Louise Glück - Prêmio Nobel de Literarura 2020
Foto: Sigrid Estrada/AP |
Em 1993, Louise Glück levou o prêmio Pulitzer por seu livro "The wild iris" e o National Book Award, em 2014, por sua antologia "Faithful and Virtuous Night", em que o tema da morte é tratado de forma bem-humorada em memórias. Em 2016, ela recebeu a condecoração National Humanities Medal do então presidente dos EUA, Barack Obama.
Abaixo, dois poemas de Louise Glück traduzidos pela escritora, desenhista, pintora e tradutora Camila Assad, conforme matéria publicada hoje no portal G1:
A íris selvagem, Louise Glück
No final do meu sofrimento
havia uma saída.
Me ouça bem: aquilo que você chama de morte
eu me recordo.
Mais acima, ruídos, ramos de um pinheiro se movendo.
Então, nada. O sol fraco
cintilando sobre a superfície seca.
É terrível sobreviver
como consciência,
enterrada na terra escura.
Então tudo acabou: aquilo que você teme,
se tornando
uma alma e incapaz
de falar, encerrando abruptamente, a terra dura
se inclinando um pouco. E o que pensei serem
pássaros lançando-se em arbustos baixos.
Você que não se lembra
da passagem de outro mundo
eu te digo poderia repetir: aquilo que
retorna do esquecimento retorna
para encontrar uma voz:
do centro de minha vida veio
uma vasta fonte, azul profundo
sombras na água do mar azul.
Confissão, Louise Glück
Dizer eu não sinto medo –
Não seria honesto.
sinto medo da doença, da humilhação.
Como todo mundo, tenho os meus sonhos.
Mas aprendi a escondê-los,
Para me proteger
Da realização: toda felicidade
Atrai a fúria das Sinas.
Elas são irmãs, selvagens –
No final, não há
Emoção, mas inveja.
As escolhas da Academia Sueca são normalmente polêmicas e não agradam à maioria dos leitores. Posso destacar alguns nomes como António Lobo Antunes (Portugal), Javier Marías (Espanha), Mia Couto (Moçambique) ou Lygia Fagundes Telles (Brasil) que, no meu entendimento, seriam melhores representantes de um legado literário universal.
A premiação é concedida anualmente desde 1901 e considera o conjunto da obra de um autor vivo (infelizmente Philip Roth e Amós Oz já não podem ser considerados), muitas vezes com uma orientação fortemente política ou mesmo questionada pela comunidade literária internacional, como foi o caso da escolha de Bob Dylan em 2016.
No ano passado, a polonesa Olga Tokarczuk e o dramaturgo austríaco Peter Handke foram os agraciados com o Nobel de Literatura de 2018 e 2019, respectivamente. Depois de "pular" um ano em decorrência dos escândalos de assédio sexual e vazamento de informações, a Academia divulgou dois vencedores de uma só vez.
Onde encontrar os livros de Louise Glück (edições em inglês): The wild iris e Faithful and Virtuous Night
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