Tom Wolfe - A Fogueira das Vaidades
tradução de Lia Alverga Wyler (lançamento original 1987 - The Bonfire of Vanities)
Um verdadeiro clássico dos anos oitenta, este romance de Tom Wolfe ainda permanece atual, assim como todos os conflitos sociais, raciais e incoerências econômicas da cidade de Nova York. O saudoso Paulo Francis escreve a introdução da edição brasileira da Rocco e resume muito bem o valor literário de Wolfe quando afirma que "o romance moderno, pós-Flaubert, tomou outro rumo. É introspectivo ou se concentra na invenção verbal. É 'fantástico' porque, influenciado por Nietzsche e, principalmente, Freud, se desinteressou pelo aparente concreto e factual (...) Wolfe mandou às favas esse modernismo, que, de resto, já tem barbas, de tão velho. Quer escrever como Balzac, recriar o mundo e não dar uma visão teórica da que os críticos principais decidiram que interesse aos intelectuais".
Esta é a trajetória de Sherman McCoy, operador da bolsa de valores e símbolo da riqueza de Wall Street, autointitulado "O senhor do universo", um homem com rendimentos superiores a um milhão de dólares anuais e residente na Park Avenue, aparentemente alheio a qualquer problema dos comuns mortais da cidade. Muito bem, a sorte está prestes a mudar para Sherman MacCoy quando ele vai receber sua amante, Maria Ruskin, no aeroporto internacional de Nova York e se perde em uma saída errada que os leva diretamente ao Bronx. O casal se envolve em uma aparente tentativa de assalto por dois jovens negros e acaba atropelando, acidentalmente, um deles na sua fuga. O caso vem a público e se transforma em um movimento que pretende levar a opinião pública a uma verdadeira cruzada contra a opressão das classes desfavorecidas e o desequilíbrio econômico em Nova York.
Tom Wolfe criou alguns personagens inesquecíveis neste romance, como o próprio Sherman McCoy que é simplesmente triturado pelo sistema representado por um promotor público, Lawrence Kramer, que tem a chance de acelerar a sua carreira, o reverendo negro Reginald Bacon manipulador da opinião pública e que fatura alto com as causas sociais do Bronx, além do decadente jornalista inglês Peter Fallow. O texto de Tom Wolfe é inteligente e envolvente, uma crônica de uma das maiores cidades do mundo e um romance que se lê com muito prazer e velocidade, apesar de suas quase mil páginas.
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Comentários
Um livro que leva reflexões acerca da quão difícil capacidade de julgar. Gostaria de ter lido.