Berthet, foi executado na guilhotina em fevereiro de 1828."
Honoré de Balzac (1799-1850)
(05) A Mulher de Trinta Anos (1842) - Honoré de Balzac (1799-1850)

Que glória maior pode haver para um autor do que se transformar em um adjetivo? É o caso da expressão "balzaquiana" que passou a qualificar mulheres com mais de trinta anos, devido à popularidade deste romance dividido em seis partes, escrito entre 1829 e 1842 como parte da obra "A comédia humana". Sinopse da Editora: "Com sua reputação de grande conhecedor do coração feminino, Balzac, que deveu sua formação às diversas mulheres mais velhas com quem se relacionou, aponta neste livro para a profundidade da alma que só pode vir da experiência." 
Alexandre Dumas (1802-1870)
(06) Os Três Mosqueteiros (1844) - Alexandre Dumas (1802-1870)

Romance histórico que se tornou um dos maiores clássicos de aventuras. Sinopse da Editora: "O jovem d’Artagnan chega praticamente sem posses a Paris, mas, depois de alguns percalços, consegue se aproximar da guarda de elite do rei Luis XIII: os mosqueteiros. Nela conhece os inseparáveis Athos, Porthos e Aramis, que passarão a ser seus companheiros de aventuras. Juntos, os quatro enfrentam combates e perigos a serviço do rei e sobretudo da rainha, Ana da Áustria, tendo por inimigos principais o cardeal de Richelieu, a misteriosa Milady e o ousado duque de Buckingham." 
Gustave Flaubert (1821-1880)
(07) Madame Bovary (1857) - Gustave Flaubert (1821-1880)

Considerado pioneiro dentre os romances realistas, levou à criação do termo em psicologia "bovarismo", em referência as características psicológicas da protagonista da obra. Sinopse da Editora: "Obra fundamental de Gustave Flaubert. Trata-se de um raridade, mesmo em um clássico, um exercício meticuloso de escrita que igualmente desafiava as estruturas literárias e as convenções sociais. Não à toa, a época de lançamento o impacto foi duplo: um sucesso de público e a reação feroz do governo francês, que levou o autor a julgamento sob a acusação de imoralidade." 
Charles Baudelaire (1821-1867)
(08) As Flores do Mal (1857) - Charles Baudelaire (1821-1867)

Uma das obras mais importantes da poesia moderna ocidental. As Flores do Mal reúnem, de modo exemplar, uma série de motivos da obra do poeta: a queda, a expulsão do paraíso, o amor, o erotismo, a decadência, a morte, o tempo, o exílio e o tédio. Sinopse da Editora: "O poeta crítico francês Baudelaire inventou uma nova estratégia da linguagem, incorporando a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do Romantismo, criando, dessa maneira, a poesia moderna. Suas poesias retratam a inquietude, o mal, o degredo e as paixões da alma humana."
Victor Hugo (1802-1885)
(09) Os Miseráveis (1862) - Victor Hugo (1802-1885)

Ambientado na França entre a Batalha de Waterloo (1815) e os motins de junho de 1832. Sinopse da Editora: "Considerado a obra-prima de Victor Hugo, este romance se desdobra em muitos: é uma história de injustiça e heroísmo, mas também uma ode ao amor e também um panorama político e social da Paris do século XIX. Pela história de Jean Valjean, que ficou anos preso por roubar um pão para alimentar sua família e que sai da prisão determinado a deixar para trás seu passado criminoso, conhecemos a fundo a capital francesa e seu povo, o verdadeiro protagonista."
Júlio Verne (1828-1905)
(10) Vinte Mil Léguas Submarinas (1869) - Júlio Verne (1828-1905)

Definitivamente o pai da ficção científica e antevendo vários avanços da ciência, Júlio Verne imaginou em pleno século XIX, um submarino, o Náutilus, movido somente a electricidade. Sinopse da Editora: "Uma das obras de aventura quintessenciais da literatura ocidental. Mais do que isso, o francês Jules Verne ajudou a estabelecer um tipo de romance que, sem abrir mão por um segundo da mais eletrizante carga de entretenimento, apresentava e discutia as principais questões que norteavam o conhecimento científico de seu tempo. E ia além, perscrutando o futuro."
Arthur Rimbaud (1854-1891)
(11) Uma Temporada no Inferno (1873) - Arthur Rimbaud (1854-1891)

Muito da obra de Rimbaud se confunde com a marca de rebelde e maldito que ele soube encarnar como poucos. A sua precocidade é um caso único na poesia, pois não se conhece outro autor que tenha escrito obra de tamanha profundidade antes de completar vinte anos. Por outro lado, não conseguiu dar continuidade à sua vocação pois, após o romance tumultuado com outro grande poeta, Verlaine, nunca mais se dedicou às letras, tornando-se negociante e traficante de armas no norte da África e Oriente Médio, vindo a morrer de câncer aos 37 anos. - Ler resenha completa do Mundo de K clicando aqui.
Émile Zola (1840-1902)
(12) Germinal (1885) - Émile Zola (1840-1902)

Émile Zola descreve, por meio de uma greve de mineiros no norte da França, provocada pela redução dos salários, as péssimas condições de trabalho e a organização política e sindical da classe operária da época. Sinopse da Editora: "Germinal retrata os primórdios do que viria a ser a Internacional Socialista, constituindo simultaneamente um painel revelador da lógica patronal no início do capitalismo industrial. Sua enorme variedade de tipos humanos destaca-se ao compor um dos mais notáveis painéis sociais da literatura do século XIX."
Marcel Proust (1871-1922)
(13) Em Busca do Tempo Perdido (1913 a 1927) - Marcel Proust (1871-1922)

Marcel Proust escreveu a sua grande obra memorialista, "Em busca do tempo perdido", em sete volumes (sendo os três últimos publicados postumamente) totalizando mais de 3000 páginas que representavam os costumes da aristocracia francesa do século XIX, tendo escrito a obra completa entre 1908 e 1922 e publicado, com muita dificuldade, entre os anos de 1912 e 1927. O autor passou os últimos três anos da sua vida confinado em seu quarto, dormindo durante o dia e trabalhando à noite para concluir seu romance. Ele morreu de pneumonia em 1922. A imagem é da editora Globo, primeiro volume, tradução de Mário Quintana.
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Albert Camus (1913-1960)
(14) O Estrangeiro (1942) - Albert Camus (1913-1960)

Considerado pela crítica como parte do "ciclo do absurdo" de Albert Camus, prêmio Nobel de Literatura de 1957, trilogia composta de um romance (L'Étranger - O Estrangeiro), um ensaio (Le mythe de Sisyphe - O mito de Sísifo) e de uma peça de teatro (Calígula). Sinopse da Editora: "O estrangeiro" é a história de um argelino que trabalha num escritório em Paris e, em decorrência de circunstâncias absurdas, mata um árabe. No último momento de sua condenação desperta de uma espécie de torpor."
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Jean Genet (1910-1986)
(15) Nossa Senhora das Flores (1943) - Jean Genet (1910-1986)

Sem dúvida o mais maldito dos autores malditos, o escritor, poeta e romancista francês Jean Genet elevou os marginais à categoria de heróis e transformou a "decadência em triunfo", principalmente neste livro que é o primeiro e o mais pessimista de toda a sua obra, refletindo a sua existência polêmica (talvez um pouco mais do que polêmica; marginal seria uma expressão mais apropriada). "Nossa Senhora das Flores" pode ser entendido como uma série de estímulos para as fantasias masturbatórias de Jean Genet na prisão. a resenha completa do Mundo de K clicando aqui.
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Boris Vian (1920-1959)
(16) A Espuma dos Dias (1947) - Boris Vian (1920-1959)

Uma história de amor trágica, utilizando recursos que extrapolam os limites comuns da linguagem em um universo surrealista. Boris Vian utiliza três tipos de abordagem em sua narrativa. O primeiro considera a palavra em seu sentido literal, exato como em: "uma escada se esconde sob os passos de quem a sobe", no segundo as palavras são alteradas como em "antiquitário" ou "sacristoche" e, no último tipo, o autor inventa livremente palavras e objetos novos, como em "pianococktail", o engraçado instrumento que prepara coktails enquanto é tocado. Ler resenha completa do Mundo de K clicando aqui.
Simone de Beauvoir (1908-1986)
(17) A Mulher Desiludida (1967) - Simone de Beauvoir (1908-1986)

Ao ler este clássico do movimento feminista, podemos nos questionar por que ainda devemos ler "A Mulher Desiludida" cinquenta anos após o seu lançamento original. A resposta talvez passe pela constatação de que o feminismo ainda não atingiu o seu objetivo básico de libertação da mulher em muitas sociedades ou ainda simplesmente para conhecer o texto de uma das maiores pensadoras da filosofia existencialista e da política do século XX, mas acho que o livro deve ser lido mesmo pelo que ele tem de melhor, o fato de ser uma bela obra de literatura sobre a solidão. Ler resenha completa do Mundo de K clicando aqui.
Marguerite Duras (1914-1996)
(18) O Amante (1984) - Marguerite Duras (1914-1996)

Marguerite Duras, um dos grandes nomes do existencialismo e feminismo do século XX, expoente do movimento literário francês nouveau roman, foi agraciada com o prêmio Goncourt em 1984 por este romance que escreveu no final da carreira, já com setenta anos. Um "pequeno" livro de pouco mais de 100 páginas que se tornou fenômeno de vendas, tendo sido traduzido para 40 idiomas e adaptado para o cinema pelo diretor Jean-Jacques Annaud em 1992, com críticas não muito favoráveis da autora. Imagem da edição da extinta Cosac Naify. Ler resenha completa do Mundo de K clicando aqui.
Jean-Marie Gustave Le Clézio (1940- )(19) A Quarentena (1995) - Jean-Marie Gustave Le Clézio (1940- )

Le Clézio, prêmio Nobel de Literatura 2008, soube transformar em ficção esta memória familiar ao narrar a epopeia dos irmãos Jacques e Léon Archimbau que em 1891, após uma epidemia de varíola a bordo do navio em que retornavam da Europa para a ilha Maurício, juntamente com refugiados indianos, recrutados para trabalhar nas fazendas de cana de açúcar, são confinados em uma das pequenas ilhas vulcânicas próximas à Maurício. A necessidade de sobrevivência do grupo, praticamente abandonado à própria sorte pelas autoridades, torna a vida na ilha insuportável. Ler a resenha completa do Mundo de K clicando aqui.
Michel Houellebecq (1956- )
(20) Submissão (2015) - Michel Houellebecq (1956- )

Polêmico, controverso e provocador são alguns adjetivos aplicáveis e já utilizados há algum tempo para definir o trabalho do autor francês Michel Houellebecq, vencedor do prêmio Goncourt 2010. Submissão, recebeu publicidade negativa adicional da mídia francesa porque o lançamento e a caricatura de Michel Houellebecq na capa do semanário "Charlie Hebdo" coincidiram com o ataque terrorista à redação da revista e o assassinato de 12 pessoas a sangue frio em janeiro de 2015. Ler resenha completa do Mundo de K clicando aqui.

Comentários

Anônimo disse…
Não podemos esquecer do escritor François Mauriac, que já foi considerado Não só um dos maiores romancistas franceses, como o único significativo desde Marcel Proust.

O cara simplesmente ganhou Prêmio Nobel e é esquecido num lista e 20 nomes? Principalmente numa lista em que se coloca a criminosa Simone de Beauvoir e o dispensável Bores Vian? Ah, por favor!
Anônimo disse…
Faltou um dos maiores nomes da literatura, considerado polêmico, Marquês de Sade.

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