Filosofia na Visão de Bertrand Russell
Bertrand Arthur William Russell (1872-1970) foi um dos filósofos mais influentes do século XX, tendo se destacado por seus trabalhos no campo da lógica matemática e filosofia analítica. Em 1950, Russell recebeu o Prêmio Nobel de Literatura "em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento". O texto abaixo foi encaminhado pelo meu amigo Quintanilha que tem colaborado bastante com este “Mundo de K” na área de Filosofia. É uma abordagem de Bertrand Russell pouco divulgada e conhecida sobre a definição e o enquadramento da Filosofia nas áreas do conhecimento humano.
"Filosofia é uma palavra que tem sido empregada de várias maneiras, umas mais simples, outras mais restritas. A Filosofia, conforme entendo a palavra, é algo intermediário entre a Teologia e a Ciência, como Teologia consiste de especulações sobre assuntos a que o conhecimento exato não conseguiu até agora chegar, mas, como a Ciência, apela mais à razão humana do que à autoridade, seja esta a da tradição ou da revelação. Todo conhecimento definido pertence à Ciência; e todo dogma, quanto ao que ultrapassa o conhecimento definido, pertence à Teologia. Mas entre a Teologia e a Ciência existe uma Terra de ninguém: é a Filosofia. Quase todas as questões do máximo interesse para os espíritos especulativos são de tal índole que a Ciência não pode as responder, e as respostas confiantes dos teólogos já não nos parecem tão convincentes como o eram nos séculos passados.
Acha-se o mundo dividido em espírito e matéria? E, supondo-se que assim seja, o que é espírito e o que é matéria? Acham-se os espíritos sujeito à matéria, ou eles são dotados de forças independentes? Possui o universo algum propósito? Está ele evoluindo de alguma maneira rumo a alguma finalidade? Existe realmente alguma Lei da Natureza ou acreditamos nelas devido unicamente ao nosso amor inato pela ordem? É o homem o que ele parece ser ao astrônomo, isto é, um minúsculo conjunto de carbono e água a rastejar, imponentemente, sobre um pequeno planeta sem importância? Ou é ele o que parece ser a Hamlet? Acaso é ele, ao mesmo tempo, ambas às coisas? Existe alguma maneira de viver que seja nobre e outra que seja baixa, ou todas as maneiras de se viver são simplesmente inúteis? Se há um modo de vida nobre, em que consiste ele, e de que maneira praticá-lo? Deve o Bem ser eterno, para merecer o amor que lhe atribuímos, ou vale a pena procurá-lo, mesmo que o universo se mova, inexoravelmente, para a morte? Existe sabedoria, ou o que nos parece tal não passa do último refinamento da loucura? Tais questões não encontram respostas nos laboratórios, e os teólogos tem pretendido dar suas respostas, todas elas demasiado concludentes, mas a sua própria segurança faz com que o espírito moderno as encare com suspeita. O estudo de tais questões, mesmo que não se resolvam esses problemas, constitui o empenho da Filosofia."
Comentários
Boas questões foram colocadas. Quem se habilita a responde-las? Adianta procurar respostas entre nós?
Grande abraço ao Quinta e ao Kovacs.
Vida eterna às mentes brilhantes!
Sorte a minha contar com amigos assim!
Kovacs, fiz uma pequena pausa nas minhas férias para passar pelos blogs amigos que tantos bons momentos me proporcionaram neste ano e desejar a cada um de vocês um Ano Novo pleno de alegrias e realizações.
Um grande abraço.
Que explicação ótima para o que é Filosofia! Aproveitando o tema, deixo um frase do livro que acabei de ler, Memórias de Adriano:
"Há mais de uma sabedoria, e todas são igualmente necessárias ao mundo."
Feliz 2009!
Sabe que esta página de comentários é sempre inspiração a novos temas?
Já que o assunto é "verdade", respondo com outro mestre:
""A verdade não está com os homens, mas entre os homens." (Sócrates)
Tenham um excelente dia!
Gosto muito Bertrand Russel. Tenho dois livroa dele. Aliás, gosto de Filosofia.
Bjs.
Anny
1 abraço
gostaria q vc revelasse quais livros te marcaram em 2008, talvez os Top5. o q me diz?
1 abraço
(1) Luz em Agosto - William Faulkner;
(2) O Som e a Fúria - William Faulkner;
(3) Desonra - J.M. Coetzee;
(4) Sobre Heróis e Tumbas - Ernesto Sabato;
(5) O Assassinato e Outras Histórias - Anton Tchekhov.
Agora vou lá no seu blog ver a sua lista top 5 de 2008.
grande abraço