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Mostrando postagens de novembro, 2007

Inventário de Sonhos - parte I - Jimi Hendrix

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Nunca mais a sonoridade da guitarra foi a mesma depois de Jimi Hendrix (1942-1970), criador de composições e arranjos ainda hoje utilizados como referência para músicos "modernos" que tentam inutilmente repetir suas harmonias, escalas e efeitos. Hendrix foi um músico genial e autodidata que, embalado pela psicodelia libertária dos anos sessenta, marcou o cenário pop e rock a partir do blues eletrificado, tendo influenciado os principais artistas ingleses da época, incluindo Beatles, Rolling Stones e Eric Clapton. O lançamento em 1967, no mercado londrino, do single " Hey Joe " foi a chave para o sucesso, precedendo o lançamento do album antológico "Are You Experienced" que incluiu os clássicos "Purple Haze" e "Fire". A versão incendiária de " Wild Thing " no festival de Monterey Pop alavancou de vez a carreira de Hendrix que não parou de crescer nos alucinantes três anos seguintes até sua morte em 1970, um preço alto que, a

Jorge Luis Borges - A Biblioteca de Babel

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A foto é do setor de teologia da biblioteca de Strahov, contida no segundo monastério mais antigo de Praga . O fato é que bibliotecas sempre me lembram do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) e por um motivo muito simples: ele foi, antes de tudo, um leitor extraordinário e compulsivo. Sua obra é famosa por tratar de temas filosóficos e fantásticos, em sua maior parte contos. A Biblioteca de Babel , conto incluído no livro Ficções de 1944 é um exemplo marcante do estilo de Borges: " O universo (que outros chamam a Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no centro, cercados por balaustradas baixíssimas. De qualquer hexágono, vêem-se os andares inferiores e superiores: interminavelmente ." "Como todos os homens da Biblioteca, viajei na minha juventude; peregrinei em busca de um livro, talvez do catálogo de catálogos; agora que meus olhos quase não podem decifrar o que escrevo, pre

Orhan Pamuk - Literatura e Solidão

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O escritor turco Orhan Pamuk , 55 anos, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2006 lançou o livro " A maleta de meu pai ", com três ensaios, sendo que um deles é o discurso de agradecimento à Academia Sueca. Este discurso pode ser consultado na versão completa em tradução para inglês na página da Fundação Nobel. Trata-se de um texto maravilhoso, melhor do que muitos romances que li nos últimos anos.   " A maleta de meu pai " foi o título que o escritor turco deu ao discurso, trata-se de uma maleta com textos que o pai lhe entregou dois anos antes de morrer. Pamuk explica que poderia acontecer do conteúdo da maleta não ser de seu agrado, mas também que ele descobrisse que seu pai havia sido um bom escritor. A partir desse gancho ele disserta sobre o processo de criação literária:   " Depois de muitos anos de trabalho, creio que ser escritor significa descobrir a pessoa secreta que abrigamos e o mundo interno que torna possível essa pessoa. A literatura

Harold Bloom - Gênio, Os 100 Autores Mais Criativos da História da Literatura

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Harold Bloom - Gênio, Os 100 Autores Mais Criativos da História da Literatura - Editora Objetiva - 828 páginas - Publicação 2003 - Tradução de José Roberto O´Shea. Levei algum tempo para concluir a leitura deste trabalho enciclopédico do conceituado e polêmico crítico Harold Bloom. Em minha opinião, Bloom é excessivamente Shakespeariano, sendo que esta posição acabou influenciando a crítica neste livro a vários autores consagrados que foram, de uma forma ou de outra, sempre comparados de uma maneira repetitiva e injusta com Shakespeare. Sobre a paixão de Bloom pela "bardolatria" e a influência negativa em sua crítica, o trecho a seguir de Pedro Sette Câmara é muito elucidador: " O fato é que Bloom pretende estabelecer uma distância intransponível entre o leitor comum e Shakespeare, e ele, Bloom, não pretende agir como uma mensageiro entre mundos - que seria o seu papel de professor -, mas te convencer de que você não pode mesmo entendê-lo, e que somente Sha

Clarice Lispector - A Hora da Estrela

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Clarice Lispector - A Hora da Estrela - Editora Rocco - 87 páginas - publicação 1998. Neste romance, que é seu último livro publicado, lançado originalmente em 1977, percebe-se a reflexão de Clarice Lispector (1920-1977) sobre a própria morte já próxima. Assim é que ela parece tentar se esconder neste trabalho, tanto no que se refere à escolha da protagonista, a nordestina Macabéa, uma mulher miserável e que não tem consciência da própria existência, quanto na escolha do processo narrativo que é desenvolvido através da criação de seu alter-ego, o escritor Rodrigo S. M., um homem sem muitas esperanças e que resume assim a sua necessidade de escrever:  "Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias." A alagoana Macabéa, órfã de pai e mãe, cri