Fábio Mariano - Habsburgo
Fábio Mariano - Habsburgo - Editora Patuá - 136 Páginas - Ilustração, Projeto gráfico e Diagramação de Leonardo Mathias - Lançamento: 2019
Um círculo de enigmáticos personagens convive nesta novela entre o mercado de artes plásticas e o ambiente universitário. Carlos, que é o condutor da narrativa em primeira pessoa, se dedica à carreira acadêmica e mantém uma peculiar relação de amizade com Coca Munhoz que ambiciona se tornar artista plástico, mas cada um tem uma forma diferente de lidar com suas escolhas e dilemas de formação.
Caco Munhoz é o ponto de convergência dessas pessoas que seguem um protocolo de conduta regido somente pela vaidade e interesses pessoais: Ekaterina Stolanyi, filha de um engenheiro húngaro e de uma tradutora russa, casada com o professor Pedro Krausz, Sonja Linnenbäumer, ex-chefe do departamento de letras e o nada ético Dietmar Struna, professor orientador do doutorado de Carlos na Alemanha que o abandona para se tornar marchand de Caco Munhoz no Brasil. No decorrer da narrativa, fica claro que, nessas relações, deve-se abrir mão de algo importante para obter algum ganho em troca.
O livro apresenta um charme globalizante muito original ao lidar com nacionalidades tão diferentes, oscilando de países do leste europeu até a fictícia cidade de Cartago no Brasil onde se localiza a Universidade no período inicial e final da novela. O trecho abaixo descreve a fase ingênua de estudantes dos dois colegas fora das salas de aula.
Caco Munhoz é o ponto de convergência dessas pessoas que seguem um protocolo de conduta regido somente pela vaidade e interesses pessoais: Ekaterina Stolanyi, filha de um engenheiro húngaro e de uma tradutora russa, casada com o professor Pedro Krausz, Sonja Linnenbäumer, ex-chefe do departamento de letras e o nada ético Dietmar Struna, professor orientador do doutorado de Carlos na Alemanha que o abandona para se tornar marchand de Caco Munhoz no Brasil. No decorrer da narrativa, fica claro que, nessas relações, deve-se abrir mão de algo importante para obter algum ganho em troca.
O livro apresenta um charme globalizante muito original ao lidar com nacionalidades tão diferentes, oscilando de países do leste europeu até a fictícia cidade de Cartago no Brasil onde se localiza a Universidade no período inicial e final da novela. O trecho abaixo descreve a fase ingênua de estudantes dos dois colegas fora das salas de aula.
"Detestávamos essas festas. Ele começara a fazê-las para levantar algum dinheiro e pagar o aluguel; eu as frequentava inquieto, incomodado, saindo de tempo em tempo para pegar algum ar, mas prestando atenção ou até participando, por vezes, de algumas conversas; por curiosidade mórbida ou preguiça de que alguém, me vendo sozinho, não me permitisse escolher sobre o que falar. E falavam: de como os professores eram bons ou ruins; de qual tipo de droga preferiam entre os estimulantes e as psicotrópicas; do fato de você gostar de um escritor por ter lido os livros errados, ou de estar errado por não gostar dele; dos cursos que pretendiam dar quando fossem docentes; do quanto os alunos e professores da capital eram impessoais, secos, e do quanto o vestibular daquela faculdade, "ao contrário da nossa", exigia robôs reprodutores de apostilas e não seres pensantes [...]" (p. 46)Fábio Mariano nos apresenta uma narrativa pouco comum sobre a construção e a destruição de um determinado círculo de relações – que não podemos chamar de amizades – e de como essas relações influíram nas ações individuais. Um livro sobre a responsabilidade e o preço de nossas escolhas, exemplificado pelo trecho abaixo, no qual Caco Munhoz explica como ignorou os desvios morais do seu agente Dietmar Struna, processado na Alemanha por assédio sexual, em troca do sucesso em sua carreira como artista plástico.
"[...] 'Entendeu, Carlos, porque eu vim? Por você, pelo Pedro, pela porra do círculo. Eu perdi tudo. Eu ganhei muita coisa com o Dietmar, e foi bom! Foi bom ter ganhado, foi bom ter a carreira administrada por um profissional, um assediador sexual do caralho, sim, mas um profissional, que me fez ser reconhecido, que me fez ganhar dinheiro, que me realizou o sonho de ser uma merda de artista profissional! Você, você é um professor, um acadêmico, você, Pedro, ele não!'" (p. 102)Sobre o autor: Fábio Mariano nasceu em São Paulo, capital, mas foi criado em Campinas, SP, onde vive desde o seu primeiro ano de vida. É formado em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Campinas, e defendeu em 2015, nessa mesma instituição, sua dissertação de mestrado em Teoria Literária sobre a obra de William Faulkner na França. Publicou O Gelo dos Destróieres, seu livro de estreia, pela Patuá, em 2018, além contos nas revistas Arcádia, Mallarmargens e no portal Literatura e Fechadura. Habsburgo é sua primeira novela publicada.
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