Jean-Marie Gustave Le Clézio - Nobel 2008
Mais uma vez a Academia Sueca surpreendeu ao escolher o francês Jean-Marie Gustave Le Clézio para ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2008. Le Clézio será premiado com 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,3 milhão) no dia 10 de dezembro, cerimônia oficial de entrega.
A justificativa pela escolha do escritor, publicada no site do Nobel, o cita como um “autor de inovações, aventuras poéticas e êxtase sensual, explorador de uma humanidade que transcende a civilização dominante". Entre as obras de Le Clézio publicadas no Brasil e ainda disponíveis estão: O Peixe Dourado (Companhia das Letras, 2001), A Quarentena (Companhia das Letras, 1997) e O Africano (Cosac Naify, 2007). Sendo que os seguintes livros encontram-se, até o momento, fora de catálogo: À Procura do Ouro (Brasiliense, 1985) O Deserto (Brasiliense, 1986); Diego e Frida (Escrita, 1994).
A justificativa pela escolha do escritor, publicada no site do Nobel, o cita como um “autor de inovações, aventuras poéticas e êxtase sensual, explorador de uma humanidade que transcende a civilização dominante". Entre as obras de Le Clézio publicadas no Brasil e ainda disponíveis estão: O Peixe Dourado (Companhia das Letras, 2001), A Quarentena (Companhia das Letras, 1997) e O Africano (Cosac Naify, 2007). Sendo que os seguintes livros encontram-se, até o momento, fora de catálogo: À Procura do Ouro (Brasiliense, 1985) O Deserto (Brasiliense, 1986); Diego e Frida (Escrita, 1994).
Le Clézio, em entrevista a uma rádio sueca, agradeceu "com muita sinceridade à Academia Nobel", dizendo que também irá ao país em 25 de Outubro para receber o prêmio literário sueco Stig Dagerman, que foi atribuído a ele em Junho. Pouco antes da notícia do prêmio, falou a uma emissora de rádio francesa que a possibilidade de ganhar tal prêmio "é algo que faz você continuar publicando, que dá vontade de seguir escrevendo... Nós escrevemos para ser lidos, para encontrar respostas e essa é uma resposta". O último escritor francês a ganhar o prémio tinha sido Claude Simon, em 1985.
Este ano, a polêmica declaração de Horace Engdahl, Secretário Permanente da Academia Sueca, norteou os debates sobre os favoritos ao prêmio, visto que menosprezou a literatura norte-americana ao declarar que o país é demasiado insular e ignorante para competir com a Europa como centro literário do mundo. "Eles não traduzem o suficiente e não participam realmente do grande diálogo da literatura", disse Engdahl. "Essa ignorância é limitante", acrescentou. A declaração parece ter esvaziado as possibilidades de autores como Philip Roth, Joyce Carol Oates e Don DeLillo.
Comentários
“autor de inovações, aventuras poéticas e êxtase sensual, explorador de uma humanidade que transcende a civilização dominante".
Por civilização dominante, querem se referir a civilização americana? É lamentável, soa como revolta ridícula de europeu contra a perda de sua influência no mundo.
“o país é demasiado insular e ignorante para competir com a Europa como centro literário do mundo”. “Eles não traduzem o suficiente e não participam realmente do grande diálogo da literatura". "Essa ignorância é limitante".
Esses comentários do tal de Engdahl vão entrar para a lista das declarações estapafúrdias. Ao julgar a literatura americana usou o conhecido estereótipo do cidadão americano médio do sul e meio-oeste, com sua cultura limitada aos seus problemas locais. Mais uma vez, é picuinha de europeu invejoso do sucesso dos americanos.
QUOTE "No momento em que anuncia o vencedor do Prémio Nobel da Literatura, a Academia Sueca justifica sempre a sua escolha com uma espécie de sinopse levada ao extremo, uma frase muito redondinha que supostamente abarca e condensa uma obra inteira. O resultado, com raras excepções, é terrível. A frase costuma ser uma de quatro coisas:
1) muito vaga (os termos do elogio aplicam-se tanto ao escritor em causa como a dezenas de outros); 2) muito pomposa;
3) um bocado ridícula;
4) todas as anteriores.
Este ano, com Le Clézio, fomos direitinhos para o ponto 4), já que a Academia Sueca o considera um «author of new departures, poetic adventure and sensual ecstasy, explorer of a humanity beyond and below the reigning civilization». E isto, lamento muito, tanto se aplica ao autor de Diego e Frida como ao Paulo Coelho". UNQUOTE
1 abraço.
um abraço, sorry pela extensão do comentário, que foi indo sem eu querer...::))
clara lopez
um abraço,
clara lopez
Infelizmente o Nobel é revestido de um caráter político muito forte, o que não desmerece os premiados do primeiro mundo.
É uma demonstração de como somos conduzidos pelas opiniões dominantes, de um lado ou de outro. Sem sabermos se elas são verdadeiras ou relevantes. Cada leitor do Le Clézio, é um leitor de si próprio. Pode ser que nada daquilo que se está comentando seja verdadeiro. A verdade é somente a nossa. De cada um de nós.
"Falando de literatura americana, do problema de fazer literatura numa sociedade em que há bem-estar e na qual os problemas estão ainda todos para ser descobertos, diz coisas nada tolas. Mas lhe falta alguma informação sobre as literaturas européias, alguma desconfiança sobre o que se passou e se passa além do Atlântico. Não que seja totalmente destituído de interesse; ouve admirado qualquer informação óbvia que lhe fornecemos. Não sabe que na Espanha houve guerra civil. (Decerto há de ter lido Hemingway, mas da mesma maneira que nós lemos sobre as guerras entre os rajás dos mares do sul.) O professor de filosofia do mesmo college, quem esteve como ele não fui eu, mas Meged, conhece um único filósofo, Wittgenstein. De Hegel sabe apenas que é metafísica e que não vale a pena se ocupar disso, de Heidegger e de Sartre que são ensaístas e não filósofos."
Essa opinião é de Ítalo Calvino no Eremita em Paris.(Cia. das Letras). Sendo dele, as pessoas teriam um pouco mais de respeito e ponderação, antes de atacar com tanta fúria. Coisa que não ocorre com um simples secretário da Fundação.
Finalmente, admitindo que ambos (americanos e europeus) têm razão, que um não conversa com o outro, poderíamos sem muita dificuldade, concluir que o prêmio é um primeiro passo para o diálogo. Já que o premiado é um itinerante de muitas culturas.
Grande abraço.