As 20 obras mais importantes da literatura japonesa

'literatura japonesa

O Japão é um país que se orgulha do passado, preservando a cultura e as tradições locais mas, ao mesmo tempo, completamente seduzido pela modernidade e a tecnologia de ponta. É claro que os autores japoneses, como não poderia deixar de ser, refletem esse estado de equilíbrio que a sociedade mantém entre passado e futuro. Alguns, como Haruki Murakami, incorporam elementos da cultura ocidental ao cotidiano de seus personagens em cidades globalizadas, o que explica o sucesso de seus romances não só no país de origem, mas também em todo o mundo. A boa notícia para os leitores ocidentais é que a literatura nipônica não se resume somente a Murakami. Alguns livros desta seleção já foram postados aqui no Mundo de K, neste caso acrescentei os links para as resenhas completas. Conheça um pouco mais sobre esses escritores e suas obras fascinantes em ordem cronológica de lançamento.

Literatura Japonesa - Sei Shônagan
(01) O Livro do Travesseiro (1002) - Sei Shônagan (966-1025)

Pouco se sabe sobre a vida da escritora Sei Shônagan, dama da corte imperial ou dama de acompanhamento da Imperatriz Teishi (Princesa Sadako), quinhentos anos antes do nosso país ser descoberto, exceto pelas descrições de seu próprio livro, uma espécie de diário da corte da época com notas, listas, impressões pessoais, eventos festivos e regras de bom comportamento em sociedade. São especialmente famosas as listas, tanto de belezas naturais como outras muito peculiares de coisas que fazem o coração bater mais rápido, coisas que não combinam, coisas que causam insegurança, coisas que são uma perda de tempo etc. "O Livro do Travesseiro" foi traduzido diretamente do japonês e lançado no Brasil em 2013 pela Editora 34. Segundo a sinopse da Editora: "É composto por mais de trezentos textos que, lidos em sequência ou com a liberdade do acaso, compõem um inventário dos afetos, da sensibilidade e do conhecimento de uma época, filtrados pela ótica de uma escritora de talento excepcional."
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Literatura Japonesa -  Shikibu
(02) Genji Monogatari - O Romace de Genji (1008) Murasaki Shikibu (978-1031)

Inédito no Brasil, foi lançado em Portugal pela Editora Relógio d'Água em 2008. Um dos mais antigos romances na forma literária como conhecemos hoje, foi escrito no início do século XI por uma cortesã chamada Murasaki Shikibu. Sua história relata a vida e os amores do Príncipe Genji e os afazeres de seus filhos e netos, refletindo a vida da corte japonesa no apogeu do período Heian (794–1185). Segundo a sinopse da Editora: "Foi o início de um período decisivo da história do Japão, marcado pela assimilação do legado espiritual da China e, em particular, do budismo. A civilização nipônica conheceu então, nas suas camadas aristocráticas, um período de sofisticação e cultura que viria a ser comparada com o Grand Siècle de Luís XIV mas que se prolongaria por quatrocentos anos." Não deixa de ser curioso como, em uma sociedade patriarcal como a do Japão feudal, os dois livros mais antigos conhecidos tenham sido escritos por mulheres.
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Literatura Japonesa -  Akutagawa
(03) Kappa (1905) Ryunosuke Akutagawa (1867-1916)

Ryunosuke Akutagawa teve uma vida muito curta (cometeu suicídio aos 35 anos), mas deixou um legado importante nas áreas de prosa e poesia. Foi considerado como o "Pai do conto japonês" e seus temas abordam o lado negro da natureza humana. A partir de 1935, empresta o seu nome ao prêmio literário mais importante do Japão. "Kappa" é uma coletânea de narrativas breves lançada no Brasil pela Editora Estação Liberdade. Segundo a sinopse da Editora: "mostra uma escrita potente, amarga, que trafega entre as culturas do Japão e do Ocidente, sempre refletindo sobre a inevitável tensão entre a vida e a arte. Entre os contos e novelas incluídos estão os importantes 'Kappa' (notável fábula sobre uma curiosa civilização perdida de kappas, seres humanóides do folclore japonês que vivem na água, narrada por um interno de um manicômio) e 'Rashômon', conto que inspirou Akira Kurosawa a fazer o filme homônimo."

Literatura Japonesa -  Soseki
(04) Botchan (1906) - Natsume Soseki (1867-1916)

Um autor tão importante e estimado no Japão que a sua imagem aparece na cédula de 1000 yens. O seu estilo foi marcado pela influência ocidental, mas sempre valorizou a cultura tradicional nipônica. "Botchan" e outro livro importante de Natsume Soseki, "Eu Sou um Gato", foram lançados no Brasil pela Editora Estação Liberdade. Segundo a sinopse da Editora: "E
m Botchan, o personagem que dá título ao romance é um jovem professor de matemática de Tóquio que, aos 23 anos, aceita partir para uma localidade inóspita nos rincões do Japão, na ilha de Shikoku, a fim de lecionar para aquela que será sua primeira turma de alunos ginasiais. Habilidade social não é o forte do protagonista, muitas vezes comparado ao Holden Caulfield de J. D. Salinger em O apanhador no campo de centeio."
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Literatura Japonesa -  Okakura
(05) O Livro do Chá (1906) - Kakuzo Okakura (1863-1913)

"O Livro do Chá" foi escrito originalmente em inglês com o objetivo de levar a obra a um maior número de leitores. Segundo o posfácio de Hounsai Genshitsu Sen, incluído na edição lançada no Brasil pela Editora Estação Liberdade, a prática da cerimônia do chá é "a recusa deliberada de postergar nossa existência essencial como ser humano, com plena consciência da dificuldade e ao mesmo tempo da importância dessa tarefa". É muito difícil para um ocidental entender o que está por trás de um ritual dessa natureza. A sinopse da Editora esclarece bem este ponto: "Trata-se de um texto reflexivo, que conduz o leitor, por meio da compreensão do cerimonial, a uma profundidade a princípio insuspeitada - por trás da cerimônia do chá estão o taoísmo, o zen, todo um arcabouço filosófico que é anterior à sua face ritualística. À fugacidade e ao imediatismo que norteiam o mundo industrializado, o autor estabelece como contraponto estético e filosófico a cerimônia do chá - um culto ao presente, sim, mas também a busca da perfeição por meio da repetição secular do mesmo ritual."
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Literatura Japonesa -  Kafu
(06) Guerra de Gueixas (1917) - Nagai Kafu (1879-1959)

As gueixas simbolizam uma das imagens mais difundidas no ocidente da cultura japonesa, nem sempre com a devida correção. Elas estudam arte, dança e canto, e se caracterizam com trajes e maquiagem tradicionais. No Japão, a condição de gueixa é cultural, simbólica e repleta de status, delicadeza e tradição. No entanto, neste romance que foi censurado na época do lançamento, e publicado no Brasil pela Editora Estação Liberdade, "Nagai Kafu envereda por uma perspectiva bem mais realista, ele que foi um autor notoriamente influenciado pelo naturalismo francês. A gueixa de Kafu não é meramente a criatura de coque, maquiagem e quimono fadada a ser apenas a companhia submissa para o deleite masculino: é a mulher capaz de amar, sofrer e se ressentir, evocando assim uma falibilidade humana que a faz ainda mais sedutora. Recorrendo a uma série de personagens secundários, entre escritores, atores, criadas e outros tipos, o autor compõe um painel instigante da Tóquio boêmia do início do século XX, reconstituindo com grande vivacidade a engrenagem de costumes e mecanismos das relações sociais de uma época."
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Literatura Japonesa -  Yoshikawa
(07) Musashi (1935) - Eiji Yoshikawa (1892-1962)

O romance, que foi sucesso de vendas no Brasil, é uma ficção sobre a vida de Miyamoto Musashi, o samurai mais famoso do Japão e autor do Livro dos Cinco Anéis. No Brasil foi publicado pela Editora Estação Liberdade com tradução de Leiko Gotoda. Segundo a sinopse da Editora: "Este romance épico baseado diretamente na história japonesa narra um período da vida do mais famoso samurai do Japão, que viveu presumivelmente entre 1584 e 1645. O início é antológico: Musashi recupera os sentidos em meio a pilhas de cadáveres do lado dos vencidos na famosa batalha de Sekigahara, em 1600. Perambula a seguir em meio a um Japão em crise onde samurais condenados por senhores feudais ao desemprego e à miséria (os rounin), desbaratados, semeiam a vilania ditando a lei do mais forte."
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Literatura Japonesa -  Dazai
(08) Declínio de um Homem (1948) - Osamu Dazai (1909-1948)

Osamu Dazu é conhecido por seu estilo irônico e pessimista, normalmente em narrativas na primeira pessoa, incorporando elementos autobiográficos. Também ficou conhecido por sua obsessão com o suicídio, tema constante em seus livros e também em sua vida, visto que ele tentou o suicídio por diversas vezes e acabou sendo bem sucedido aos 38 anos juntamente com sua última mulher, Tomie Yamazaki, afogando-se no canal Tamagawa, em um local que ficava próximo de sua casa em Tóquio. Publicado no Brasil pela Editora Estação Liberdade. Segundo a sinopse da Editora: "A obra sintetiza em cenas e passagens notoriamente biográficas muitas das angústias que tanto alimentavam a personalidade autodestrutiva do autor, a saber: a dificuldade de entendimento com seus familiares, sua antissociabilidade niilista, seu patológico apego ao álcool — vício do qual nunca conseguiu se livrar —, sua autoestima inexistente, enfim, sua evidente sensação de deslocamento em relação ao mundo — como se tivesse sido enviado à existência por mero descuido."

Literatura Japonesa -  Tanizaki
(09) As irmãs Makioka (1949) - Junichiro Tanizaki (1886-1965)

Os leitores já familiarizados com os temas fortes explorados por Junichiro Tanizaki em outras obras, tais como: "Diário de um Velho Louco" e "Voragem", temas como infidelidade, fetichismo e sadismo, certamente ficarão surpreendidos pelo ritmo lento e a delicadeza do autor neste romance que é uma homenagem à família e aos valores tradicionais da cultura japonesa. No entanto, deve-se destacar que nem sempre as quatro irmãs Makioka: Tsuruko, Sachiko, Yukiko e Taeko, conseguem se adequar às regras rígidas familiares e ao conflito entre tradição e modernidade, no Japão da época anterior à Segunda Grande Guerra. O romance gira em torno do objetivo comum da família Makioka de conseguir um pretendente para o casamento da terceira irmã Yukiko que, das quatro irmãs, é a que melhor representa a educação tradicional e os costumes, mas que, independente desta postura, já passa dos trinta anos sem ter conseguido este objetivo, devido a uma sucessão de negativas da família, orgulhosa de seu passado, para todas as oportunidades. Ler as resenhas completas do Mundo de K para os seguintes romances de Junichiro Tanizaki: "As irmãs Makioka""Diário de um velho louco""Voragem".

Literatura Japonesa -  Mishima
(10) O Pavilhão Dourado (1956) - Yukio Mishima (1925-1970)

Yukio Mishima foi um autor que levou ao limite extremo a relação entre literatura e realidade, tendo cometido o suicídio ritual dos samurais, seppuku, conhecido vulgarmente no ocidente como harakiri em uma cerimônia completa que foi concluída com a sua decapitação por um assistente. Ele é considerado, juntamente com Yasunari Kawabata (prêmio Nobel de 1968) e Junichiro Tanizaki, um dos grandes nomes da literatura japonesa moderna e universal. O primeiro sucesso de Yukio Mishima foi "Confissões de uma Máscara", lançado em 1948, romance de teor autobiográfico em que um jovem homossexual precisa se esconder atrás de uma máscara para evitar as cobranças da rígida sociedade japonesa. O romance "O Pavilhão Dourado" é ambientado na região de Quioto, final da Segunda Guerra Mundial, sendo o Japão da época um país destruído, invadido e derrotado. Este sentimento de fracasso norteia o romance, narrado em primeira pessoa pelo jovem Mizoguchi, órfão de pai e aprendiz de sacerdote, que sofre um complexo de inferioridade insuperável devido à sua fragilidade física e, sobretudo, por ser tímido e gago. Ler a resenha completa do Mundo de K para o romance de Yukio Mishima: "O Pavilhão Dourado".

Literatura Japonesa -  Kawabata
(11) A casa das Belas Adormecidas (1961) - Yasunari Kawabata (1899-1972)

Este "pequeno" romance é um dos grandes clássicos da literatura mundial no qual Yasunari Kawabata, prêmio Nobel de 1968, soube lidar com realismo e ao mesmo tempo extrema delicadeza, temas difíceis como a busca pela felicidade após a perda da juventude e polêmicos como a morte, perversão e sensualidade. Kawabata imaginou um estranho bordel onde homens de idade avançada podem passar as noites com jovens virgens, adormecidas sob o efeito controlado de narcóticos. Este livro inspirou outros autores a escrever sobre os sentimentos e a sexualidade na terceira idade como o colombiano Gabriel Garcia Marques em "Memória de minhas putas tristes" que aborda a impossível história de amor entre um ancião e uma jovem prostituta. Existe uma tendência nas sociedades do ocidente e oriente a ignorar e evitar o assunto do erotismo na idade da impotência, quando o desejo e a atividade sexual certamente ainda existem. Ler as resenhas completas do Mundo de K para os seguintes romances de Yasunari Kawabata: "A casa das Belas Adormecidas" e "Kyoto".

Literatura Japonesa - Kenzaburo  Oe
(12) Uma Questão Pessoal (1964) - Kenzaburo Oe (1935-2023)

Kenzaburo Oe recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1994 pela sua obra "que com força poética cria um mundo imaginado, onde a vida e o mito se condensam para formar o desenho desconcertante das dificuldades do homem de hoje". "Uma Questão Pessoal" foi publicado no Brasil pela Editora Companhia das Letras em 2003. Segundo a sinopse da Editora: "Em 1964, o romancista japonês Kenzaburo Oe recebia a notícia de que seu primeiro filho nascera com uma anomalia cerebral. É a mesma situação enfrentada pelo protagonista de Uma questão pessoal, o professor Bird. Aos 27 anos, ele leva uma vida mediana, bebendo pelos bares de Tóquio e sonhando com aventuras no distante continente africano. A gravidez da mulher acrescenta angústia ao cotidiano de Bird. A idéia de que será pai e chefe de família faz com que se sinta condenado à vida cotidiana. Para piorar, depois do parto, os pais descobrem que uma anomalia cerebral fará o menino ter uma vida vegetativa. Bird não suporta a possibilidade de se ver atrelado para sempre a um filho anormal. Passa, então, a desejar a morte da criança. Aos poucos, porém, Bird se dá conta de que a crise era uma oportunidade para percorrer um caminho de conquista da realidade, enfrentando os desafios de amadurecimento da vida adulta."

Literatura Japonesa - Kobo Abe
(13) O Rosto de um Outro (1964) - Kobo Abe (1924-1993)

Kobo Abe, romancista e dramaturgo do movimento da vanguarda japonesa do pós-Guerra, escreveu este livro que pode induzir uma (errada) impressão de simplicidade com base unicamente no resumo da trama principal. O protagonista e narrador é desfigurado por uma explosão em seu laboratório, o efeito devastador faz com que ele passe a viver com o rosto encoberto por bandagens, mas após sofrer a reação cruel da sociedade, recorre secretamente aos próprios conhecimentos científicos para construir uma máscara que passará a ser o seu novo rosto, no entanto a máscara acaba afetando a sua personalidade e induzindo um comportamento violento que foge ao controle. O argumento poderia até ser confundido com um típico roteiro de filmes de horror classe "B", mas serve como ponte para uma análise difícil e perturbadora sobre o comportamento humano e a influência da aparência na identidade das pessoas. O leitor é orientado por três cadernos de diários que o protagonista sem nome escreve para a esposa contando todos os detalhes do processo de confecção da máscara e a transformação que ocorre no seu comportamento. Ler a resenha completa do Mundo de K para o romance de Kobo Abe: "O Rosto de um Outro".


Literatura Japonesa - Banana Yoshimoto(14) Kitchen (1988) - Banana Yoshimoto (1964 - )

Mahoko Yoshimoto ou Banana Yoshimoto, como ficou mundialmente conhecida, é filha do filósofo e poeta Takaaki Yoshimoto. Ela soube utilizar com inteligência as referências culturais do ocidente em seus romances para falar dos problemas da juventude no Japão moderno e, juntamente com Haruki Murakami, foi uma das grandes responsáveis pela divulgação da literatura contemporânea japonesa. A autora, dona de um minimalismo Pop, se podemos definir assim, ainda é pouco conhecida no Brasil. "Kitchen", primeiro livro de Yoshimoto, foi lançado originalmente em 1988 e publicado no Brasil pela Editora Nova Fronteira, mas está fora de catálogo atualmente. A Editora Estação Liberdade já lançou da mesma autora "Tsugumi" em tradução de Lica Hashimoto. Ler as resenhas completas do Mundo de K para os seguintes romances de Banana Yoshimoto: "Kitchen", "Tsugumi" e "The Lake" (inédito no Brasil).
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Literatura Japonesa - Natsuo Kirino
(15) Do Outro Lado (1997) - Natsuo Kirino (1951 - )

Natsuo Kirino é considerada um das maiores autoras de suspense e narrativas policiais do Japão. Formada em direito, trabalhou em diversas áreas antes de se tornar escritora. "Do Outro Lado" ganhou o Grande Prêmio Japonês de Melhor Romance Policial e ficou entre os finalistas do Edgar Allan Poe de 2004. Foi publicado no Brasil pela Editora Rocco. Segundo a sinopse da Editora: "Aclamada por ultrapassar as convenções da literatura policial e surpreender com um romance realista, cortante e de ritmo cinematográfico, Natsuo Kirino expõe, neste premiado livro, as angústias e esperanças de quatro mulheres massacradas pela rotina de seu emprego e pela crise em suas vidas conjugal e familiar. Entremeado por cenas pesadas, costuradas por humor negro, Do outro lado é também uma emocionante narrativa sobre os motivos que conduzem essas mulheres aos seus extremos, e a amizade que nasce dessa situação-limite."
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Literatura Japonesa - Yoko Ogawa
(16) O Museu do Silêncio (2000) - Yoko Ogawa (1962 - )

A premiada autora Yoko Ogawa já publicou mais de 40 livros de ficção e não ficção. "O Museu do Silêncio" foi lançado no Brasil no ano passado pela Editora Estação Liberdade. Esta matéria da Folha de São Paulo a coloca no nível de Murakami, Kawabata e Mishima, o que definitivamente não é pouca coisa. Segundo a sinopse da Editora: "Os museus têm como pressuposto guardar objetos de valor histórico ou científico para fins de exibição pública, de modo a registrar à posteridade a importância que eles tiveram para a humanidade num período determinado. Mas como seria no caso de um museu que tivesse como objetivo preservar lembranças de pessoas que morreram? (...) 'O Museu do Silêncio' é uma obra de suspense, bastante simbólica da produção de Yoko Ogawa, escritora japonesa contemporânea muito saudada no Ocidente. Sua literatura é excêntrica, preterindo tons e temas ternos e etéreos por aqueles mais duros e polêmicos, não raro flertando com o grotesco. Neste livro, ela também opta por ambientar a trama em tempo e local não identificados, o que contribui para diluir os eventuais estranhamentos culturais intrínsecos às suas origens nipônicas, e assim consolidar sua voz de alcance universal."
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Literatura Japonesa - Kazuo Ishiguro
(17) Não me Abandone Jamais (2005) - Kazuo Ishiguro (1954 - )

Este sexto romance do nipo-britânico, Nobel 2017, Kazuo Ishiguro, incluído na short list do Man Booker Prize de 2005 e adaptado para o cinema em 2010, é narrado em primeira pessoa por Kathy H. que relembra passagens de sua vida desde a infância no internato de Hailsham, em algum lugar do interior da Inglaterra, que está longe de ser uma escola normal, como descobrimos lentamente à medida que avançamos na descrição ingênua de Kathy do seu cotidiano com os amigos Ruth e Tommy. Os alunos em Hailsham não são verdadeiramente alunos, mas sim futuros doadores de órgãos, clones gerados e mantidos pela sociedade unicamente para esta finalidade, enquanto aguardam atingir a idade madura para iniciar o triste destino de doações e "completarem" o seu ciclo. A sequência de cirurgias e recuperações terá quantidade e extensão dependentes unicamente da resistência de cada doador. Na verdade, Ishiguro não está preocupado em detalhar a base científica dos procedimentos genéticos envolvidos nos processos de clonagem e doação, mas sim nos conflitos emocionais dos personagens ao se deparar com a fatalidade da sua situação no mundo. Ler a resenha completa do Mundo de K para o romance de Kazuo Ishiguro: "Não me Abandone Jamais" .

Literatura Japonesa - Yasutaka Tsutsui
(18) Hell (2008) - Yasutaka Tsutsui (1934 - )

O inferno imaginado por Yasutaka Tsutsui é um lugar muito parecido com o mundo real, tanto assim que os personagens que chegam por lá nem parecem perceber que já não pertencem ao mundo dos vivos, exceto pela ausência de emoções e sentimentos negativos que costumavam acumular em suas existências passadas. Em nenhum momento fica claro para o leitor quais os critérios, religiosos ou morais, que definem a passagem para este lugar onde "convivem" gangsters da Yakuza, homens de negócios, atores ou simplesmente motoristas de taxi. Os personagens têm a capacidade de ler as mentes uns dos outros e presenciar momentos de suas vidas anteriores. Uma idealização do mundo das sombras sem a conotação de punição e sofrimento de outras obras da literatura. Na verdade, muito mais um purgatório no sentido ocidental do termo. Ler a resenha completa do Mundo de K para o romance de Kobo Abe: "Hell" (inédito no Brasil).
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Literatura Japonesa - Haruki Murakami
(19) 1Q84 (2009) - Haruki Murakami (1949 - )

É muito difícil escolher apenas um livro de Haruki Murakami, fico com 1Q84 pelo impacto que causou no mercado editorial na época do lançamento. O romance completo é extremamente ambicioso, tanto pela sua extensão de mil páginas quanto pela liberdade de estilo. Aqui no Brasil a decisão da editora foi respeitar o formato da publicação original japonesa em três volumes, diferente da tradução americana da editora Knopf que lançou todos os volumes em um único calhamaço. Alta velocidade narrativa, ritmo cinematográfico, misturando literatura policial noir com muito suspense e ficção científica, como sempre repleto de referências culturais ocidentais e orientais, estratégia que Murakami sempre conduziu muito bem em todos os seus livros anteriores e que o fazem um candidato permanente ao Nobel de literatura todos os anos. Ler as resenhas completas do Mundo de K para os seguintes romances de Haruki Murakami: "1Q84 - Livro 1""1Q84 - Livro 2""1Q84 - Livro 3""Caçando Carneiros""Homens sem Mulheres""Minha Querida Sputnik""O incolor Tsukuro Tazaki e seus anos de peregrinação""Sono""The Elephant Vanishes".
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Literatura Japonesa - Hiromi Kawakami
(20) A Valise do Professor (2012) - Hiromi Kawakami (1958 - )

Outra premiada autora japonesa pouco conhecida no Brasil. Este romance foi publicado em 2012 pela Editora Estação Liberdade. Segundo a sinopse da Editora: "Em 'A valise do professor', ganhador do Prêmio Tanizaki, um dos mais prestigiosos do Japão, a prosa entrecortada e sucinta de Hiromi Kawakami nos revela a mente confusa de uma mulher embaralhando cenas reais com sonhos, lembranças e reflexões no cotidiano amoroso e solitário na megalópole toquiota, tema recorrente da autora. Tsukiko tem quase 38 anos, trabalha em uma firma e nas horas vagas bebe no bar de Satoru. Nunca foi casada e aparentemente não se importa com isso. Leva uma vida calma e sem grandes emoções, até que passa a encontrar um professor do ensino médio no mesmo bar que frequenta."

Comentários

Anônimo disse…
"Não me Abandone Jamais" nao eh literatura japonesa, jah que o escritor eh britanico.
Alexandre Kovacs disse…
Na verdade, Kazuo Ishiguro nasceu no Japão, mas aos cinco anos de idade emigrou com a família para a Inglaterra. Logo, diria que é um autor nipo-britânico, com influência das duas culturas, fato que torna a sua obra tão interessante. Obrigado pela leitura atenta e comentário.
patrick disse…
Esse livro, inclusive, não é nada de especial. Há uma boa ideia, mas não uma grande obra.
pedroni disse…
Gosto muito dos livros do Murakami, mas no meu entender a obra máxima dele é: Crônicas de um pássaro de cordas. Todos elementos que lhe são bem marcantes estão presentes, a melancolia, o surrealismo, os questionamentos pessoais e as situações trágicas. Tudo amarrado numa trama muito bem construída com começo meio e fim sem enrolação.
1Q84, por sua vez, me decepcionou muito. Esperava algo a mais, acho que pelo grande alarde que deram. É uma boa trilogia, mas não vi ali elementos novos ou que fossem definidores de um gênero. Achei mais um apanhado de várias obras anteriores que juntas formam este enredo.
De qualquer maneira, desta lista é o que mais li e que consequentemente mais gosto.
Obrigado pelo artigo, me fez aumentar a lista de livros para ler e conhecer mais desta cultura fascinante!
Alexandre Kovacs disse…
Oi Pedroni, grato pela visita e comentário. Adoro "Crônica de um pássaro de cordas", já resenhado por aqui, um dos meus preferidos de Murakami.

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