Jostein Gaarder - O Mundo de Sofia

Literatura norueguesa
Jostein Gaarder - O Mundo de Sofia - Editora Companhia das Letras, Selo Seguinte - 568 páginas - Lançamento 19/11/2012 - Tradução direta do norueguês por Leonardo Pinto Silva.

O romance da história da filosofia como indica o subtítulo da edição brasileira e também como ficou conhecida a obra do norueguês Jostein Gaarder, traduzido para mais de cinquenta idiomas e sucesso de vendas  em todo o mundo, inclusive no Brasil, com mais de um milhão de exemplares vendidos. Um livro que ajudou a divulgar o estudo da filosofia para o grande público por meio de uma linguagem simples e comparações didáticas que reduzem a complexidade de algumas escolas filosóficas desde o período pré-socrático até o existencialismo do século XX, sempre com uma abordagem clara sobre o contexto histórico (bem que a Companhia das Letras poderia ter caprichado um pouco mais no projeto gráfico da capa desta nova edição, bem inferior à primeira versão).

O argumento do romance é um suspense que tem como base alguns eventos misteriosos que a jovem Sofia Amundsen, que está para completar quinze anos, precisará descobrir à partir de estranhos bilhetes com questionamentos como "Quem é você?", "De onde vem o mundo?" e cópias de cartões postais endereçados para outra adolescente chamada Hilde Møller Knag. As mensagens remetem a questões importantes do pensamento filosófico ocidental e Sofia contará com a ajuda do professor de filosofia Alberto Knox nesta viagem ao entendimento. Em cada capítulo é abordada uma escola filosófica diferente: os filósofos de Atenas (Sócrates, Platão e Aristóteles), o desenvolvimento do Cristianismo, Idade Média, Renascença, Barroco, Descartes, Espinosa, Locke, Hume, Berkeley, Iluminismo, Kant, Romantismo, Hegel Kierkegaard, Marx, Jean-Paul Sartre e tantos outros de uma forma sempre leve e estimulante.
"Parada na trilha de pedriscos em meio ao jardim, ela se pôs a pensar, desconfiada. Tentou se concentrar no fato de existir agora, esquecendo que um dia deixaria de estar ali. Mas isso era de todo impossível. Assim que pensava na sua existência, automaticamente imaginava que sua vida teria um fim. Ao mesmo tempo, lhe ocorria o contrário: primeiro ela teve uma forte sensação de que um dia deixaria de existir, e logo percebeu quão infinitamente maravilhosa é a vida. Eram duas faces da mesma moeda, uma moeda que ela não parava de virar. Quanto maior e mais brilhante era um lado, maior e mais brilhante também era o outro. Vida e morte eram os dois lados da mesma coisa." (pág. 17)
"Mas, se o universo subitamente tivesse surgido a partir de outra coisa, essa outra coisa também teria que ter surgido de mais outra coisa, essa outra coisa também teria que ter surgido de mais outra coisa. Sofia sentia que estava apenas roçando um problema maior. No fim das contas, algo teria que ter surgido a partir do nada. Mas isso fazia sentido? Não seria também impossível imaginar que o universo sempre existira? (...) Na escola ensinavam que Deus havia criado o mundo, e agora Sofia procurava acalmar sua mente achando que aquela era a melhor explicação para o problema. Mas logo ela retomou o pensamento. Podia muito bem lidar com a ideia de que Deus havia criado o universo, mas e quanto ao próprio Deus? Ele havia criado a Si mesmo, do nada? De novo, algo dento dela rejeitava aquilo. Apesar de Deus conseguir criar um homem atrás de outro, Ele jamais conseguiria criar a Si mesmo antes de ter se tornado 'um ser' capaz de criar outro. Logo, só restava uma possibilidade: Deus sempre existiu. Mas essa possibilidade ela já afastara. Tudo que existia tinha de ter tido um começo. (pág. 19)
Não é uma resenha que deva avançar muito sobre as descobertas da jovem protagonista Sofia Amundsen, devido ao risco de estragar as surpresas do leitor, já que a trama principal também é bastante criativa e envolvente. Um livro fundamental e de leitura muito agradável, mesmo tratando de assuntos que costumam desmotivar muita gente como a filosofia, história e ciências, principalmente o público jovem (na verdade, o autor declarou que escreveu este livro devido à falta de livros didáticos sobre filosofia). De qualquer forma, é um daqueles livros que agradam a todas as idades e pede releituras.

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