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Mostrando postagens de agosto, 2025

Valéria Macedo - A falta que ela faz

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Valéria Macedo - A falta que ela faz - Editora Patuá - 100 Páginas - Capa e projeto gráfico: Juliana Estevo - Lançamento: 2024. Valéria Macedo utiliza em seu romance de estreia uma linguagem simples e direta para abordar temas complexos do universo feminino contemporâneo, principalmente os dilemas e ambiguidades entre os papéis de mãe e mulher, que muitas vezes não são coincidentes — por vezes, chegam a se excluir mutuamente. O romance apresenta quatro gerações de mulheres, com foco na narradora não nomeada, que enfrenta os julgamentos e desafios de uma maternidade solo enquanto lida com os crescentes e misteriosos episódios de afastamento de sua filha Alma — em cada evento, alguns preciosos segundos de desaparecimento são roubados de suas vidas em comum. Os vazios e silêncios da menina parecem antecipar a falta de comunicação e apoio da própria mãe da protagonista, Glória. Nesse cenário de ausências e fragilidades, os traumas de sua criação vêm à tona, e é nas lembranças da avó Aurora...

Matheus Borges - Frankito em chamas

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Matheus Borges - Frankito em chamas - Editora Todavia - 160 Páginas - Capa e ilustração de capa: Giovanna Cianelli - Lançamento: 2025. Depois de seu romance de estreia, Mil Placebos — inspirado em um tema atual e provocador, o distorcido mundo virtual que privilegia a desinformação em detrimento do conhecimento tradicional, além dos transtornos de personalidade cada vez mais evidentes nas redes sociais — Matheus Borges volta-se, em seu mais recente lançamento, para um cenário pouco explorado na literatura: os bastidores de um set de filmagem. Em Frankito em Chamas , o protagonista-narrador, um roteirista de cinema, viaja ao balneário de La Pedrera, no litoral uruguaio, a convite da produção para acompanhar a realização de um longa-metragem que escreveu. Como costuma ocorrer nesse tipo de ambiente, a equipe é obrigada a conviver por longos períodos, aguardando o momento de filmar pequenos trechos do roteiro. Neste caso, a sensação de isolamento é intensificada pela hospedagem em um hot...

Sonia Zaghetto - Histórias escritas na água

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Sonia Zaghetto - Histórias escritas na água - Editora Patuá - 256 Páginas - Capa, Projeto gráfico e diagramação: Tarcisio Ferreira - Lançamento: 2025. O romance de Sonia Zaghetto descortina um ambicioso universo de realismo mágico, onde vida e morte se entrelaçam em narrativas densas e poéticas. Sete personagens, abrigados de uma tempestade em uma casa abandonada no coração da selva amazônica, compartilham suas histórias diante de uma cena perturbadora: o corpo de uma mulher morta repousa sobre a mesa, e um ritual de preparação se inicia, envolto em mistério e simbolismo. À medida que a autora entrelaça os fios dessas trajetórias, revelam-se conexões inesperadas que transcendem tempo e espaço, tendo como ponto comum em todas as narrativas a frágil condição humana — marcada pela inevitável alternância do limitado ciclo da existência, entre muitos erros e raros acertos. A primeira história revelada é a do guia Manoel, que retorna da morte no exato momento de seu próprio enterro. Esse aco...

Enzo Fuji - Perpetuando a ilha de Jeju com tangerinas

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Enzo Fuji - Perpetuando a ilha de Jeju com tangerinas - Editora Mondru - 280 Páginas - Capa e projeto gráfico: Jeferson Barbosa - Lançamento: 2025. Recentemente, publiquei por aqui uma resenha sobre o romance "Sem despedidas" da sul-coreana Han Kang, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2024, ambientado na ilha vulcânica de Jeju, conhecida devido ao massacre de mais de trinta mil pessoas pelo governo coreano após a Segunda Guerra Mundial, entre 1948 e 1949, antes da Guerra da Coreia em 1950. O livro de Enzo Fuji, aborda outras características da ilha, conhecida também  pelas mulheres mergulhadoras locais sem equipamentos de respiração, chamadas Haenyeo que coletam ouriços-do-mar, polvos e algas nas águas frias do oceano. Essa prática, transmitida de geração em geração, é mais do que uma ocupação — representa um símbolo de resistência, identidade e vínculo comunitário, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A prosa poética de Enzo Fuji...