Giuseppe Ungaretti - Vita d'un uomo
O poeta italiano Giuseppe Ungaretti (1888-1970) estudou na Sorbonne de Paris onde foi influenciado pelos simbolistas franceses, em especial Mallarmé, conviveu com os mestres do modernismo: Apollinaire, Paul Valéry e André Gide. Em 1936 morou no no Brasil aceitando a cátedra de língua e literatura italiana na USP e retornou para a Itália em 1943 passando a lecionar como professor de literatura moderna e contemporânea na Universidade de Roma.
É considerado por muitos críticos como um dos mais representativos poetas italianos do século XX e um dos fundadores da escola hermética na Itália, juntamente com Eugenio Montale (1896-1981) e Salvatore Quasimodo (1901-1968). Ungaretti foi menos premiado que os dois conterrâneos, talvez por suas ideias políticas fascistas. A Editora Mondadori publicou toda a sua obra em um volume chamado de Vita d'un uomo, dividido em poesia, traduções, prosa de viagens e Ensaios.
Seus poemas são sempre muito curtos e sem pontuação, mas a aparente simplicidade pode levar a enganos quando somos surpreendidos pelo lirismo de suas imagens na forma mais pura possível.
Lontano
(Versa, 15/02/1917)
Lontano lontano
come un cieco
m'hanno portato per mano
Longe
(tradução de Luis Pignatelli)
Longe longe
como a um cego
me levaram pela mão
Notte
(Vallone, 20/04/1917)
In quest'oscuro
colle mani
gelate
distinguo
il mio viso
Mi vedo
abbandonato nell'infinito
Noite
(tradução de Luis Pignatelli)
Nesta escuridão
com as mãos
geladas
distingo
a minha cara
Vejo-me
abandonado no infinito
Os dois exemplos acima foram retirados do volume Giuseppe Ungaretti - Vida de um Homem (Escolha poética), Hiena Editora, tradução do italiano de Luis Pignatelli, tiragem de 1000 exemplares. Lisboa, Janeiro de 1987.
Comentários
com as mãos
geladas
distingo
a minha cara
Vejo-me
abandonado no infinito"
Lindo e triste!
'Dopo tanta nebia'
Dopo tanta
nebbia
a una
a una
si svelano
le stelle.
Respiro
il fresco
che mi lascia
il colore
del cielo.