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Mostrando postagens de maio, 2007

Rumo ao Farol - Virginia Woolf

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Esta é a terceira vez que leio "to the lighthouse" da inglesa Virginia Woolf (1882-1941), considerado um dos clássicos da literatura moderna do século XX. Lembro que na minha primeira leitura, durante a adolescência e por recomendação de meu pai, não entendi absolutamente nada, o que era um fato bastante comum nos livros que ele recomendava. Hoje, passados alguns anos, avalio que devo ter chegado a 30% de aproveitamento. Quem sabe (tomara) ainda terei tempo para uma quarta tentativa. A técnica utilizada neste romance é baseada no "fluxo de consciência" dos personagens, considerando também uma estrutura narrativa simultânea o que permite pontos de vista diferenciados e sequências de tempo alternadas (tempo psicológico). Os diálogos são poucos e simples, toda a ação ocorrendo portanto nas reflexões e sentimentos dos protagonistas o que leva a abordagens e significados diversos. A linha de enredo é dividida em três etapas distintas. Na primeira, a família Ram

Memória de minhas putas tristes - G. G. Marquez

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O ano de 2007 foi, definitivamente, o ano do colombiano e na época octogenário Gabriel Garcia Márquez (1927-2014) , uma edição especial comemorativa de 40 anos de publicação de "Cem Anos de Solidão" foi editada pela Real Academia Espanhola e haviam se completado também 25 anos do recebimento de seu Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto de obras que definiram um estilo que passaria a ser chamado de "realismo mágico" que, para o bem e para o mal, passou a ser um sinônimo de literatura latino americana. " Memória de minhas putas tristes " leva a marca do mestre Gabo ou Gabito como aprendemos a conhecê-lo a partir de suas memórias lançadas em 2002 com o título de " Viver para contar ", um livro que, ao final da leitura, nos deixa na dúvida se lemos uma auto-biografia ou um romance, tal o lirismo com que sua vida se confunde com a obra. " Memória de minhas putas tristes " é uma história de amor incomum entre um ancião e uma menina

Fernando Pessoa - Álvaro de Campos

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De todos os heterônimos de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos é o que me provoca mais identificação e, ao mesmo tempo, mais me atormenta. A multiplicação ou desintegração da personalidade de Fernando Pessoa, através de seus heterônimos: Ricardo Reis, Alberto Caeiro e até mesmo de Bernardo Soares no "Livro do Desassossego" é um dos fenômenos mais complexos da literatura moderna e, certamente, muito ainda há de se aprender e discutir sobre a sua obra poética. Discutir Fernando Pessoa em um espaço tão limitado é quase ridículo (todas as cartas de amor são ridículas), mas queria apenas dividir este poema que em intervalos regulares, geralmente nesta época do ano, vem me assombrar com sua beleza e tristeza incomparáveis. Aniversário (Álvaro de Campos, 15-10-1929) No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto. Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma

K´s Choice - Paradise in me

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Conheci a banda belga  K´s Choice , criada pelos irmãos Sarah Bettens (vocal, guitarra) e Gert Bettens (guitarra, teclado, vocais), durante algumas trocas de informações sobre partidas de xadrez na Internet, nos já distantes anos noventa. O repertório e arranjos são originados em uma estrutura básica Rock – Pop, enriquecida pelo bom e hipnótico vocal de Sarah Bettens. Algo no estilo de  Alanis Morrissette que, não por acaso, acabou convidando o K´s Choice como banda de apoio para seus shows em 1996-1997. É uma banda pouco conhecida no Brasil e acho que também no mundo. Acabei me lembrando ontem do  K´s Choice e reparando na coincidência com o nome deste BLOG. O CD “Paradise in me” foi lançado em 1995, com algum sucesso comercial e reconhecimento internacional, recomendo a faixa “Not an addict”.

Azul é a cor que eu mais gosto II - Gustavo

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Filho querido, Queria poder ser um bom pai e uma pessoa um pouco melhor, ter a capacidade de me comunicar mais facilmente com você, ser menos culto e mais inteligente, menos inteligente e mais sensível, queria te dar sempre muitos e bons conselhos. Há quem diga que conselhos são presentes inúteis e talvez com razão. No entanto, se eu pudesse te aconselhar, diria primeiramente para ficar longe das certezas, sejam elas quais forem. Certezas demais limitam o raciocínio. Boas ideias não se encontram organizadas em rebanhos ou filas indianas, as ideias geniais são sempre rebeldes e difíceis de achar. Lembre-se de que seres humanos são imprevisíveis por natureza. Nunca acreditei em destino, principalmente aquele tipo de destino infalível, pronto e imutável. Destino com jeito de roteiro cinematográfico, onde cada pessoa tem um papel definido e cada ação uma hora marcada para começar e acabar, eventos agendados que nunca acontecem por vontade da criatura, mas sim por determina

Cartas a um jovem escritor - Mario Vargas Llosa

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O peruano  Mario Vargas Llosa , neste livro de leitura rápida e agradável lançado em 2006, apresenta uma série de técnicas narrativas com base em exemplos da literatura universal moderna e clássica como Miguel de Cervantes , Jorge Luis Borges , William Faulkner , Franz Kafka e muitos outros do mesmo nível. Vargas Llosa é mais conhecido do grande público pelo seu último e bem sucedido romance “ travessuras da menina má ” e também por ter sido, em 1990, candidato à presidência do Peru, sendo derrotado no segundo turno por Alberto Fujimori. O primeiro e importante passo para se tornar um bom escritor, segundo Mario Vargas Llosa, é ser um leitor compulsivo. Esta também era a opinião de Borges que, por uma grande crueldade do destino, veio a morrer cego. O ofício do escritor, ou vocação literária, ainda segundo Llosa “ não é um passatempo, um esporte, um lazer refinado que se pratica nas horas vagas. É uma dedicação exclusiva e excludente, uma prioridade à frente da qual nada pode