Keith Richards - Vida
Keith Richards e James Fox - Vida - Editora Globo - 630 páginas - Lançamento 2010 - tradução de Maria Silvia Mourão, Mário Fernandes e Renato Rezende.
Uma biografia indispensável para quem gosta de Blues, Rhythm and Blues, Country, Rock e, principalmente, música de uma forma geral. Keith Richards conta em detalhes a sua intensa vida e, por tabela, quase meio século de história dos Rolling Stones no ritmo de uma conversa de bar e não poderia ser de outra forma quando se trata do mais famoso anti-herói da guitarra que sobreviveu à maioria das drogas conhecidas e, ao mesmo tempo, encontrou tempo e disposição para se tornar um dos ícones da música do século XX, fundando a maior e mais importante banda de Rock (que me perdoem os fãs dos Beatles) de todos os tempos.
A biografia revela os passos iniciais dos Rolling Stones, uma banda que pretendia na época ser apenas uma divulgadora do Blues na Inglaterra e acabou se transformando em um fenômeno de massa alternativo aos Beatles, ou os anti-Beatles como eram chamados. Os garotos Keith Richard e Mick Jagger, fortemente influenciados por Jimmy Reed, Muddy Waters, Howlin' Wolf e Chuck Berry acabaram não só revelando os mistérios do Blues para o público britânico, mas também fazendo com que os americanos redescobrissem o valor da própria música de origem negra e alavancando as carreiras de músicos já esquecidos do grande público no seu próprio país.
Os detalhes do processo de composição da dupla Jagger-Richards ocupam uma boa parte e das mais interessantes da biografia. Alguns clássicos do Rock como Satisfaction, Honky tonk women, Brown sugar, Start me up ou baladas como Angie, têm a sua motivação ou inspiração explicada. Keith Richards conta também alguns segredos da sua técnica na guitarra que consiste na utilização de uma afinação não convencional ou "aberta" e a retirada da sexta corda (bordão) com ponte para alternar a tonalidade na terceira ou quinta casa. Isto explica por que é tão difícil tirar as músicas dos Rolling Stones e obter o mesmo som de seus "riffs" de guitarra em um instrumento com afinação tradicional (quem toca guitarra conhece bem este problema).
O período em que a banda se exilou por questões fiscais e a preparação do famoso álbum duplo "Exile on Main St." com o seu "produtivo programa de gravações noturnas", como Richards destaca, na casa em que ele alugou na Riviera francesa, na primavera de 1971, movido à heroína e álcool, é bem descrito, principalmente, pelos truques e técnicas originais de gravação. O seu trabalho solo mais recente com a banda X-pensive Winos e a descoberta como cantor (se até Bob Dylan pode cantar, por que não Richards?) é narrada em contraste com as gravações de Jagger que tentando fugir do fantasma dos Stones fez algumas bobagens, flertando com o estilo disco music.
Como não poderia deixar de ser, uma boa parte da biografia já no estilo de tablóide inglês trata da relação de amor e ódio de Richards com Jagger, as detenções e processos por consumo de drogas em vários países, as farras durante as turnês e as famosas lendas, como por exemplo a de que ele teria trocado todo o sangue do corpo em uma clínica de reabilitação na Suíça ou cheirado as cinzas do pai juntamente com algumas carreiras de cocaína. Não dá para escrever uma biografia sobre Keith Richards e não falar disso, mas apesar da fama de louco, viciado e degenerado fica claro que o carisma dele se deve em grande parte ao valor que ele sempre deu às amizades e a coerência musical ao longo de toda a vida.
A biografia revela os passos iniciais dos Rolling Stones, uma banda que pretendia na época ser apenas uma divulgadora do Blues na Inglaterra e acabou se transformando em um fenômeno de massa alternativo aos Beatles, ou os anti-Beatles como eram chamados. Os garotos Keith Richard e Mick Jagger, fortemente influenciados por Jimmy Reed, Muddy Waters, Howlin' Wolf e Chuck Berry acabaram não só revelando os mistérios do Blues para o público britânico, mas também fazendo com que os americanos redescobrissem o valor da própria música de origem negra e alavancando as carreiras de músicos já esquecidos do grande público no seu próprio país.
Os detalhes do processo de composição da dupla Jagger-Richards ocupam uma boa parte e das mais interessantes da biografia. Alguns clássicos do Rock como Satisfaction, Honky tonk women, Brown sugar, Start me up ou baladas como Angie, têm a sua motivação ou inspiração explicada. Keith Richards conta também alguns segredos da sua técnica na guitarra que consiste na utilização de uma afinação não convencional ou "aberta" e a retirada da sexta corda (bordão) com ponte para alternar a tonalidade na terceira ou quinta casa. Isto explica por que é tão difícil tirar as músicas dos Rolling Stones e obter o mesmo som de seus "riffs" de guitarra em um instrumento com afinação tradicional (quem toca guitarra conhece bem este problema).
O período em que a banda se exilou por questões fiscais e a preparação do famoso álbum duplo "Exile on Main St." com o seu "produtivo programa de gravações noturnas", como Richards destaca, na casa em que ele alugou na Riviera francesa, na primavera de 1971, movido à heroína e álcool, é bem descrito, principalmente, pelos truques e técnicas originais de gravação. O seu trabalho solo mais recente com a banda X-pensive Winos e a descoberta como cantor (se até Bob Dylan pode cantar, por que não Richards?) é narrada em contraste com as gravações de Jagger que tentando fugir do fantasma dos Stones fez algumas bobagens, flertando com o estilo disco music.
Como não poderia deixar de ser, uma boa parte da biografia já no estilo de tablóide inglês trata da relação de amor e ódio de Richards com Jagger, as detenções e processos por consumo de drogas em vários países, as farras durante as turnês e as famosas lendas, como por exemplo a de que ele teria trocado todo o sangue do corpo em uma clínica de reabilitação na Suíça ou cheirado as cinzas do pai juntamente com algumas carreiras de cocaína. Não dá para escrever uma biografia sobre Keith Richards e não falar disso, mas apesar da fama de louco, viciado e degenerado fica claro que o carisma dele se deve em grande parte ao valor que ele sempre deu às amizades e a coerência musical ao longo de toda a vida.
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