Tom Wolfe - A Fogueira das Vaidades

Literatura norte-americana

Tom Wolfe - A Fogueira das Vaidades - edição brasileira da Rocco de 1989 - 915 páginas
 tradução de Lia Alverga Wyler (lançamento original 1987 - The Bonfire of Vanities)

Um verdadeiro clássico dos anos oitenta, este romance de Tom Wolfe ainda permanece atual, assim como todos os conflitos sociais, raciais e incoerências econômicas da cidade de Nova York. O saudoso Paulo Francis escreve a introdução da edição brasileira da Rocco e resume muito bem o valor literário de Wolfe quando afirma que "o romance moderno, pós-Flaubert, tomou outro rumo. É introspectivo ou se concentra na invenção verbal. É 'fantástico' porque, influenciado por Nietzsche e, principalmente, Freud, se desinteressou pelo aparente concreto e factual (...) Wolfe mandou às favas esse modernismo, que, de resto, já tem barbas, de tão velho. Quer escrever como Balzac, recriar o mundo e não dar uma visão teórica da que os críticos principais decidiram que interesse aos intelectuais".

Esta é a trajetória de Sherman McCoy, operador da bolsa de valores e símbolo da riqueza de Wall Street, autointitulado "O senhor do universo", um homem com rendimentos superiores a um milhão de dólares anuais e residente na Park Avenue, aparentemente alheio a qualquer problema dos comuns mortais da cidade. Muito bem, a sorte está prestes a mudar para Sherman MacCoy quando ele vai receber sua amante, Maria Ruskin, no aeroporto internacional de Nova York e se perde em uma saída errada que os leva diretamente ao Bronx. O casal se envolve em uma aparente tentativa de assalto por dois jovens negros e acaba atropelando, acidentalmente, um deles na sua fuga. O caso vem a público e se transforma em um movimento que pretende levar a opinião pública a uma verdadeira cruzada contra a opressão das classes desfavorecidas e o desequilíbrio econômico em Nova York.

Tom Wolfe criou alguns personagens inesquecíveis neste romance, como o próprio Sherman McCoy que é simplesmente triturado pelo sistema representado por um promotor público, Lawrence Kramer, que tem a chance de acelerar a sua carreira, o reverendo negro Reginald Bacon manipulador da opinião pública e que fatura alto com as causas sociais do Bronx, além do decadente jornalista inglês Peter Fallow. O texto de Tom Wolfe é inteligente e envolvente, uma crônica de uma das maiores cidades do mundo e um romance que se lê com muito prazer e velocidade, apesar de suas quase mil páginas.

Comentários

Enaldo Soares disse…
Pelo visto o filme é fiel ao livro, algo raro no cinema.
Anônimo disse…
Muito interessante, confesso que nunca tinha ouvido falar no autor, que dira do livro, mas parece uma otima dica de compra.
nostodoslemos disse…
Kovacs,
Um livro que leva reflexões acerca da quão difícil capacidade de julgar. Gostaria de ter lido.
Alexandre Kovacs disse…
Enaldo, preciso assistir novalmente ao filme, não lembro de me ter chamado a atenção na época.
Alexandre Kovacs disse…
Anônimo, um excelente livro e dica, muito bem escrito.
Alexandre Kovacs disse…
Lígia, é mesmo um ótimo resumo do tema principal do livro!
Regina Porto disse…
Dica anotada, abraço.
Alexandre Kovacs disse…
Regina, obrigado pela visita e comentário.

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