Vicente Aleixandre - Poemas de la consumación
O poeta espanhol Vicente Aleixandre (1898-1984), mesmo tendo sido premiado com o Nobel de Literatura em 1977, não é tão divulgado quanto Federico García Lorca, morto durante a guerra civil espanhola e também integrante da geração de 27 com Rafael Alberti, Luis Cernuda, Jorge Guillén, Pedro Salinas, Dámaso Alonso e Gerardo Diego.
Algumas vezes Vicente Aleixandre é citado como um poeta do movimento surrealista, mas o próprio declarou que nunca se sentiu um poeta surrealista "porque nunca acreditou no estritamente onírico, na escrita 'automática', na sua consequente abolição da consciência artística".
Algumas vezes Vicente Aleixandre é citado como um poeta do movimento surrealista, mas o próprio declarou que nunca se sentiu um poeta surrealista "porque nunca acreditou no estritamente onírico, na escrita 'automática', na sua consequente abolição da consciência artística".
A poesia de Vicente Aleixandre em sua última fase é marcada pelo livro Poemas de la consumación de 1968 em que o autor escreve sobre o amor e a juventude, a velhice e a morte. A consumação de que os poemas tratam nesta obra é justamente a morte e o difícil conhecimento que o homem atinge na velhice, na certeza do seu próximo e inevitável fim. Selecionei o curto poema abaixo em que o tema é abordado com sensibilidade e criatividade.
Rosto Atrás do Vidro
(Olhar do Velho)
Ou tarde ou cedo ou nunca.
Mas por trás do vidro o rosto insiste.
Junto a umas flores naturais a própria flor se mostra
sob a forma de cor, ou face, ou rosa.
Por trás do vidro a rosa é sempre rosa.
Mas sem perfume.
A juventude distante é ela própria.
Mas aqui não se ouve.
Só a luz atravessa o vidro virgem.
A tradução acima é de José Bento na Antologia de Vicente Aleixandre, Editorial Inova / Porto - dezembro de 1977.
Comentários
Não conhecia esse autor.
Muito bom, K. Vou conhecer+
Obrigado.