Granta Vol. 12 - Líbano e Síria
Revista Granta Vol. 12 - Líbano e Síria - Editora Objetiva, Selo Alfaguara, 2014 (Ler aqui um trecho disponibilizado pela Editora).
Como não poderia deixar de ser, a maior parte dos contos desta seleção da Granta é relacionada de alguma forma aos conflitos e atrocidades ocorridos na região do Líbano e Síria, seja em nome da etnia, da religião ou de ambos, sempre permeados por uma sensação de diário ou correspondência de guerra. É o caso dos textos selecionados de Jonathan Littell, Robert Fisk e Janine di Giovanni todos francamente realistas e, infelizmente, atuais. Neste estilo, fiquei um pouco decepcionado com "Diários da Síria" de Jonathan Littell, autor do magistral romance histórico "As Benevolentes" (ler aqui resenha do Mundo de K), que entrou clandestinamente na Síria em 2012 para escrever uma série de reportagens sobre a guerra civil a serem publicadas no jornal francês Le Monde. O resultado é um diário de guerra excessivamente documental e praticamente ininteligível para os não iniciados no conflito sírio da época. Nada contra os textos documentais, mas sempre se espera mais de um autor deste nível.
Os autores brasileiros fazem boa presença nesta edição com Ronaldo Correia de Brito em bela homenagem aos imigrantes libaneses no Recife através do conto "Helicópteros", onde destaca a influência da culinária libanesa e a comparação entre a violência do Oriente Médio e Brasil. A jovem Luisa Geisler também faz bonito no criativo e divertido "Eu sou o silêncio do mundo (e tão perto de casa)", que quebra um pouco o clima pesado e sério, tendo como cenário uma lanchonete Habib's, entre kibes e esfihas, e começando logo assim: "Eu não gosto muito do Habib´s, é o que eu digo para a minha namorada-que-talvez-seria-minha-esposa-se-não-fôssemos-um-casal-lésbico enquanto ela já desce do carro.". Dá vontade de continuar lendo não é mesmo? Completando o time de brasileiros, Guga Chacra com "São Paulo, Líbano", um ensaio sobre a imigração sírio-libanesa e Sidney Rocha com "Os Nehemy", ficção com base em uma tradicional família libanesa vivendo no Brasil.
Entre os escritores estrangeiros, destaque para o libanês Rachid El-Daif com seu humor sarcástico. Conforme nos ensina a nota preliminar do professor Mamede Jarouche este humor já fica claro em seu primeiro romance "Prezado senhor Kawabata" (escrito na forma de uma carta ao escritor japonês Yasunari Kawabata, definido por ele como "o único árabe que pode me entender"). Muito bonito o conto da norte-americana Claire Messud, finalista do Man Booker Prize em 2006, com "A estrada para Damasco", onde uma filha tenta encontrar uma Beirute que só existe no passado de seu pai.
Esta edição é, principalmente, uma homenagem importante e merecida da Granta à influência cultural do Líbano e Síria no Brasil, marcante como percebemos pelos descendentes de uma imigração que é presente na história por meio de nomes como: Raduan, Maluf, Salim, Haddad, Amin, Dualib, Nabi Chedid, Adib Jatene, Nizan Guanaes, Sayad, Temer, Kfouri, Amyr Klink e mais tantas outras famílias que ajudaram a construir o nosso país.
Os autores brasileiros fazem boa presença nesta edição com Ronaldo Correia de Brito em bela homenagem aos imigrantes libaneses no Recife através do conto "Helicópteros", onde destaca a influência da culinária libanesa e a comparação entre a violência do Oriente Médio e Brasil. A jovem Luisa Geisler também faz bonito no criativo e divertido "Eu sou o silêncio do mundo (e tão perto de casa)", que quebra um pouco o clima pesado e sério, tendo como cenário uma lanchonete Habib's, entre kibes e esfihas, e começando logo assim: "Eu não gosto muito do Habib´s, é o que eu digo para a minha namorada-que-talvez-seria-minha-esposa-se-não-fôssemos-um-casal-lésbico enquanto ela já desce do carro.". Dá vontade de continuar lendo não é mesmo? Completando o time de brasileiros, Guga Chacra com "São Paulo, Líbano", um ensaio sobre a imigração sírio-libanesa e Sidney Rocha com "Os Nehemy", ficção com base em uma tradicional família libanesa vivendo no Brasil.
Entre os escritores estrangeiros, destaque para o libanês Rachid El-Daif com seu humor sarcástico. Conforme nos ensina a nota preliminar do professor Mamede Jarouche este humor já fica claro em seu primeiro romance "Prezado senhor Kawabata" (escrito na forma de uma carta ao escritor japonês Yasunari Kawabata, definido por ele como "o único árabe que pode me entender"). Muito bonito o conto da norte-americana Claire Messud, finalista do Man Booker Prize em 2006, com "A estrada para Damasco", onde uma filha tenta encontrar uma Beirute que só existe no passado de seu pai.
Esta edição é, principalmente, uma homenagem importante e merecida da Granta à influência cultural do Líbano e Síria no Brasil, marcante como percebemos pelos descendentes de uma imigração que é presente na história por meio de nomes como: Raduan, Maluf, Salim, Haddad, Amin, Dualib, Nabi Chedid, Adib Jatene, Nizan Guanaes, Sayad, Temer, Kfouri, Amyr Klink e mais tantas outras famílias que ajudaram a construir o nosso país.
Comentários