Duanne Ribeiro - *KER-
Uma obra experimental difícil de definir que mescla prosa e poesia em um criativo projeto gráfico, valorizando o status de arte desta edição. Brincando com a linguagem, o autor utiliza símbolos gráficos, neologismos e até páginas em branco para nos apresentar uma dinâmica criativa simbolizada pela palavra *ker-, "um termo que compõe o vocabulário da língua protoindo-europeia, construção hipotética que, percorrendo para trás as genealogias das linguagens de hoje, determina o que seriam as fontes de várias palavras em diferentes idiomas." Ainda segundo o autor, *ker- também é a palavra raiz de creare, do latim que originou criar. Será mesmo?
Cuidado com as conclusões apressadas, você pode estar sendo inserido em mais uma das muitas performances do livro, sem perceber. O melhor mesmo é seguir a viagem proposta pelo autor sem teorizar demais, como em ascese de Eva: lição sete: "que não me acompanhe quem não saiba amar uma página em branco." E assim, tenho certeza de que em algum momento você vai lembrar do menino(a) que um dia te habitou.
jirayinha
foi esse menino
quem escreveu
meu livro, não eu
– eu nasci depois
esse menino, não,
não eu, viveu
o livro, esse menino,
antes que eu fosse,
antes que eu fosso
esse menino,
veja,
ele sorri,
impune,
com essa espada
e essa armadura
de plástico, ninja
vermelho, sim, ele
será derrotado
o suficiente
para que existamos
ele sorri, intacto,
naturalmente, pois
quem antes do
livro? não eu
quem antes do
mundo? não eu
quem antes da
verdade? eu
não,
eu nasci depois
eu sou tantos
meninos
mortos.
publicado
(site-specifics)
Depois do lançamento deste *ker-, poemas que o compõem serão largados aleatoriamente por São Paulo e outros lugares por onde o autor passar, impressos ou redigidos, dispostos em suportes variados (sulfite, cartolina, guardanapo etc.), sem identificação de origem.
disponível
(site-specifics)
Em uma via de grande circulação, o autor se sentará diante de uma edição publicada deste *ker- e aguardará. O que? Algo. O livro poderá estar sobre um banquinho ou uma toalha colorida ou outra coisa. O autor poderá ficar de pé, sentado em posição de lótus ou outra coisa. Se alguém questioná-lo, responderá de acordo, apresentará o livro etc, contudo não o venderá, podendo dar indicações mais ou menos vagas de como o transeunte faria isso por si mesmo. O escritor pode abandonar o posto mesmo sem ter atendido ninguém.
anotação do aluno de poesia
senhor,
que eu não fique nunca
como esse velho artista
aí do lado
que vive dentro do seu nome
e as visitas que tem
só visitam a sua História
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