William Carlos Williams
William Carlos Williams - Poemas - Editora Companhia das Letras - 272 páginas - Tradução e Introdução de José Paulo Paes - Lançamento 1987.
Diferente de seus contemporâneos Ezra Pound e T. S. Eliot que buscaram inspiração na poesia europeia e também nos clássicos gregos e latinos, chineses e japoneses, William Carlos Williams (1883-1963) encontrou o ritmo de sua poesia na própria índole do povo americano, tendo nascido e morrido em Rutherford, uma pequena cidade de Nova Jersey próxima de Nova York. Ele achava que "não há ideias senão nas coisas" e que "deveria escrever como um médico trabalha, sobre a coisa que tem diante de si, descobrindo o universal no particular". Williams participou do movimento chamado de "Imaginismo" com base na apreensão das coisas naturais e dos pequenos fenômenos sociais. Imagens concretas, precisas, claras, fala comum e pormenores despretensiosos. Apesar desta fase inicial, acabou escrevendo, já no final de sua carreira, um longo poema épico chamado "Paterson" que foi considerado pela crítica uma obra à altura de "Finnegans Wake" de James Joyce ou "Waste Land" de Eliot.
Williams foi nomeado para a cadeira de poesia da Biblioteca do Congresso em 1949, mas a sua nomeação foi cancelada devido às suas supostas simpatias esquerdistas e também por suas antigas relações com Ezra Pound que, neste período, fora internado em um hospital psiquiátrico depois de ter sido devolvido para os EUA como traidor e propagantista do regime fascista italiano.
Um dos mais curtos e famosos poemas de Williams é "O Carrinho de mão vermelho", um poema sem qualquer pontuação ou métrica e onde, após um enigmático início: "tanta coisa depende", uma simples cena do dia-a-dia é revisitada e sua intensidade marcada pelos contrastes de cor e brilho: "vermelho", "esmaltado", "brancas", convertendo-se o local em universal. Este momento banal é eternizado pela poesia e, afinal, o que mais um poeta pode querer?
The red wheelbarrow
(William Carlos Williams)
O carrinho de mão vermelho
(tradução de José Carlos Paes)
tanta coisa depende
de um
carrinho de mão
vermelho
esmaltado de água de
chuva
ao lado das galinhas
brancas
(tradução de José Carlos Paes)
tanta coisa depende
de um
carrinho de mão
vermelho
esmaltado de água de
chuva
ao lado das galinhas
brancas
Comentários
Me senti à vontade por aqui. Representada ora por imagens, ora por palavras que me dizem muito.
Daí o "rastro" e a vontade de continuar sendo visita constante.
Parabéns pelo espaço, Kovacs!
E obrigada por me apresentar a Marianne Moore.
Um abraço.