Cristovão Tezza - Beatriz
Cristovão Tezza - Beatriz - 144 páginas - Editora Record - lançamento setembro de 2011
Cristovão Tezza nasceu em Lages, Santa Catarina, em 1952, é conhecido do grande público pelo seu romance O filho eterno que ganhou todos os maiores prêmios literários brasileiros em 2008: Jabuti de melhor romance, Portugal Telecom de Literatura e Prêmio São Paulo de Literatura de melhor livro do ano.
Neste seu último livro, Tezza que se define como um "não contista", arrisca neste gênero, mas com uma particularidade: todas as sete narrativas têm um fio condutor em comum, a personagem Beatriz que foi protagonista do romance Um erro emocional de 2010. Outra característica interessante deste lançamento é o prólogo, recurso pouco utilizado atualmente, em que o próprio autor explica as motivações e estrutura do livro, além de discorrer sobre as diferenças entre o conto e romance.
Todos os contos estão relacionados direta ou indiretamente ao trabalho do escritor e ao ambiente literário, seja na função de revisora de texto, professora ou amante de um jovem tatuado que é herdeiro de um sebo de livros, Beatriz está sempre associada às relações entre leitor e autor. A motivação para a criação do livro, ainda segundo o próprio Tezza foi a sua participação em uma mesa-redonda em Curitiba particularmente desagradável e transformada em ficção no primeiro conto de Beatriz:
"Fiz um silêncio retórico e dei um gole de água daquele copo horroroso de plástico com uma certa pose episcopal, para sentir a temperatura da platéia de Curitiba, que eu desgraçadamente desconhecia; a cidade parece que tem uma inexplicável fama de culta. Ao lado, meu parceiro de mesa (o nome me escapa), um simpático romancista municipal e professor universitário que tentava segurar o riso, talvez por imaginar (ele não me conhece), vítima daquele tipo de respeito semiformal ao outro que é a marca da província, que eu falasse a sério, e que uma gargalhada poderia ser ofensiva ao visitante. E então, súbito, eu senti o silêncio gélido da platéia (...)".
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Comentários
Gosto do conto exatamente por retratar a cena em sua realidade nua, independente de que a gostemos ou não sendo portanto um extrato social bem fiel.
Utilizar a personagem 'Beatriz' em trabalho posterior está mais para um leve marketing que já se torna comum em nosso dito 'mundo moderno'.
Obrigada por publicar.