Jorge Luis Borges - A Biblioteca de Babel
A foto é do setor de teologia da biblioteca de Strahov, contida no segundo monastério mais antigo de Praga. O fato é que bibliotecas sempre me lembram do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) e por um motivo muito simples: ele foi, antes de tudo, um leitor extraordinário e compulsivo. Sua obra é famosa por tratar de temas filosóficos e fantásticos, em sua maior parte contos.
A Biblioteca de Babel, conto incluído no livro Ficções de 1944 é um exemplo marcante do estilo de Borges:
"O universo (que outros chamam a Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no centro, cercados por balaustradas baixíssimas. De qualquer hexágono, vêem-se os andares inferiores e superiores: interminavelmente."
"Como todos os homens da Biblioteca, viajei na minha juventude; peregrinei em busca de um livro, talvez do catálogo de catálogos; agora que meus olhos quase não podem decifrar o que escrevo, preparo-me para morrer, a poucas léguas do hexágono onde nasci. Morto, não faltarão mãos piedosas que me joguem pela balaustrada; minha sepultura será o ar insondável; meu corpo cairá demoradamente e se corromperá e dissolverá no vento gerado pela queda, que é infinita."
O próprio Borges, desde a infância, sofreu de problemas de visão. Depois de oito operações , ele não conseguia mais ler e escrever e admitia, com resignação, que em sua cegueira nada havia de dramático ou patético, comentando: "...esplêndida ironia de Deus em conceder-me a um só tempo oitocentos mil livros e a escuridão".
Comentários
O que seria de nós mortais sem esses escritores e suas odisséias, hein?
Estou lendo, além de autores de roteiros, "O Sobrevivente - memórias de um brasileiro que escapou de Auschwitz" de Alexander Henryk com Tova Sender - estamos sonhando em fazer um documentário sobre o holocausto do ponto de vista deste sobrevivente que se naturalizou brasileiro com muito amor. Maravilhoso.
Ah, Alexandre, me indique um Borges para eu ler nas férias que se aproximam (graças a Deus) hehe.
Beijo, amigão.
Os textos de Borges sempre me atraíram, e talvez por esta semelhança patológica, me serve de estímulo prosseguir cada vez mais nas minhas leituras e escritos (estes, primários, mas minhas crias...).
Até já pensei em treinar minha irmã caçula para que leia para mim quando a escuridão chegar.
É isso.
Essse post realmente me comoveu.
E grata pela visita, ao meu cantinho.
Beijos e aquela coisa toda
E mais uns outros que amo.
Sinto-me vazia sem acesso a alguns universos.
Nossa amiga Lady Cronopio teme a escuridão (o que espero jamais lhe aconteça) e vi alguma semelhança inversa: eu fiquei dez anos sem ler e escrever simplesmente porque deu-me um branco, uma longa crise que graças a Deus, acabou cerca de um ano.
Então, paz, saúde e felicidade para todos nós!
Beijo.
Acho que vim, li o post e 'pensei' que escrevi algo.
Muito bom, como sempre....e é verdade, bibliotecas sempre lembram JLBorges.
ps: O nome da minha escola de línguas é Babel.
Abraços
Em tempo: A editora Companhia das Letras está preparando o relançamento de toda a obra de Jorge Luis Borges (matéria de hoje do Globo, caderno prosa & verso).
Obrigada pela visita no meu blog, fiquei muito feliz com o comentário.
Abraços!
clara lopez
Cumprindo esse papel, a Editora Globo lança dia 11 de abril, sexta-feira, a Coleção Por que ler no Sesc da av. Paulista. O evento começará às 19 horas com bate-papo entre os autores Barbara Heliodora (Por que ler Shakespeare), Ana Cecilia Olmos (Por que ler Borges) e Eduardo Sterzi (Por que ler Dante). A atriz Lavínia Pannunzio intervirá lendo trechos das obras.
Local: Av. Paulista, 119 - Paraíso. São Paulo - SP.
Os ingressos devem ser retirados 1 hora antes na bilheteria do Sesc.