Maya Angelou - Mamãe & Eu & Mamãe
Maya Angelou - Mamãe e Eu e Mamãe - Editora Record, Selo Rosa dos Tempos - 176 Páginas - Tradução de Ana Carolina Mesquita - Lançamento no Brasil: 12/03/2018.
A escritora, poeta e ativista política Maya Angelou (1928-2014) deixou um importante legado em favor da luta pelos direitos civis, fazendo da sua obra um ato de resistência contra a discriminação racial, assim como um símbolo da emancipação feminina nos Estados Unidos. Lançado originalmente em 2013, um ano antes de sua morte, esta foi a última de uma série de sete autobiografias, iniciando com I know why the caged bird sings (Eu sei por que o pássaro canta na gaiola), livro que a popularizou, publicado em 1969.
De fato, a vida de Maya Angelou é inspiradora em vários sentidos. Após a separação dos pais, quando tinha três anos, foi deixada aos cuidados da avó paterna que a criou até os treze anos. Em uma das visitas à mãe, quando tinha sete anos, ela foi estuprada. Após contar para o irmão que havia sido violentada, o agressor foi preso e, posteriormente, encontrado morto. Traumatizada e com medo da força de suas palavras, que ela acreditava terem causado a morte do homem que a violentou, ela passou os cinco anos seguintes sem falar. No processo de recuperação deste trauma, a literatura, particularmente a poesia, desempenhou um importante papel. Portanto, Maya Angelou, desde muito cedo, aprendeu a superar as adversidades com a ajuda da arte.
De fato, a vida de Maya Angelou é inspiradora em vários sentidos. Após a separação dos pais, quando tinha três anos, foi deixada aos cuidados da avó paterna que a criou até os treze anos. Em uma das visitas à mãe, quando tinha sete anos, ela foi estuprada. Após contar para o irmão que havia sido violentada, o agressor foi preso e, posteriormente, encontrado morto. Traumatizada e com medo da força de suas palavras, que ela acreditava terem causado a morte do homem que a violentou, ela passou os cinco anos seguintes sem falar. No processo de recuperação deste trauma, a literatura, particularmente a poesia, desempenhou um importante papel. Portanto, Maya Angelou, desde muito cedo, aprendeu a superar as adversidades com a ajuda da arte.
"Salvo uma horrível visita a St. Louis, moramos com a mãe do meu pai, Vó Annie Henderson, e seu outro filho, tio Willie, até meus treze anos. A visita a St. Louis durou pouco, mas lá fui estuprada e o estuprador acabou sendo morto. Achei que tinha sido a responsável por sua morte, porque revelei seu nome à família. Por culpa, parei de falar com todo mundo, exceto com Bailey. Decidi que, apesar de a minha voz ser tão poderosa que podia matar as pessoas, não seria capaz de machucar meu irmão, porque o amor entre nós era grande demais. (...) Minha mãe e sua família tentaram me convencer a sair do meu silêncio, mas eles não sabiam o que eu sabia: que minha voz era uma arma letal." (Pág. 16)Neste livro Maya Angelou divide o protagonismo com sua mãe, Vivian Baxter, com quem voltou a morar após completar treze anos, período coincidente com o retorno da sua fala. No princípio, a relação entre a mãe e os dois filhos foi difícil devido à mágoa das crianças pela separação forçada. Vivian era uma mulher independente e corajosa, proprietária de casas de apostas, muito à frente do seu tempo e não tinha tempo para os filhos pequenos. No entanto, a relação entre eles foi se tornando cada vez mais forte, especialmente com Maya, à medida em que ela se transformava em uma adolescente e encontrava apoio na mãe para vencer os preconceitos da época. Foi assim, por exemplo, quando Maya passou pela gravidez não planejada de seu único filho, Guy Bailey Johnson. O trecho citado abaixo é a abertura do livro e posiciona o leitor no difícil contexto da formação de Vivian Baxter, uma mulher negra em uma sociedade machista e racista.
"A primeira década do século XX não foi uma época muito boa para se nascer negra, pobre e mulher em St. Louis, Missouri, mas Vivian Baxter nasceu negra e pobre, de pais negros e pobres. Mais tarde cresceria e seria considerada linda. Adulta, seria conhecida como a mulher cor de manteiga com o cabelo penteado para trás. Seu pai, um trinitino com forte sotaque caribenho, descera de um navio bananeiro em Tampa, na Florida, e passou a vida inteira driblando com sucesso os agentes da imigração. Falava sempre com orgulho que era um cidadão americano. Ninguém explicou a ele que o simples fato de desejar ser cidadão não era o suficiente para torná-lo um. Em contraste com a cor escura de chocolate do seu pai, sua mãe era clara o bastante para passar por branca. Ela era chamada de octoruna, o que significava que tinha um oitavo de sangue negro. Seu cabelo era comprido e liso. À mesa da cozinha, ela divertia os filhos girando as tranças como se fossem cordas e depois sentando-se sobre elas." (Pág. 11)A biografia de Maya Angelou muitas vezes parece a mais pura ficção. Ela foi a primeira condutora de bonde negra em São Francisco, a primeira mulher negra a ser roteirista e diretora em Hollywood, dançarina, stripper, cantora e, finalmente, professora universitária de história, além de ativista política, escritora e poeta. Todas essas passagens são descritas nesta autobiografia que evidencia a importância do amor entre mãe e filha, uma relação que foi construída ao longo da vida, sempre com muita confiança. Segundo Angelou, este livro foi escrito "para examinar algumas das maneiras como o amor cura e ajuda a escalar alturas impossíveis e erguer-se de profundezas imensuráveis". Uma história emocionante sobre duas mulheres corajosas que nunca aceitaram negociar a própria liberdade.
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