Luz em Agosto - William Faulkner
William Faulkner - Luz em Agosto - Editora Cosac Naify - 440 páginas - Publicação 2007 - Tradução de Celso Mauro Paciornik.
William Faulkner (1897-1962), prêmio Nobel de Literatura de 1949 e prêmios Pullitzer de 1955 e 1963 (póstumo), é considerado um autor de referência na literatura norte-americana do século XX e um dos mais influentes em toda a prosa mundial, tendo sido definido como "o mais notável romancista de nosso tempo" por Jorge Luis Borges.
William Faulkner (1897-1962), prêmio Nobel de Literatura de 1949 e prêmios Pullitzer de 1955 e 1963 (póstumo), é considerado um autor de referência na literatura norte-americana do século XX e um dos mais influentes em toda a prosa mundial, tendo sido definido como "o mais notável romancista de nosso tempo" por Jorge Luis Borges.
Luz em Agosto, publicado originalmente em 1932, sétimo romance de Faulkner, é o resultado de uma narrativa não linear e polifônica que tem como personagem central Joe Christmas, um branco que acredita ter sangue negro, atormentado pela falta de identidade e sofrendo todo tipo de violência e intolerância racial no sul dos Estados Unidos durante a década de 1930, período da lei seca. A narrativa secundária tem como base a adolescente órfã Lena Grove que vem do Alabama para Jefferson, Mississippi (uma cidade do condado fictício de Faulkney, Yokanapatawpha) procurando o homem que a abandonou grávida. Sua chegada coincide com o assassinato de Joana Burden, mulher solteira e conhecida na região por ser simpática à causa dos negros, de quem Christmas foi amante.
O reverendo Hightower, um homem que foi abandonado no passado pela preconceituosa sociedade local da cidade de Jefferson, devido à morte da esposa adúltera, funciona como elo de ligação entre os personagens. No desenvolvimento da narrativa adivinhamos o martírio e o final trágico de Joe Christmas (o nome do personagem é uma referência clara a Jesus Cristo) que não conseguirá escapar do seu destino.
"Byron Bunch sabe o seguinte: foi numa manhã de sexta-feira, três anos atrás. E o grupo de homens que trabalhava no galpão da serraria levantou os olhos e viu o estranho ali parado, olhando na sua direção. Eles não sabiam há quanto tempo ele estava ali. Parecia um vagabundo, mas também não exatamente um vagabundo. Seus sapatos estavam empoeirados, e a calça, encardida. Mas ela era de sarja decente, bem vincada, e a camisa estava suja mas era uma camisa branca, e ele usava uma gravata e um chapéu de palha bastante novo inclinado num ângulo arrogante e provocador sobre o rosto impassível. Não parecia um vagabundo profissional em andrajos profissionais, mas havia nele alguma coisa definitivamente desarraigada, como se nenhuma vila ou cidade fosse sua, nenhuma rua, nenhuma parede, nenhum quadrado de terra seu lar. E parecia carregar sempre consigo essa consciência como se fosse uma bandeira, com um quê de implacável, solitário e quase altivo. 'Como se', disseram os homens mais tarde, 'andasse apenas sem sorte por algum tempo e não pretendesse ficar nisso, e não fizesse caso de como se ergueria.' Ele era moço. E Byron o observou ali parado e olhando para os homens nos macacões manchados de suor, com um cigarro num canto da boca e o rosto sombria e desdenhosamente impassível meio de lado por causa da fumaça. Passado um instante, ele cuspiu o cigarro sem encostar a mão, deu meia-volta e foi até o escritório da serraria, enquanto os homens de macacões desbotados e sujos do trabalho olhavam-no pelas costas com uma espécie de perplexo sentimento de afronta. "Devíamos passá-lo na plaina", disse o capataz. 'Talvez isso tirasse esse ar da sua cara.'" - Descrição da chegada de Joe Christmas em Jefferson (Pág. 30)Marçal Aquino escreveu o texto de orelha desta edição e resumiu muito bem o que podemos esperar desta obra que é inspirada pelo clima brutal de segregação racial no sul dos Estados Unidos: "Há escritores que escrevem grandes livros. Há outros mais raros, que instauram mundos. William Faulkner pertence a essa linhagem (...) É nesse ambiente de fracasso, culpa, preconceito e fanatismo religioso que se debatem os personagens de Luz em Agosto, todos em busca de seu lugar num mundo que reservou para eles apenas um destino trágico".
Vale ressaltar o primoroso trabalho desta já rara (e cara, quando encontrada) edição pela extinta Cosac Naify que, como sempre, soube valorizar a obra e o leitor. O romance tem previsão de lançamento pela Editora Companhia das Letras para agosto de 2018, mas fico imaginando como será difícil para o pessoal responsável pelo projeto gráfico criar uma capa mais bonita do que esta.
Comentários
Falando em autores americanos, você já leu James Baldwin? Tem um conto dele, chamado 'Sonny's Blues', que é simplesmente lindo.
Beijos,
um abraço,
clara lopez
Quando é que retorna o "Contando Causos"? Estamos todos com saudades de suas crônicas.
Obrigado pela visita e não deixe de mandar notícias!
um abraço,
clara lopez