Stefan Zweig - Maria Stuart
Stefan Zweig - Maria Stuart - Editora Record / José Olympio - 364 Páginas - Tradução de Lya Luft - Capa de Túlio Cerquize - Lançamento: 01/01/2018.
Stefan Zweig (1881-1942), austríaco de origem judaica, exilou-se no Brasil após a ascensão de Hitler, vindo a se suicidar em 1942, juntamente com a esposa em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde moravam. O título de um de seus livros de ensaio, "Brasil, país do futuro", acabou se transformando em uma das definições mais famosas para o nosso país (nem sempre de forma positiva, mas isso não é culpa do autor). Ele deixou uma extensa obra em vários gêneros, tais como: romance, poesia, teatro, ensaios e biografias de personagens famosos, tão diferentes quanto Erasmo de Roterdã, Fernão de Magalhães e Maria Antonieta. Este livro sobre a vida de Maria Stuart (1542-1587), lançado em 1935, foi um grande sucesso de público na época, principalmente pela forma apaixonada com que Zweig interpretou o perfil psicológico da sua biografada e os detalhes do contexto histórico em que ela viveu.
De fato, a trajetória de Maria Stuart simboliza em muitos aspectos o próprio século XVI, uma época violenta de conspirações, guerras e paixões, quando o regime absolutista de governo era comum em toda a Europa, um sistema no qual reis e rainhas concentravam os poderes do Estado em suas mãos a partir de um autoridade concedida por Deus. Na Inglaterra e Escócia, muitos conflitos religiosos marcaram a Reforma Protestante que lutava contra o papado e a Igreja Católica Romana. Maria Stuart, católica, tinha seis dias de vida quando se tornou rainha da Escócia devido à morte de seu pai, Jaime V, com apenas 31 anos. A Escócia daqueles tempos é um país que sobrevivia da criação de ovelhas, pesca e caça. Essa carência de recursos e fragilidade de defesa transformaram a região em uma presa fácil para as potências estrangeiras, principalmente Inglaterra e França.
É difícil resumir as reviravoltas, traições e assassinatos que cercaram a vida da rainha da Escócia em sua luta pelo poder depois da morte do marido, o fato é que ela é perseguida e mantida presa pelos nobres escoceses, mas consegue fugir de forma espetacular para a Inglaterra, buscando a proteção de sua prima, a rainha Elizabeth I (1533-1603) No entanto, a sua tragédia está apenas começando porque, temendo pela ameaça política exercida por Maria Stuart, Elizabeth a mantem prisioneira durante 22 anos em vários castelos e mansões no interior do país, fazendo com que seja julgada por traição e decapitada em 1587 aos 44 anos.
De fato, a trajetória de Maria Stuart simboliza em muitos aspectos o próprio século XVI, uma época violenta de conspirações, guerras e paixões, quando o regime absolutista de governo era comum em toda a Europa, um sistema no qual reis e rainhas concentravam os poderes do Estado em suas mãos a partir de um autoridade concedida por Deus. Na Inglaterra e Escócia, muitos conflitos religiosos marcaram a Reforma Protestante que lutava contra o papado e a Igreja Católica Romana. Maria Stuart, católica, tinha seis dias de vida quando se tornou rainha da Escócia devido à morte de seu pai, Jaime V, com apenas 31 anos. A Escócia daqueles tempos é um país que sobrevivia da criação de ovelhas, pesca e caça. Essa carência de recursos e fragilidade de defesa transformaram a região em uma presa fácil para as potências estrangeiras, principalmente Inglaterra e França.
"É um país trágico, rodeado de paixões fatais, escuras e românticas como uma balada, esse reino insular pequeno e rodeado de mar, no extremo norte da Europa. Além disso, um país pobre, pois aqui toda a força é destruída pela guerra incessante. As poucas cidades, que na verdade são apenas casinholas pobres agachadas em torno de uma fortaleza para se protegerem, sempre saqueadas e queimadas, nunca atingem riqueza ou sequer oferecem bem-estar aos cidadãos. Mas as fortalezas da nobreza, ainda hoje erguendo-se sombrias e imponentes em suas ruínas, não são verdadeiros castelos com pompa e magnificência; foram dedicadas à guerra, como fortalezas inconquistáveis, desprovidas da doce arte da hospitalidade." (p. 19)Maria Stuart era uma descendente de Henrique VII, portanto aspirante também ao trono da Inglaterra mas, devido à instabilidade política nos dois países, ela passou a maior parte de sua infância na França, enquanto a Escócia era governada por regentes. Em mais uma guinada do destino ela acabou se tornando Rainha da França, casando com o jovem e doente Henrique II. Contudo, o casamento durou muito pouco e ela retorna viuva para a Escócia onde se casa novamente, quatro anos depois, com Lorde Darnley que morre em circunstâncias suspeitas, Maria Stuart é acusada de ter tramado o assassinato do marido com o amante, Conde Bothwell.
É difícil resumir as reviravoltas, traições e assassinatos que cercaram a vida da rainha da Escócia em sua luta pelo poder depois da morte do marido, o fato é que ela é perseguida e mantida presa pelos nobres escoceses, mas consegue fugir de forma espetacular para a Inglaterra, buscando a proteção de sua prima, a rainha Elizabeth I (1533-1603) No entanto, a sua tragédia está apenas começando porque, temendo pela ameaça política exercida por Maria Stuart, Elizabeth a mantem prisioneira durante 22 anos em vários castelos e mansões no interior do país, fazendo com que seja julgada por traição e decapitada em 1587 aos 44 anos.
"Maria Stuart e Elizabeth são talentos singulares e incomparáveis. Ao lado de suas personalidades enérgicas, os demais monarcas daquele tempo – Filipe II da Espanha, com sua rigidez monacal, Carlos IX, com seus caprichos de adolescente, o insignificante Francisco da Áustria – pareciam personagens secundários; nenhum deles chega perto da altura intelectual na qual aquelas duas mulheres extraordinárias se enfrentam. Inteligentes – e muitas vezes inibidas por caprichos e paixões femininas –, ambas desenfreadamente ambiciosas, desde o começo da juventude se prepararam especialmente para sua alta posição. A postura de ambas era modelar no sentido da representação externa, a cultura das duas estava repleta de valores humanistas. Cada uma delas fala fluentemente além da língua materna, latim, francês e italiano. Elizabeth, além disso, ainda o grego, e as cartas das duas superam em muito em expressão aquelas de seus melhores ministros – as de Elizabeth mais coloridas e cheias de imagens do que as de seu inteligente secretário de Estado Cecil, as de Maria Stuart mais buriladas e singulares do que as simplesmente diplomáticas de Maitland e Moray." (p. 78)É um fato peculiar que dois dos soberanos mais poderosos da Europa nesta época tenham sido duas mulheres, Maria Stuart na Escócia e Elizabeth na Inglaterra. Os seus destinos sempre estiveram ligados porque qualquer aliança política ou casamento poderia desequilibrar o poder de seus países para um dos lados. Duas adversárias que nunca se encontraram pessoalmente, mas travaram um combate mortal que marcou a história. Após a morte de Elizabeth, o filho de Maria Stuart a sucedeu no trono como Jaime I, unificando os reinos de Escócia, Inglaterra e Irlanda. As duas rivais descansam eternamente, lado a lado, na abadia de Westminter em Londres, na cripta dos reis da Inglaterra com suas imagens esculpidas em pedra.
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