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Mostrando postagens de novembro, 2016

Uma exposição de fotos para quem ainda sonha com mudanças

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Malala Yousafzai, Prêmio Nobel da Paz - Foto Albert Wiking Uma boa dica para quem estiver de passagem por Estocolmo em dezembro é visitar a exposição "We Have a Dream" do fotógrafo sueco Albert Wiking que apresenta 114 retratos de personalidades com o poder de inspirar as pessoas a realizarem sonhos. O projeto, que já dura mais de dez anos, é uma criação de uma dupla formada por Albert Wiking e Oscar Edlund, integrante da equipe da Fundação Nobel que ficou responsável pela gravação das entrevistas que acompanham as fotos. A baixo uma descrição dos objetivos do evento conforme o texto disponível no site  oficial: "Ter um sonho é uma poderosa força motriz. Queremos que a exposição 'We Have a Dream' inspire todos a se atreverem a sonhar e a viver seus sonhos, sejam pequenos ou grandes, próximos no tempo ou muito adiante em suas vidas. Sonhar dá força e coragem. Apresentamos uma seleção de 114 retratos de pessoas de todo o mundo cujas histórias transmitem a m

Raduan Nassar - Obra completa

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Raduan Nassar - Obra completa - Editora Companhia das Letras - 464 Páginas - Lançamento 25/10/2016. Este foi um ano importante para a divulgação do trabalho de Raduan Nassar no exterior e o seu redescobrimento no Brasil. Após ter sido finalista do Man Booker International Prize  com a tradução para o inglês de "Um Copo de Cólera" , foi honrado com a premiação mais conceituada da língua portuguesa, o Prêmio Camões de literatura 2016 . Toda essa agitação no meio literário não alterou em nada a rotina do autor, que completa hoje 81 anos, vive recluso e se recusa a dar entrevistas desde os anos 1980, após escrever os dois únicos "pequenos" romances que se tornaram clássicos cultuados da literatura brasileira: "Lavoura Arcaica" (1975) e "Um Copo de Cólera" (1978). Raduan Nassar é um escritor que, segundo o júri do Prêmio Camões,  "privilegia a densidade acima da extensão" , melhor definição com certeza não há. A Companhia das Le

100 Livros Notáveis em 2016 - New York Times

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Uma das avaliações mais tradicionais sobre os melhores lançamentos do ano, a lista do New York Times apresenta 100 livros resenhados em 2016 escolhidos pelos editores, nas áreas de ficção e não ficção. Cada uma das obras tem um link apontado para a respectiva resenha crítica do jornal, uma fonte de informações importante já que a grande maioria ainda não foi publicada no Brasil. É claro que existe um oportunismo comercial, a começar pela imagem selecionada, que remete a um clima natalino ou uma espécie de guia de compras para presentes de final de ano. Além disso existe uma limitação antipática do site que restringe a leitura a somente dez artigos por mês para não assinantes. Em 2016 temos, na área de ficção, destaque para os últimos lançamentos de Jonathan Safran Foer , Michael Chabon , Ian McEwan  (lançado no Brasil como "Enclausurado" ),  Zadie Smith  e Don DeLillo , entre outros. Para quem desejar se aprofundar ou procurar por uma resenha de um livro específico

Objeto de Desejo

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Caixa com a tetralogia completa "Estações Havana" de Leonardo Padura Depois do sucesso de público e crítica de seu romance histórico "O homem que amava os cachorros" e também do policial  "A neblina do passado" (siga os links para as respectivas resenhas do Mundo de K) , Leonardo Padura se transformou possivelmente no escritor cubano mais conhecido no Brasil.  A Editora Boitempo acaba de lançar uma caixa com a tetralogia "Estações Havana" composta por romances policiais protagonizados pelo seu personagem mais famoso, o detetive Mario Conde.  O trabalho de Leonardo Padura está em um nível muito superior aos clichês do romance policial, sem querer desmerecer o gênero. Ele apresenta um painel realista com todas as dificuldades da sociedade cubana, antes e durante os anos de crise econômica e decadência, decorrentes da redução drástica de investimentos da antiga URSS. Na verdade, os três primeiros romances da série, "Passado Perf

O novo impressionismo de Erin Hanson

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A criação do impressionismo no século XIX  pode ser atribuída aos franceses Claude Monet (1840-1926), Paul Cézanne (1839-1906) e Edgar Degas (1834-1917). Um movimento precursor do modernismo e que buscava captar as impressões sensoriais de cor, luz e movimento, por meio de cores claras e brilhantes bem como pinceladas mais livres, sem um contorno definido. Agora, em pleno século XXI, Erin Hanson , uma jovem pintora norte-americana, se inspira na ideia dos mestres fundadores do movimento, representando a natureza em um mosaico de cores vibrantes, mas com a diferença marcante de utilizar poucas e grossas pinceladas que criam diferentes efeitos de textura, sem muitas deposições de camadas. Uma técnica que ela chama de "impressionismo aberto". A própria Erin Hanson explica nesta entrevista ao site My Modern Met  que a sua técnica é uma mistura do impressionismo clássico com o expressionismo moderno. Bem, seja lá qual for o nome do movimento artístico, o objetivo final

As 20 melhores citações sobre a mentira

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A Virgem e o Unicórnio (1602) - Palazzo Farnese - Domenico  Zampieri Um fato cada vez mais trivial na era das redes sociais é a disseminação de notícias falsas, geralmente de caráter sensacionalista. O fenômeno é tão recorrente que já existem até mesmo sites especializados neste tipo de "notícia" que se tornaram mais populares do que as mídias oficiais, principalmente no campo da política. É comum notarmos o constrangimento de pessoas até bem intencionadas quando descobrem que repassaram boatos sem a devida verificação prévia, normalmente inverossímeis. Esta tendência, principalmente durante as últimas eleições norte-americanas, tem levado  executivos do facebook e google a buscar soluções para restringir a ação desses sites. Contudo, lidar com mentiras não é uma prática tão recente assim na história da humanidade, basta notar a imagem que abre esta postagem, "A  Virgem e o Unicórnio" de 1602, duas coisas difíceis de se encontrar. Sabemos que a mentira em a

Finalistas do Prêmio Oceanos 2016

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A partir de 2015 o Prêmio Portugal Telecom de Literatura foi cancelado pelos antigos patrocinadores, passando a ser chamado de Oceanos - Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa e patrocinado pelo Itaú Cultural. Para a versão de 2016, foram avaliadas 740 obras de criação literária em língua portuguesa de 20 editoras – inscritas nos gêneros Poesia, Romance, Conto, Crônica e Dramaturgia – publicadas em primeira edição no Brasil no ano de 2015. Também puderam concorrer os livros publicados nos demais países lusófonos desde que lançados originalmente entre 2012 e 2015 e publicados no ano passado por editora brasileira ou sediada no Brasil.  O resultado final será conhecido no dia 6 de dezembro, durante cerimônia de entrega dos prêmios no Auditório Ibirapuera. Como na edição passada, o valor da soma dos quatro prêmios finalistas é de 230 mil reais, divididos da seguinte forma: 100 mil para o primeiro lugar, 60 mil para o segundo, 40 mil para o terceiro e 30 mil para o quarto coloca

Três poemas de Julio Cortázar

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Três poemas de Julio Cortázar do livro póstumo "Papéis Inesperados" (Editora Civilização Brasileira - 487 páginas - Publicação 2010 - Tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht - Compilação de Aurora Bernárdez, viúva do escritor, e Carles Álvarez Garriga) - Ler aqui resenha do Mundo de K. No primeiro poema, "A mosca", um exemplo da metafísica bem-humorada de Cortázar. No segundo, "Meu sofrimento dobrado..." , o eco de uma canção de amor onde a dor e a solidão são a matéria-prima do autor. Finalmente, em "O que eu gosto do teu corpo..." , a palavra é o ponto final de um poema sobre a paixão. A mosca Vou ter que matar-te de novo. Já te matei tantas vezes, em Casablanca, em Lima, em Cristiânia, em Montparnasse, numa fazenda na província de Lobos, no bordel, na cozinha, em cima de um pente, no escritório, neste travesseiro vou ter que matar-te de novo, eu, com a minha única vida. Meu sofrimento dobrado... E também não estar trist

Sobre a beleza

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Em "História da Beleza" , Umberto Eco nos ensina que o conceito de beleza está longe de ser uma escolha individual, mas sim o resultado da influência dos padrões culturais e sociais de uma determinada época, sendo possivelmente uma ideia que pode ser afetada pela razão e conhecimento. Sendo assim, consideramos belas tanto as formas de representação do classicismo grego quanto as distorções da arte moderna não figurativa. Maior exemplo desta indefinição é o corpo da mulher que desafia os padrões de composição, forma e simetria ao longo do tempo. O que se definiu como belo mudou radicalmente da antiguidade à idade média, da renascença à era vitoriana e do início do século XX até as exigências estéticas do nosso tempo. Afinal, é verdadeiro o ditado que afirma que a beleza está nos olhos de quem vê? Certos estudos comprovam que sim, sendo as nossas preferências mais afetadas pelo ambiente e experiências individuais do que por uma herança genética. A beleza é um conceito

Prêmio Literário Fundação Biblioteca Nacional 2016

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Vencedores das categorias Romance, Contos e Poesia O Prêmio Fundação Biblioteca Nacional tem periodicidade anual e contempla autores, tradutores e projetistas gráficos brasileiros em nove categorias: Poesia, Romance, Conto, Ensaio Social, Ensaio Literário, Tradução, Projeto Gráfico, Literatura Infantil e Literatura Juvenil. A premiação para os autores selecionados em primeiro lugar de cada categoria é de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Segundo a organização, em 2016 o número de inscritos habilitados superou a média dos anos anteriores, ultrapassando oitocentas obras. Este ano, a Editora Record levou as três categorias mais importantes e coincidentemente com livros de três escritoras: "Desesterro" de Sheyla Smanioto (Romance), "Antes que Seque" de Marta Barcellos (Contos) e "Poesia Reunida" de Adélia Prado (Poesia). Segue abaixo a relação completa de vencedores das nove categorias e links para os resumos das respectivas editoras. Categoria Co

Objetos de Desejo

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Dom Casmurro, Machado de Assis - Editora Carambaia, lançamento novembro 2016 Finalmente uma edição compatível com um dos maiores clássicos da nossa literatura e que nos apresenta uma ótima oportunidade de reler "Dom Casmurro" de Machado de Assis em grande estilo. Um lançamento da Editora Carambaia com posfácio de Hélio Guimarães e projeto gráfico de Tereza Bettinardi, incluindo ilustrações e fotografias do Rio de Janeiro da época do escritor. A tiragem de 1000 exemplares tem capa dura e todos os exemplares são numerados a mão. O livro vem se juntar a um catálogo de edições de qualidade da Carambaia com tiragens limitadas e projetos individualizados, tudo que os leitores adoram! "O formato do volume homenageia a edição original de Dom Casmurro, de 1899, publicado pela Livraria Garnier, repetindo suas dimensões. Há também a referência a uma antiga técnica de decoração de livros, na qual imagens ficam dissimuladas na lateral do volume, revelando-se ao leitor con

Bernardo Carvalho - Simpatia pelo Demônio

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Bernardo Carvalho - Simpatia pelo Demônio - Editora Companhia das Letras - 240 Páginas - Lançamento: 23/08/2016. Confesso que o título deste último lançamento de Bernardo Carvalho, com sua óbvia associação ao famoso hit dos Rolling Stones, me induziu a expectativa de uma leitura leve, sem compromisso, em um clima de Rock'n Roll, o que não seria muito compatível com os textos anteriores do mesmo autor. Na verdade, o próprio Bernardo Carvalho alerta logo de início na seguinte nota:  "embora o título do romance faça menção à canção dos Rolling Stones 'Simpathy for the Devil', aqui o sentido é outro. 'Simpathy', em inglês, quer dizer 'consideração'. No título deste romance, a simpatia pelo demônio é simpatia mesmo" , ainda  assim o leitor não tem dados suficientes para entender com que tipo de livro está se envolvendo. O demônio citado não é assunto para adolescentes rebeldes, ele é o mesmo que ronda as obras de grandes autores da literatura, t

As cidades mais lindas são aquelas que não existem

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A Torre de Babel (1563) - Pieter Bruegel, o Velho (1525 - 1569) Em " As cidades invisíveis",  Italo Calvino imagina um diálogo entre Marco Polo e o poderoso imperador mongol Kublai Khan. Este livro, que não se pode definir facilmente, é a descrição de Polo das 55 cidades que ele supostamente teria visitado em um império que incorporava no século XIII as regiões ocupadas hoje pela Mongólia, Tibete e a China. Algumas versões da biografia do famoso mercador veneziano consideram que ele realmente passou 17 anos na região (enquanto outras questionam até mesmo a sua existência). Italo Calvino não tem compromisso com a geografia em suas descrições que são ao mesmo tempo irreais e maravilhosas. Cidades com nomes de mulheres, tais como Diomira, Isidora, Dorotéia, Zaíra e tantas outras, vão desfilando em uma sequência de histórias que parece não ter fim, algo como as " Mil e Uma Noites" . Kublai Khan não acredita totalmente nas narrativas, mas as descrições são tão deta