João Cabral de Melo Neto
O poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999) é complexo e ao mesmo tempo essencial, regional e universal, moderno no verdadeiro sentido da palavra. Como explicar essa poesia real, cortante e mineral. Poesia que pretende ser feita e lida sem paixão e acaba resultando em um texto transbordante de emoção. Segundo Marly de Oliveira, companheira e organizadora da primeira edição de sua obra completa, lançada pela editora Nova Aguilar, a poesia dele é "anti-lírica" e dirigida ao intelecto, também chamado de o poeta da razão e que não admirava a música, será mesmo?
Bibliografia - Poesia: Pedra do sono, 1942; Os três mal-amados, 1943; O engenheiro, 1945; Psicologia da composição com a Fábula de Anfion e Antiode, 1947; O cão sem plumas, 1950; Poemas reunidos, 1954; O Rio ou Relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente à Cidade do Recife, 1954; Pregão turístico, 1955; Duas águas, 1956; Aniki Bobó, 1958; Quaderna, 1960; Dois parlamentos, 1961; Terceira feira, 1961; Poemas escolhidos, 1963; Antologia poética, 1965; Morte e vida Severina, 1965; Morte e vida Severina e outros poemas em voz alta, 1966; A educação pela pedra, 1966; Funeral de um lavrador, 1967; Poesias completas 1940-1965, 1968; Museu de tudo, 1975; A escola das facas, 1980; poesia crítica (antologia), 1982; Auto do frade, 1983; Agrestes, 1985; Poesia completa, 1986; Crime na Calle Relator, 1987; Museu de tudo e depois, 1988; Sevilha andando, 1989; Primeiros poemas, 1990; J.C.M.N.: os melhores poemas, (org. Antonio Calos Secchin),1994; Entre o sertão e Sevilha, 1997; Serial e antes, 1997; A educação pela pedra e depois, 1997.
Bibliografia - Poesia: Pedra do sono, 1942; Os três mal-amados, 1943; O engenheiro, 1945; Psicologia da composição com a Fábula de Anfion e Antiode, 1947; O cão sem plumas, 1950; Poemas reunidos, 1954; O Rio ou Relação da viagem que faz o Capibaribe de sua nascente à Cidade do Recife, 1954; Pregão turístico, 1955; Duas águas, 1956; Aniki Bobó, 1958; Quaderna, 1960; Dois parlamentos, 1961; Terceira feira, 1961; Poemas escolhidos, 1963; Antologia poética, 1965; Morte e vida Severina, 1965; Morte e vida Severina e outros poemas em voz alta, 1966; A educação pela pedra, 1966; Funeral de um lavrador, 1967; Poesias completas 1940-1965, 1968; Museu de tudo, 1975; A escola das facas, 1980; poesia crítica (antologia), 1982; Auto do frade, 1983; Agrestes, 1985; Poesia completa, 1986; Crime na Calle Relator, 1987; Museu de tudo e depois, 1988; Sevilha andando, 1989; Primeiros poemas, 1990; J.C.M.N.: os melhores poemas, (org. Antonio Calos Secchin),1994; Entre o sertão e Sevilha, 1997; Serial e antes, 1997; A educação pela pedra e depois, 1997.
Eu definiria a obra de João Cabral de Melo Neto de maneira mais direta: Poesia para calar, simples assim.
Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.
Comentários
(Carlos Drummond de Andrade)
Você me ajudou a resolver um problema técnico: trabalhei a madrugada inteira e fui dormir sem solucionar uma questão numa tela. Pois bem, agora cedo, antes da labuta, passei aqui. Aí que você entra e vai entender.
Particularmente, prefiro os poetas mais "derramados". JCMN não é um poeta que visite todos os dias; não que não goste dele, mas porque ele tem uma coisa que incomoda muito - sua escrita não é como digamos uma dor no estômago ou que asslta de vez; está mais como um espinhozinho que fica embaixo da unha, um cisco dentro do olho: Lateja, é cortante, ácido - fica ali quieto... Sua presença é constante. E consegue fazer isso de uma forma limpa e sem nenhum carnaval. Aparenta ser "minimalista" (não encontro outro termo), mas é só a primeira vista. É de uma elegância pura e a tessitura de sua construção vem daí.
Pois bem, não o visito toda hora por isso. Eu o vejo como um Eliot -e convenhamos, é duro conduzir a rotina do dia a dia (casa, mercado, forrar a cama, lavar a louça) recitando metalmente esse pessoal (risos).
Sua ajuda veio justamente nesta hora ao trazer JCMN. Sou mais para o barroco, e meu problema foi resolvido por eu precisar de algo mais pragmático. Claro que um pragmático que necessariamente não arranque das veias o poético da vida. Agora vou tentar aplicar a lição...
Abraço grande e obrigado.
Bento.
Além da sua página oficial (www.bentomoura.net.br) conheci hoje também o seu blog (http://www.bentomoura.blogspot.com/) que é ótimo e apresenta imagens incríveis de seu trabalho, recomendo a todos os amigos do Mundo de K uma visita urgente a esses espaços de cultura.
Ah sim! fica mesmo difícil recitar "Waste Land" lavando a louça :)
Difícil mesmo é limpar a casa ouvindo Jessye Norman em "Dido et Aeneas"; não é a toa que minhas "limpezas" duram um dia inteiro e nunca saio do primeiro cômodo.
Na verdade, começo a faxina pelos livros. E claro paro aqui, ali... No final estou cercado de livros abertos, balde no chão, cerveja no copo. Então mudo para Maria Bethania, Madredeus... Cinco da tarde e a casa fica por limpar. Dá uma saudade danada do meu sobrinho de um ano e largo tudo - vou para casa dele, pego a bola, o velotrol e no meio disso carrego um livrinho prá ele aprender logo a ler.
Assim a vida vai...
Obrigado p presença. Abraço grande
Bento
P.S.: Não reclamei em absoluto da alternância. Sua escrita e sua condução são maravilhosas.
Fico até com vergonha de que tenha falado do meu blog, ainda mais diante do seu e das meninas.
Fique a vontade de visitar meu canto de sonhos, palavras, expressoes, e talvez realizacoes..
Gostei muito daqui também..
A Literatura vem de todas as formas para nos preencher..
Um abraço!!
Um grande abraço para o seu sobrinho e vamos torcer para que ele siga a herança genética da família que ficará tudo bem. O meu menino completará sete anos este mês e fico impaciente para que ele leia logo alguns clássicos, mas tenho que respeitar o ritmo e vontade dele (será que consigo?).
Mas essa prosa que rendeu o post do meu conterrâneo, está pra lá de boa!!
A Lígia nos presenteou com esta fala escrita do Carlos. Que coisa!
E o Bento? Ah, o Bento! Ainda não visitei o seu (dele) blog, mas o farei assim que me despedir de vocês. De cara já me identifico com alguém que começa a faxina pelos livros e por lá mesmo fica... E o dizer que não "dá pra recitar esse pessoal na faina diária".
Quanto ao post... que mais dizer?
Talvez, uma coisinha miuda: João Cabral é intelectual, sua poesia à primeira vista parece mesmo voltada para o cérebro, mas como bem descreveu o Bento, lá bem dentro do "juízo", como se diz no sertão, suas palavras atingem através de um qualquer caminho, o coração, e nos toma peito e alma, tornando assim sua poesia visceral no verdadeiro sentido desta.
É isso.
Beijos e aquela coisa toda.
"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome".
João Cabral de Melo Neto
Esse poema é muito belo!
Tão bom andar por aqui, sempre tudo tão bem sacado, grandes dicas!
:)
Gi
Maravilha, K. Amo este seu blog. Simples assim.