Ray Bradbury - Fahrenheit 451

Literatura inglesa
Ray Bradbury - Fahrenheit 451 - Editora Globo - 215 páginas - Tradução de Cid Knipel - Prefácio de Manuel da Costa Pinto - Capa: Delfin (Studio DelRey) - Edição 2012.

Um livro visionário de Ray Bradbury (1920-2012) que, lançado originalmente em 1953, descreve um regime totalitário no futuro, assim como 1984 ou Revolução dos Bichos, ambos de George Orwell, influenciados respectivamente pelo nazismo e stalinismo. A diferença é que neste romance não há a imagem de um ditador como o famoso Big Brother de 1984, o que pode ser ainda pior, porque a própria sociedade se controla e auto-censura criando uma ditadura da maioria. Ray Bradburry imaginou um terrível mundo no qual os livros são proibidos e queimados, o povo mantido alienado através de programas interativos transmitidos continuamente por gigantescas telas de TV, objetos de consumo desta estranha sociedade (tão parecida com a nossa).

Em Fahrenheit 451, com o subtítulo de "A temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima...", os livros, todos considerados ilegais são, à partir de denúncias da população, queimados pelos bombeiros, uma instituição que perdeu a sua finalidade original de apagar incêndios já que as residências são construídas, neste futuro incerto, à partir de materiais incombustíveis. O protagonista Guy Montag é um desses "bombeiros" incendiários de livros, mas que começa a questionar os valores, ou ausência de valores, desta sociedade distópica.

Na verdade, o mais assustador neste romance é que a situação desta aparente ficção científica é muito similar ao nosso cotidiano atual, seja pela superficialidade dos reality shows ou vazio das redes sociais. A mensagem de Bradburry ainda está, portanto, perfeitamente e infelizmente sintonizada com este nosso início de século. A edição é complementada por um posfácio do próprio autor, falecido em junho deste ano, em que explica a origem e as motivações do livro. François Truffaut realizou uma adaptação cinematográfica de sucesso deste romance em 1966.

Comentários

Fiquei pensando em quanto meus $$$$ andam escassos, como comprar livros, este livro, e de repente lembrei-me - bibliotecas ! Ainda devem existir.
nostodoslemos disse…
Kovacs,
Tuas resenhas nos remete sempre a boas reflexões mas esta em especial a um romance que virou filme: O nome da rosa como também ao excelente romance A menina que roubava livros onde o fogo também é peça simbólica de consumir o conhecimento de livre acesso às massas. Um verdadeiro sistema de 'caça aos livros', como o antigo tempo histórico de 'caça às bruxas'.
Ainda acredito nas redes sociais como fator renovador e revitalizador de propagação do conhecimento, através dos livros, talvez essa renovação necessária como um trabalho de formiguinha mas que vem surtindo e surtirá bons resultados.
Parabéns por cumprir tão bem esse papel, como um verdadeiro trabalhador de última hora, rsrs.
Alexandre Kovacs disse…
Dona Sra. Urtigão, desculpe criar mais este problema ao seu orçamento, mas este livro vale o investimento! :)
Alexandre Kovacs disse…
Lígia, uma citação de Heinrich Heine que resume muito bem este tema é a seguinte:

"Onde começam a queimar livros, terminam sempre queimando homens."
deise disse…
Existem sim! Viva! Eu trabalho em uma e temos dois exemplares desta obra, que eu gosto muito.
Alexandre Kovacs disse…
Deise, notei pelo seu perfil que é bibliotecária. Sempre tive uma certa inveja por esta profissão. Obrigado pela visita!
deise disse…
É muito bom mesmo trabalhar numa Biblioteca, ainda mais escolar. Poder incentivar nossos jovens a ler mais e melhor. Observar os progressos que eles fazem no caminho do conhecimento. E ainda me pagam por isso! Me sinto realizada.
deise disse…
Ah! Já ia me esquecendo de agradecer sua visita. Eu gostei muito do seu blog, estou indicando para meus colegas. Aprendo muitas coisas aqui.
Alexandre Kovacs disse…
Deise, obigado pela gentileza!

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