Krishna Monteiro - O que não existe mais
Krishna Monteiro - O que não existe mais - Editora Tordesilhas - 112 páginas - Prefácio de Noemi Jaffe - Lançamento: Fevereiro 2015 (Leia aqui um trecho disponibilizado pela editora).
Já disse uma vez o poeta Manoel de Barros que "as coisas que não existem são mais bonitas" (poema Mundo Pequeno), pois o jovem autor estreante Krishna Monteiro nos ensina agora uma coisa que já deveríamos saber também, que a lembrança deixada pelas coisas e pessoas que já não existem permanece existindo e se renovando em nossa memória. O tema e a capa desta edição podem induzir uma ideia de simplicidade, no entanto a criatividade na construção dos sete contos que compõem este livro chama a atenção pela ousadia, exigindo atenção redobrada para perceber as sutilezas entre o que é revelado e, principalmente, não revelado pelo autor em um jogo de descobertas que provoca todo o tempo a imaginação do leitor.
O primeiro conto que empresta o título ao livro explora a vertente mais óbvia da ausência — a dor e o desajuste de um filho diante da morte do pai. O sentimento de perda e a lembrança estão ainda tão presentes que o filho questiona a realidade e chega a pensar que ele sim é o morto, enquanto o pai permanece vivo. Quem já passou por uma experiência de perda familiar vai se identificar de alguma forma.
Mas é em "Quando dormires, cantarei" que Krishna Monteiro encanta pela coragem ao fazer do seu narrador um galo de briga lutando pela vida em plena rinha, enquanto relembra toda a sua vida até aquele momento. A narrativa vai intercalando os momentos de dramaticidade da luta mortal com as lembranças do galo, no seu entendimento parcial do mundo e da humanidade covarde que é capaz de promover uma atividade como aquela. É preciso muita técnica para um escritor arriscar um conto como este.
"Monte Castelo" é uma bela história de amizade entre neto e avô que se afastam por desentendimentos familiares, mas permanecem ligados pelas memórias que o avô transmitiu ao neto do famoso combate com a participação dos pracinhas brasileiros na Segunda Grande Guerra. A epígrafe, citação de Clarice Lispector, adverte para os riscos da lembrança: "Escrever é tantas vezes lembrar do que nunca existiu."
Sobre o autor: Krishna Monteiro nasceu em 1973, no Paraná. Graduou-se em economia e fez mestrado em ciências políticas. Depois de uma breve passagem pelo jornalismo, em 2008 ingressou na carreira diplomática. Entre os anos de 2010 e 2012 trabalhou com vice-chefe de missão da embaixada brasileira no Sudão. Atualmente é cônsul adjunto do Brasil em Londres.
O primeiro conto que empresta o título ao livro explora a vertente mais óbvia da ausência — a dor e o desajuste de um filho diante da morte do pai. O sentimento de perda e a lembrança estão ainda tão presentes que o filho questiona a realidade e chega a pensar que ele sim é o morto, enquanto o pai permanece vivo. Quem já passou por uma experiência de perda familiar vai se identificar de alguma forma.
Mas é em "Quando dormires, cantarei" que Krishna Monteiro encanta pela coragem ao fazer do seu narrador um galo de briga lutando pela vida em plena rinha, enquanto relembra toda a sua vida até aquele momento. A narrativa vai intercalando os momentos de dramaticidade da luta mortal com as lembranças do galo, no seu entendimento parcial do mundo e da humanidade covarde que é capaz de promover uma atividade como aquela. É preciso muita técnica para um escritor arriscar um conto como este.
"Monte Castelo" é uma bela história de amizade entre neto e avô que se afastam por desentendimentos familiares, mas permanecem ligados pelas memórias que o avô transmitiu ao neto do famoso combate com a participação dos pracinhas brasileiros na Segunda Grande Guerra. A epígrafe, citação de Clarice Lispector, adverte para os riscos da lembrança: "Escrever é tantas vezes lembrar do que nunca existiu."
Sobre o autor: Krishna Monteiro nasceu em 1973, no Paraná. Graduou-se em economia e fez mestrado em ciências políticas. Depois de uma breve passagem pelo jornalismo, em 2008 ingressou na carreira diplomática. Entre os anos de 2010 e 2012 trabalhou com vice-chefe de missão da embaixada brasileira no Sudão. Atualmente é cônsul adjunto do Brasil em Londres.
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