Matthew Scully - Domínio
Matthew Scully - Domínio - Editora Civilização Brasileira - 546 Páginas - Tradução de Catharina Epprecht - Lançamento no Brasil: 26/03/2018
A humanidade tem se preocupado cada vez mais com o bem-estar dos animais, por outro lado nunca antes a tecnologia de extermínio e os métodos de impor sofrimento alcançaram níveis tão avançados, fazendo do nosso "domínio" sobre essas criaturas um ato contínuo de crueldade. O jornalista Matthew Scully escreve sobre uma realidade que evitamos conhecer em detalhes, constatando que o direito dos animais é um dos grandes dilemas morais da nossa época, principalmente quando esses direitos são ignorados devido a interesses econômicos. O autor avalia o tema de diferentes formas, seja por meio da ciência, filosofia ou religião, e a conclusão óbvia é sempre a mesma: estamos errados.
Para provar seu argumento, Scully investiga as condições de tratamento dos animais em fazendas industrias onde porcos são confinados em massa, sem ver a luz do sol por toda a sua existência, geneticamente modificados e tornando-se unidades produtivas com o menor custo possível, o extermínio de baleias, golfinhos e demais animais selvagens como "os cinco grandes": rinoceronte, elefante, leopardo, leão e búfalo, muitas vezes por meio de "caça esportiva", uma absurda atividade que leva o caçador de troféus a perseguir e matar animais cativos e muitas vezes sedados. Enfim, um desfile de horrores que certamente deixará os leitores perplexos com a brutalidade do comportamento pretensamente "humano".
Nunca fui vegetariano, mas chego a pensar na possibilidade depois de ler uma passagem do livro em que o autor visita uma fazenda industrial. Há mais porcos do que habitantes na Carolina do Norte e, no entanto, pode-se viajar por todo o estado sem ver nenhum. O motivo é que as fazendas tradicionais foram substituídas por fazendas industriais sem os riscos normais da pecuária. Nesta nova forma de criação corporativa de animais a baixo custo (agroindústria no Brasil), os porcos sofrem "melhoramentos genéticos" e sobrevivem amontoados em chiqueiros lotados e imundos, confinados do nascimento até o abate, sendo monitorados por um sistema totalmente automatizado.
É certo que muitos dos procedimentos e "avanços" industriais da pecuária são irreversíveis, assim como pesquisas científicas continuarão sendo feitas com o sacrifício de animais, mas certamente existem medidas que podem reduzir a crueldade do tratamento dispensado atualmente, definindo condições apropriadas de vida para cada espécie, impedindo o uso de hormônios, remédios, clonagem e tecnologias genéticas, proibindo definitivamente o comércio de animais selvagens e o grande absurdo da "caça esportiva". O livro é escrito com inteligência, bom exemplo de jornalismo investigativo e um tema, infelizmente, cada vez mais atual.
Para provar seu argumento, Scully investiga as condições de tratamento dos animais em fazendas industrias onde porcos são confinados em massa, sem ver a luz do sol por toda a sua existência, geneticamente modificados e tornando-se unidades produtivas com o menor custo possível, o extermínio de baleias, golfinhos e demais animais selvagens como "os cinco grandes": rinoceronte, elefante, leopardo, leão e búfalo, muitas vezes por meio de "caça esportiva", uma absurda atividade que leva o caçador de troféus a perseguir e matar animais cativos e muitas vezes sedados. Enfim, um desfile de horrores que certamente deixará os leitores perplexos com a brutalidade do comportamento pretensamente "humano".
"Quando nos compadecemos com o sofrimento animal, esse sentimento fala sobre a humanidade, mesmo se o ignoramos. Aqueles que minimizam o amor por uma criatura semelhante a nós, chamando-o de sentimentalismo, rejeitam uma parte boa e importante da humanidade. (...) Ao mesmo tempo, como sempre haverá injustiça e sofrimento humano no mundo, pode parecer que os erros cometidos com animais sejam menores e secundários. A resposta para as duas questões é que a justiça não é uma mercadoria limitada, tampouco a bondade e o amor. Injustiça e sofrimento não são desculpas para acreditar que fazer mal aos animais é menos importante do que aos humanos e que, por isso, devemos nos concentrar nesses últimos. Um erro é um erro, e em geral os pequenos, quando fingimos não vê-los, proliferam-se e fazem os maiores males a nós mesmos e a outros. Acredito que isso acontece hoje em relação aos animais." (Pág. 15)Um dos maiores abusos ao direito constitucional norte-americano à posse de armas de fogo, garantida pela Associação Nacional de Rifles, está representado em uma associação chamada Safari Club International (SCI) que apoia a ideia de que "a caça não é apenas a trilha para o sagrado — é também um imperativo de saúde". Esta associação, sediada em Tucson, no Arizona, tem um status de entidade filantrópica obtido após disputa judicial em 1985 o que lhe autoriza isenção fiscal. O autor acompanha uma convenção da SCI em Reno, Nevada, na qual participam as agências que organizam caçadas na África, assim como fabricantes de armamentos como a Holland and Holland, a primeira fabricante de rifles de Londres com o seu modelo para caça de elefantes, a Nitro Express, que custa US$ 105 mil. Como podemos constatar, um negócio lucrativo que movimenta milhões de dólares anualmente.
"A mercadoria mais cara desse lugar parece ser o pacote de rinoceronte branco, a US$ 210 mil — e isso sem contar a preparação e a entrega do material na volta para os Estados Unidos. (...) As contas de taxidermistas são inacreditáveis. Isso porque, no fim da história, você não leva o animal propriamente, mas sua pele seca, escavada e tratada, contornando um molde de poliuretano. Pele, presas, galhadas e chifres são mantidos, ossos e todo o resto ficam para trás. (...) Quando se somam todas as despesas — esfolar o animal, pagar pelo frete da pele e as taxas, fazer inspeção veterinária, alfândega, seguros, além do serviço de taxidermia em si —, nota-se que ficaria mais barato levar o animal vivo a bordo de um Concorde. Um leão na American Sportsman Taxidermy — apenas a reconstrução — custa US$ 3.595. Uma zebra: US$ 3.795. Um búfalo: US$ 7.495. Uma cabeça de elefante: US$ 13,5 mil. O elefante inteiro: US$ 45 mil ou mais." (Págs. 110 e 111)Matthew Scully dá voz também, e avalia em seu livro, as correntes que defendem a postura atual em relação aos animais, com a certeza de que existe "um tipo de mente humana que pode provar qualquer coisa em que acredite, e acredita em qualquer coisa que pode provar". É o caso do governo japonês que justifica a matança de milhares de baleias com o argumento de herança cultural e pesquisa científica ou biólogos que tentam eliminar o stress de suínos no abatedouro por meio de manipulação genética e, por mais chocante que possa parecer, filósofos que defendem a falta de consciência dos animais, chegando à conclusão de que os mesmos não sofrem, "apenas" sentem dor (como se dor e sofrimento não fossem sinônimos).
Nunca fui vegetariano, mas chego a pensar na possibilidade depois de ler uma passagem do livro em que o autor visita uma fazenda industrial. Há mais porcos do que habitantes na Carolina do Norte e, no entanto, pode-se viajar por todo o estado sem ver nenhum. O motivo é que as fazendas tradicionais foram substituídas por fazendas industriais sem os riscos normais da pecuária. Nesta nova forma de criação corporativa de animais a baixo custo (agroindústria no Brasil), os porcos sofrem "melhoramentos genéticos" e sobrevivem amontoados em chiqueiros lotados e imundos, confinados do nascimento até o abate, sendo monitorados por um sistema totalmente automatizado.
É certo que muitos dos procedimentos e "avanços" industriais da pecuária são irreversíveis, assim como pesquisas científicas continuarão sendo feitas com o sacrifício de animais, mas certamente existem medidas que podem reduzir a crueldade do tratamento dispensado atualmente, definindo condições apropriadas de vida para cada espécie, impedindo o uso de hormônios, remédios, clonagem e tecnologias genéticas, proibindo definitivamente o comércio de animais selvagens e o grande absurdo da "caça esportiva". O livro é escrito com inteligência, bom exemplo de jornalismo investigativo e um tema, infelizmente, cada vez mais atual.
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