Bicentenário de Edgar Allan Poe
Este é o selo comemorativo emitido pelo correio americano - United States Postal Service - para o bicentenário de nascimento de Edgar Allan Poe (Boston, 19 de Janeiro de 1809 - Baltimore, 7 de Outubro de 1849), o autor que melhor soube representar o mistério da morte na literatura e que também morreu solitário como a maioria de seus personagens. Segundo afirmação de Jorge Luis Borges: "A literatura atual seria inconcebível sem Whitman e sem Poe" uma verdade incontestável, pelo menos no meu entendimento, pois foi um escritor que marcou os versos de Charles Baudelaire a Fernando Pessoa.
Segundo Ricardo Araújo em Edgar Allan Poe - O Homem e Sua Sombra (Ateliê Editorial - 2002), "O álcool foi um fator importante na vida do poeta. Na verdade, foi um dos responsáveis pela sua prematura morte. Mas não foi o único. Existiam outros. Um deles era sua personalidade ambígua, que se movia entre os antagonismos alegria/melancolia, vida/morte, delicadeza/agressividade, mas que era, antes de mais nada, uma personalidade sensitiva e observadora". Por tantos motivos e, principalmente, por ter marcado definitivamente o meu amor pela literatura e livros, não poderia deixar passar em branco esta data.
A poesia abaixo é o resumo da vida da Poe: "Desde criança eu não fui / como os outros foram / e não vi / como os outros viram (...) Tudo o que amei, só eu amei (...)" - Impossível a tradução completa, sem trair a perfeição dos versos.
Segundo Ricardo Araújo em Edgar Allan Poe - O Homem e Sua Sombra (Ateliê Editorial - 2002), "O álcool foi um fator importante na vida do poeta. Na verdade, foi um dos responsáveis pela sua prematura morte. Mas não foi o único. Existiam outros. Um deles era sua personalidade ambígua, que se movia entre os antagonismos alegria/melancolia, vida/morte, delicadeza/agressividade, mas que era, antes de mais nada, uma personalidade sensitiva e observadora". Por tantos motivos e, principalmente, por ter marcado definitivamente o meu amor pela literatura e livros, não poderia deixar passar em branco esta data.
A poesia abaixo é o resumo da vida da Poe: "Desde criança eu não fui / como os outros foram / e não vi / como os outros viram (...) Tudo o que amei, só eu amei (...)" - Impossível a tradução completa, sem trair a perfeição dos versos.
Alone
(Edgar Allan Poe)
From childhood's hour I have not been
As others were - I have not seen
As others saw - I could not bring
My passions from a common spring.
From the same source I have not taken
My sorrow; I could not awaken
My heart to joy at the same tone;
And all I lov'd, I loved alone.
Then - in my childhood - in the dawn
Of a most stormy life - was drawn
From ev'ry depth of good and ill
The mystery which binds me still:
From the torrent, or the fountain,
From the red cliff of the mountain,
From the sun that 'round me roll'd
In its autumn tint of gold -
From the lightning in the sky
As it pass'd me flying by -
From the thunder and the storm,
And the cloud that took the form
(When the rest of Heaven was blue)
Of a demon in my view.
Comentários
Em tempo foi no seu blog que me lembrei do livro da V.Woolf que queria ler faz tempo. Então nota 10.
Grande Abraço
Marcos
No ano passado tivemos comemoração do centenário de dois autores, Machado e Guimarães Rosa, e não vi, de parte do governo, nada que lembrasse a população.
As iniciativas, quando acontecem aqui, vem por parte das universidades, que pouco ou nunca recebem apoio do governo para a realização desses eventos.
Particularmente, adoro o Poe e a literatura fantástica. Parabésn pelo post!
No caso específico de Machado de Assis, durante o ano passado, até que ocorreram diversos eventos comemorativos no país e recebi também muitas buscas (via google) por aqui sobre o centenário da morte dele.
Um abraço
Tais
Sua visita deu-me a oportunidade de conhecer o seu blog, com matérias da melhor qualidade, como é o caso do texto sobre Edgar Allan Poe, um nome indispensável em nossa biblioteca,tanto prosa como poesia. Gosto muito do poema 'O Corvo', traduzido por dois nomes importantes: Machado de Assis e Fernando Pessoa.
Um abraço.
Pedro.
Como você já sabe, sou fã de Poe e já até escrevi um artigo sobre sua grande influência no meu relacionamento com a literatura. Tenho as obras completas deste mestre.
Sobre sua personalidade, dá para supor que era um cara “bipolar”.
Nao sei se voce sabe, mas todo o dia de sua morte, em outubro - desculpe mas esqueci o dia - o tumulo dele amanhace com uma rosa vermelha e uma garrafa de brandy pela metade. Isso alimentou varias lendas na regiao de Baltimore.
A postagem da arte esta otima! Aprendi muito com os debates.
Abraco, Chico.
Toda a vida de Poe sempre esteve envolvida em um clima de mistério. Ele mesmo parecia contribuir com essa imagem vestindo-se sempre de preto. Um autor que se confundia com as personagens.
Certo dia, na faculdade, tive uma aula vaga e entrei na sala de uma professora que ia analisar o conto A queda da casa de Usher. Em certa altura, um aluno perguntou se ela sabia quem tinha influenciado Poe em suas teorias sobre a escrita. Ela respondeu que, embora não se saiba ao certo, parece ter sido Aristóteles sua principal inspiração, especialmente quanto ao efeito final, que provoca uma maior impressão no leitor.
Curiosamente, relendo a Odisseia, no trecho em que Ulisses revela sua verdadeira identidade ao ciclope Polifemo, havia essa nota de rodapé:
"Observa Aristóteles em sua Retórica (II, 3, 16) que a ira só se acalma quando aquele que foi punido sabe quem foi desprezado por ele, e qual a mão que o puniu."
Já leu o conto do Poe, O barril de Amontillado? É construído exatamente em cima dessa idéia de Aristóteles.
Adoro selos. E se para está comemoração melhor ainda.
Parabéns pelo texto!
Anny.
Muito bem lembrado.
Abraço
Aprendo tanto em seu blog.
Obrigado por ter me explicado a diferença entre novela e romance.
Nunca pensei nesta associação de Poe com Aristóteles, mas tenho que admitir que a citação que você destacou é uma espécie de resumo moral deste conto. Não é incrível como a literatura é a constatação de que não há nada de novo no pensamento do homem?
Li o O barril de Amontillado pela primeira vez uns 6 anos atrás. Ano passado, reli para uma aula que tive a respeito das técnicas do Poe. A aula foi bem interessante, mas o que mais chocou todo mundo - a mim, inclusive - foi quando o professor começou a montar o quebra-cabeças sobre a identidade do você/vós que aparece logo no primeiro parágrafo:
•alguém que conhece bem a natureza do caráter de Montresor;
•alguém que não poderia revelar o que lhe estava sendo contado, pois esta é uma vingança perfeita;
•estamos na Itália, um país católico;
•o detalhe da última frase: In pace requiescat (descanse em paz - parte da liturgia cristã dos mortos).
Ninguém menos que um padre confessor... O mais maligno disso tudo é que a vingança, de certa forma, continuaria na mente do padre: ele saberia de um crime e nada poderia fazer a respeito. As últimas palavras, pelo visto, em vez de serem proferidas pelo religioso, foram ditas por Montresor a ele, ou seja, "descanse em paz você - se puder".
Genial!
Kovacs, desculpe invadir assim. Abraco grande, Chico.
Interessante como Poe não deixa explícito qual ofensa teria Fortunato feito a Montresor para receber tamanho castigo com requintes de crueldade. Fica, portanto, evidente a loucura de Montresor na desproporção de sua vingança.
Quanto ao padre confessor, faz todo sentido, pois permite a Montresor apreciar a sua obra ao dividi-la com um ouvinte impotente para castigá-lo. Mais uma prova da loucura da personagem que só Poe poderia ter criado.
Obrigado por compartilhar a análise deste conto.
"É VERDADE! Tenho sido e sou nervoso, muito nervoso, terrivelmente nervoso! Mas, por que ireis dizer que sou louco? A enfermidade me aguçou os sentidos, não os destruiu, não os entorpeceu. Era penetrante, acima de tudo, o sentido da audição. Eu ouvia coisas, no céu e na terra. Muitas coisas do inferno ouvia. Como, então, sou louco? Prestai atenção! E observai quão lucidamente , quão calmamente vos posso contar toda a estória."
Como conseguir interromper a leitura após uma abertura assim? Uma marca do gênio de Poe.
Imagine. Adoro papear sobre literatura, e seu blog é uma inspiração.
Quanto ao que você disse, me parece ser exatamente isso que o Poe pretendia manipular: o como. Ele simplesmente "apaga" o porquê e ainda assim nossa curiosidade nos leva até o fim.
Li O coração denunciador no começo do mês. É impossível interromper a leitura depois desse início.
Chico,
O Gato Preto é bárbaro. A ironia do nome do gato: Pluto/Plutão, deus do mundo dos mortos na mitologia romana (Hades, na grega).