Vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura 2018
Divulgados os vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura, versão 2018. A premiação, promovida pelo Governo do Estado de São Paulo, é dividida em três categorias com os seguintes valores: R$ 200 mil, na categoria Melhor Livro de Romance do Ano; R$ 100 mil, na categoria Melhor Livro de Romance do Ano – Autor Estreante com até 40 anos e R$ 100 mil, na categoria Melhor Livro de Romance do Ano – Autor Estreante com mais de 40 anos. Todos os livros foram publicados em 2017.
Este ano temos três mulheres com três livros fortes dividindo a premiação: Ana Paula Maia (Editora Record), Aline Bei (Editora Nós) e Cristina Judar (Editora Reformatório). Fico particularmente feliz pelo reconhecimento para a jovem escritora Aline Bei que resenhei este ano aqui na página (Ler aqui resenha completa para O Peso do Pássaro Morto). Outra boa notícia é a escolha de duas editoras independentes: Nós e Reformatório. Segue relação das vencedoras com resumo biográfico disponibilizado pela organização e sinopse dos livros.
Ana Paula Maia, Melhor Livro de Romance do Ano - "Assim na terra como embaixo da terra" (Editora Record)
Nasceu em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro em 1977. É escritora e roteirista. Possui sete romances publicados, destacando-se: De gados e homens (Record, 2013), Assim na terra como embaixo da terra (Recorde, 2017) e Enterre seus mortos (Companhia das Letras, 2018). É também autora da trilogia A saga dos brutos, publicada pela Record, iniciada com as novelas Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos e O trabalho sujo dos outros (publicadas em volume único, 2009) e concluída com o romance Carvão animal (2011). Tem livros publicados na Alemanha, Argentina, França, Itália, Estados Unidos, Espanha e Sérvia.
Sinopse da Editora: Uma colônia penal isolada – um terreno com um histórico tenebroso de assassinato e tortura de escravos –, construída para ser um modelo de detenção do qual preso nenhum fugiria, torna-se campo de extermínio. Espécie de capitão do mato/carcereiro, Melquíades é o algoz dos presos, caçando e matando-os como animais, apenas por satisfação pessoal. Os presos, cada qual com sua história, estão sempre planejando a própria fuga, sem saber se vão acabar mortos pelos guardas ou pelo que os espera do lado de fora da Colônia.
Aline Bei, Melhor Livro de Romance do Ano – Autor Estreante com até 40 anos - "O Peso do Pássaro Morto" (Editora Nós)
Aline Bei nasceu em São Paulo, em 1987. É formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e em Artes Cênicas pelo Teatro Escola Célia-Helena. É colunista do site cultural Livre Opinião – Ideias em Debate e foi escritora convidada na Printemps Littéraire Brésilien, um encontro anual europeu de promoção e divulgação da cultura e da literatura lusófonas, na Sorbonne Université, França, em 2018. O peso do pássaro morto (Editora Nós, 2017), finalista do prêmio Rio de Literatura, é o seu primeiro livro.
Sinopse da Editora: A vida de uma mulher, dos 8 aos 52, desde as singelezas cotidianas até as tragédias que persistem, uma geração após a outra. Um livro denso e leve, violento e poético. É assim O peso do pássaro morto, romance de estreia de Aline Bei, onde acompanhamos uma mulher que, com todas as forças, tenta não coincidir apenas com a dor de que é feita.
Cristina Judar, Melhor Livro de Romance do Ano – Autor Estreante com mais de 40 anos - "Oito do Sete" (Editora Reformatório)
Cristina Judar é escritora e jornalista, pós-graduada em Jornalismo Cultural pela FAAP. Nasceu em São Paulo, em 1971. É autora das HQs Lina (Editora Estação Liberdade) e Vermelho, Vivo (Devir Brasil), contempladas pelo ProAc de HQ em 2009 e em 2011, respectivamente. Com o livro de contos Roteiros para uma Vida Curta (Editora Reformatório), foi finalista e Menção Honrosa no Prêmio SESC de Literatura 2014. É coautora do livro-arte Luminescências e, em 2015, escreveu o projeto de prosa poética Questions For a Live Writing após ter sido selecionada para uma residência artística na Queen Mary University of London. É uma das editoras da revista de arte e cultura LGBT Reversa Magazine. Contemplado pelo ProAC de Literatura 2014, Oito do sete é o seu primeiro romance.
Sinopse da Editora: Nada é por acaso na literatura que reaviva a aventura humana e, por isso, nos encanta. "Oito do sete": eis, não por acaso, a data que marca o enredo desta bela estreia de Cristina Judar no romance. Não por acaso o dia é oito, número do infinito. Não por acaso o mês é julho, o sétimo do ano. Não por acaso vamos nos inteirando da trama pelos fragmentos narrados por quatro vozes distintas: duas amantes (Magda e Glória), um anjo (Serafim) e uma cidade (Roma). Não por acaso Magda e Glória se entregam a uma relação hétero com Rick e Jonas. Nem por acaso elas se veem como cisternas e os homens como torres. E, não por acaso, aqui os homens são embarcações; as mulheres, terra para que se afundem. Também não por acaso, neste livro, o sentimento é mar; a emoção é onda. Uma obra estruturalmente engenhosa, de alta voltagem lírica e primoroso labor com a linguagem. Não por acaso estão ausentes de suas páginas as artimanhas e facilidades da literatura monocromática que se tornou hegemônica entre nós. Não por acaso esta escritora, que já havia nos dado o sensível volume de contos "Roteiros para uma vida curta", revela igual domínio na arte da prosa longa. "Oito do sete", de Cristina Judar: não por acaso uma história que desafia você, leitor, a sair de seu raso e saltar para o abismo de uma escrita (felizmente) inquietante.
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