Macedonio Fernández - Museu do romance da Eterna
Macedonio Fernández - Museu do romance da Eterna - Editora Cosac Naify - 266 páginas - Tradução de Gênese Andrade - Projeto Gráfico - Elaine Ramos - Lançamento 2011.
O argentino Macedonio Fernández (1874-1952) demorou mais de quarenta anos para ser traduzido no Brasil e é um tanto difícil definir o seu complicado estilo que influenciou muitos autores consagrados como Jorge Luis Borges e Cortázar, modernista sem dúvida, algo entre o surrealismo e a literatura experimental. O texto a seguir, extraído de uma carta do autor para Borges, e destacado pela editora Cosac Naify na apresentação do livro, dá uma boa pista sobre o que podemos aguardar do romance da Eterna: "Caro Jorge Luis, desculpe-me por não ter ido ontem à noite. Eu estava indo, mas sou tão distraído que no caminho me lembrei que havia ficado em casa. Estas constantes distrações são uma vergonha, e às vezes esqueço de me envergonhar também".
Macedonio Fernández é avesso a qualquer tipo de realismo e entende que a incompletude é a chave para a verdadeira ficção, de preferência nas mãos de um leitor "salteado". Assim, o romance não tem início meio ou fim e é precedido por intermináveis fragmentos ou prólogos que esboçam os contornos do romance e seus personagens. Não é uma leitura simples e muitas vezes chegamos a ficar cansados com as exaustivas digressões do autor, mas, no entanto, tudo se ilumina quando Macedonio tira os seus coelhos da cartola e nos surpreende com passagens como esta à seguir do prólogo "Ao leitor salteado".
O argentino Macedonio Fernández (1874-1952) demorou mais de quarenta anos para ser traduzido no Brasil e é um tanto difícil definir o seu complicado estilo que influenciou muitos autores consagrados como Jorge Luis Borges e Cortázar, modernista sem dúvida, algo entre o surrealismo e a literatura experimental. O texto a seguir, extraído de uma carta do autor para Borges, e destacado pela editora Cosac Naify na apresentação do livro, dá uma boa pista sobre o que podemos aguardar do romance da Eterna: "Caro Jorge Luis, desculpe-me por não ter ido ontem à noite. Eu estava indo, mas sou tão distraído que no caminho me lembrei que havia ficado em casa. Estas constantes distrações são uma vergonha, e às vezes esqueço de me envergonhar também".
Macedonio Fernández é avesso a qualquer tipo de realismo e entende que a incompletude é a chave para a verdadeira ficção, de preferência nas mãos de um leitor "salteado". Assim, o romance não tem início meio ou fim e é precedido por intermináveis fragmentos ou prólogos que esboçam os contornos do romance e seus personagens. Não é uma leitura simples e muitas vezes chegamos a ficar cansados com as exaustivas digressões do autor, mas, no entanto, tudo se ilumina quando Macedonio tira os seus coelhos da cartola e nos surpreende com passagens como esta à seguir do prólogo "Ao leitor salteado".
"Confio que não terei leitor seguido. Seria o que pode causar o meu fracasso e despojar-me da celebridade que mais ou menos canhotamente procuro escamotear para algum de meus personagens. E isso de fracassar é um luzimento que não cabe à idade.
Ao leitor salteado me acolho. Eis que leste todo o meu romance sem saber, te tornaste leitor seguido e insabido ao te contar tudo dispersamente e antes do romance. Comigo, o leitor salteado é o que tem mais chances de ler seguido.
Quis distrair-te, não corrigir-te, porque ao contrário és o leitor sábio, pois praticas o entreler que é o que mais forte impressão lavra, conforme minha teoria de que os personagens e os fatos só insinuados, habilmente truncados, são os que mais ficam na memória.Dedico-te meu romance, Leitor Salteado, me agradecerás uma sensação nova: o ler seguido. Ao contrário, o leitor seguido terá a sensação de uma nova maneira de saltear: a de seguir o autor que salta."
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