Cristovão Tezza - O espírito da prosa
Cristovão Tezza - O espírito da prosa - uma autobiografia literária - Editora Record - 224 páginas - lançamento 2012.
Cristovão Tezza escreveu este ensaio sobre romances e criação literária com uma característica autobiográfica muito rara no mercado editorial. De fato, é louvável a coragem com que o premiado autor descreve não apenas as suas influências literárias, fato bastante comum no ramo mas, sobretudo, o caminho espinhoso dos primeiros romances que nunca chegaram a ser publicados, as dúvidas e impasses até a descoberta do próprio estilo e o esforço para descobrir o que leva alguém a escrever. No caso do próprio Tezza: "um misto de infelicidade e esperança", como ele declara em uma das definições brilhantes deste livro e explica: "pessoas felizes não escrevem. Há um milhão de coisas mais interessantes à disposição dos felizes — por que diabos iriam eles largar os prazeres tranquilos da felicidade pela incerta e terrível solidão da escrita que, quando de fato assumida, é uma viagem sem volta?".
Por sinal, esta é uma daquelas resenhas em que deixo o próprio texto do autor exemplificar o teor do livro, isto ocorre normalmente quando existem várias citações geniais no livro resenhado, como nesta outra parte em que Tezza fala sobre a busca pela autenticidade: "o ato de escrever, ou de fazer arte, tem sempre uma dose necessária de vaidade às vezes francamente infantil; e dessa infância do gesto também há o invencível desejo de agradar, que é uma armadilha perigosa, especialmente pra quem escreve". Ou aqui, onde ele alerta para o perigo do sentimentalismo gratuito: "o sentimento é o ácido da literatura; extrato caro e difícil, só pode ser usado em gotas, para criar relevos sutis na chapa de metal.".
Sobre a poesia, o autor confessa francamente uma certa frustração por não ter conseguido atingir em sua carreira o nível de qualidade que ele consideraria adequado: "Como eu jamais consegui dar conta das exigências da poesia, que são terríveis e enigmáticas — nunca escrevi um único poema que me deixasse realmente feliz —, reservei meus versos apenas para o humor e, eventualmetne, às encomendas do amor, sempre pouco exigente, quando o foco da alma está mais na pele que na literatura.".
Tezza também não se furta a comentar a influência de nossa era digital na literatura, chamando a atenção para o fato de que hoje ninguém mais escreve cartas e mesmo o e-mail que já está aos poucos se tornando obsoleto "é quase sempre guardado numa gaveta de vento, que desaparece ou se apaga a cada mudança de programa ou computador" e está sendo substituído por "notas taquigráficas digitais que se espalham e se multiplicam sem direção, endereço ou destinatário pelo twitter e pelas colônias superpovoadas de redes sociais, a todos e a ninguém.". Um cenário assustador para um escritor, mas também um desafio na busca de novas formas de expressão artística e uma grande interrogação sobre o futuro da palavra escrita, ou melhor, novamente nas palavras do autor: "uma nova página em branco para escrever".
Por sinal, esta é uma daquelas resenhas em que deixo o próprio texto do autor exemplificar o teor do livro, isto ocorre normalmente quando existem várias citações geniais no livro resenhado, como nesta outra parte em que Tezza fala sobre a busca pela autenticidade: "o ato de escrever, ou de fazer arte, tem sempre uma dose necessária de vaidade às vezes francamente infantil; e dessa infância do gesto também há o invencível desejo de agradar, que é uma armadilha perigosa, especialmente pra quem escreve". Ou aqui, onde ele alerta para o perigo do sentimentalismo gratuito: "o sentimento é o ácido da literatura; extrato caro e difícil, só pode ser usado em gotas, para criar relevos sutis na chapa de metal.".
Sobre a poesia, o autor confessa francamente uma certa frustração por não ter conseguido atingir em sua carreira o nível de qualidade que ele consideraria adequado: "Como eu jamais consegui dar conta das exigências da poesia, que são terríveis e enigmáticas — nunca escrevi um único poema que me deixasse realmente feliz —, reservei meus versos apenas para o humor e, eventualmetne, às encomendas do amor, sempre pouco exigente, quando o foco da alma está mais na pele que na literatura.".
Tezza também não se furta a comentar a influência de nossa era digital na literatura, chamando a atenção para o fato de que hoje ninguém mais escreve cartas e mesmo o e-mail que já está aos poucos se tornando obsoleto "é quase sempre guardado numa gaveta de vento, que desaparece ou se apaga a cada mudança de programa ou computador" e está sendo substituído por "notas taquigráficas digitais que se espalham e se multiplicam sem direção, endereço ou destinatário pelo twitter e pelas colônias superpovoadas de redes sociais, a todos e a ninguém.". Um cenário assustador para um escritor, mas também um desafio na busca de novas formas de expressão artística e uma grande interrogação sobre o futuro da palavra escrita, ou melhor, novamente nas palavras do autor: "uma nova página em branco para escrever".
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Comentários
Cristovão Tezza, que autor sensível, maravilhoso.
A humanidade precisa mesmo de "uma nova página em branco para escrever".
Obrigada por publicar.