Os melhores livros e resenhas de 2022

Melhores do ano do Mundo de K

A lista reflete uma seleção das melhores resenhas publicadas no ano em ordem cronológica, como sempre com base apenas no meu gosto — sigam os links clicando no título dos livros para ler as resenhas completas. Desejo a todos um ótimo 2023 com muita literatura, cultura e arte em geral. Conto com a presença de vocês no Mundo de K!

Literatura brasileira contemporânea
(01) Eric Nepomuceno - Coisas do mundo (resenha publicada em 23/01/2022)

Se há uma coisa que podemos afirmar com certeza do escritor, jornalista e tradutor Eric Nepomuceno é que ele é o mais latino-americano dos nossos autores; talvez por ter traduzido obras de Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Carlos Fuentes, Eduardo Galeano e Gabriel García Márquez, entre outros, tenha de alguma forma assimilado um pouco do estilo de cada um desses escritores. O relançamento pela Editora Patuá da antologia de contos Coisas do mundo, quase trinta anos após a sua publicação original, é uma ótima oportunidade para constatar a originalidade e atualidade dos textos de um dos grandes nomes da literatura brasileira.


Poesia brasileira contemporânea
(02) Alexei Bueno - O sono dos humildes (resenha publicada em 01/03/2022)

O mais recente livro de poemas de Alexei Bueno, O sono dos humildes, recebeu um caprichado acabamento gráfico da Editora Patuá, com luva em papel kraft e ilustrações na capa e sobrecapa de Albrecht Dürer (1471-1528), uma edição que combina com o estilo clássico do poeta carioca ao lidar com sonetos e outras estruturas fixas, rigor métrico e rimas precisas, assim como a inspiração em obras da antiguidade grega. O mais surpreendente é que o classicismo e a complexidade da proposta estética de Alexei Bueno o colocam em uma posição única e, portanto, de vanguarda no cenário da poesia brasileira contemporânea.


Literatura japonesa contemporânea
(03) Kenzaburo Oe - A substituição ou As regras do Tagame (resenha publicada em 06/03/2022)

A Editora Estação Liberdade dá início à publicação da trilogia autobiográfica de Kenzaburo Oe, Prêmio Nobel de Literatura de 1994. Na verdade, toda a obra do autor é marcada por elementos autobiográficos e engajamento político sobre questões polêmicas do Japão moderno, como o ativismo antinuclear e pacifista, posições que já provocaram reações de grupos nacionalistas de extrema-direita, diferindo da delicadeza e tradicionalismo apolítico de outro grande autor japonês também agraciado com o Nobel de Literatura em 1968, Yasunari Kawabata (1899-1972), criticado por propagar uma imagem exótica do Japão no ocidente.


Literatura brasileira contemporânea
(04) Tito Leite - Dilúvio das Almas 
(resenha publicada em 20/03/2022)

O romance de estreia do poeta cearense Tito Leite é permeado por um estilo de frases curtas e diálogos essenciais, fazendo lembrar da clássica citação de Graciliano Ramos (1892-1953) ao comparar a atividade do escritor com o ofício das lavadeiras de Alagoas, na qual o mestre nos ensinava: "A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso, a palavra foi feita para dizer", simples assim. Outra semelhança com a obra do velho Graça é a construção de personagens sufocados por um meio social hostil e em permanente crise existencial. O narrador protagonista é Leonardo que, após muitos anos vivendo em São Paulo, retorna à cidade natal no interior do Ceará, Dilúvio das Almas


Literatura brasileira contemporânea
(05) Nilton Resende - Fantasma 
(resenha publicada em 22/03/2022)

"Nos lugares, após frequentados por pessoas diversas, há sempre um pouco delas: odores, raspas de pele, pelos salivas, lembranças sonoras, humores vários. Grudam-se às paredes, tecidos, pisos. Por vezes, varam-nos. / Os lugares todos são palimpsestos de visitas." Este é o formidável início do romance de Nilton Resende, Fantasma, que tem como protagonista uma presença incorpórea formada por todas as lembranças de pessoas que passaram por um quarto de hospedaria. Limitado a este espaço, o espectro se ressente pela falta de um corpo, existindo apenas pela palavra e sofrendo com a impossibilidade de concretizar um ato de afeto. Muito recomendado.

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Literatura brasileira contemporânea
(06) Alex Andrade - Para os que ficam 
(resenha publicada em 26/03/2022)

O mais recente lançamento de Alex Andrade é um romance narrado em primeira pessoa por Ana, uma protagonista pouco confiável que cuida do pai com Alzheimer em meio aos escombros de sua vida pessoal: "Eu tenho quarenta e sete anos, e, se eu tiver sorte, sobrevivo como quem emerge de um mergulho malsucedido, se o mundo me permitir, onde quer que eu esteja, com as cores que o cenário apresentar, mesmo nos sonhos, mesmo que embriagada, ainda tragando a fumaça do cigarro para não embaçar a visão, talvez eu mereça, talvez o mundo conspire. Uma vez meu pai me disse que mergulhar era a solução para entender o desconhecido. Foi desse jeito que ele me lançou no mar."


Literatura norte-americana contemporânea
(07) Philip Roth - Por que escrever? 
(resenha publicada em 09/04/2022)

Ninguém melhor do que o próprio Philip Roth (1933-2018) para definir logo no prefácio a intenção e abrangência deste livro, último volume de sua obra completa publicado pela Library of America: "Aqui estou, tendo saído de detrás do biombo de disfarces, invenções e artifícios do romance. Aqui estou, sem recurso a truques de prestidigitação e desprovido de todas aquelas máscaras que proporcionaram a grande liberdade de imaginação da qual fui capaz de desfrutar como escritor de ficção". De fato, é uma rara oportunidade para conhecermos as motivações e os bastidores do processo criativo de um dos mais notáveis autores norte-americanos.


(08) Yukio Mishima - Confissões de uma máscara 
(resenha publicada em 15/04/2022)

Yukio Mishima (1925-1970) levou ao limite a relação entre literatura e realidade, tendo cometido o suicídio ritual dos samurais, seppuku, conhecido vulgarmente no ocidente como harakiri. Ele é considerado, juntamente com Yasunari Kawabata (prêmio Nobel de 1968) e Junichiro Tanizaki, um dos grandes nomes da literatura japonesa moderna. Confissões de uma máscara foi lançado em 1949, romance de teor autobiográfico no qual um jovem homossexual tenta se convencer de que pode mudar as suas opções sexuais e a própria essência para atender aos padrões de comportamento da rígida sociedade japonesa.


Literatura brasileira contemporânea
(09) Débora Ferraz - Ogivas (resenha publicada em 23/04/2022)

A ambiguidade no título desta mais recente antologia de contos de Débora Ferraz desperta a curiosidade do leitor. Afinal, trata-se de referência às estuturas formadas por dois arcos que se cortam em ângulo, chamadas também de arcos ogivais, tão comuns na arquitetura gótica que revolucionou a história da arte ou trata-se de referência às temidas ogivas nucleares, presentes nos mísseis de longo alcance? Depois de ler as narrativas curtas e afiadas da autora não me resta dúvida de que a intenção aqui é de que a arte, na forma leve de construção literária dos contos, possa ser também uma arma demolidora contra o preconceito e a violência cotidiana.

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Literatura brasileira contemporânea
(10) Sandra Godinho - A morte é a promessa de algum fim (resenha publicada em 30/04/2022)

Um romance histórico muito peculiar e que tem como ponto de partida a pandemia de Covid-19 em Manaus, como bem sabemos uma das regiões onde a ação do vírus foi mais cruel e devastadora. Messias Machado é um empresário que enriqueceu às custas de uma moral extremamente flexível e negócios ilícitos, sempre apoiado por suas relações de poder com políticos corruptos. Após ser contaminado, devido à própria negligência, transmite o vírus para o filho único de oito anos de idade que não resiste às consequências. Ainda sob o efeito desta tragédia, descobre a traição da esposa e a mata.

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Literatura argentina contemporânea
(11) Alan Pauls - O passado (resenha publicada em 30/04/2022)

Este é o quarto e mais importante romance do argentino Alan Pauls, escritor, jornalista, roteirista e crítico de cinema, considerado um dos grandes nomes da literatura latino-americana contemporânea. O livro foi o vencedor do conceituado Prêmio Herralde de 2003, concedido para obras de ficção em língua espanhola, adaptado em 2004 para o cinema em filme homônimo de Hector Babenco e lançado originalmente no Brasil pela saudosa Editora Cosac Naify em 2007, sendo relançado agora pela Editora Companhia das Letras, juntamente com a campanha de promoção do novo e aguardado romance de Alan Pauls: A metade fantasma.

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A mineira Adriane Garcia já é presença garantida aqui na casa, tendo consolidado o seu nome no cenário da poesia brasileira contemporânea com os recentes: Garrafas ao mar (ed. Penalux, 2018), Arraial do Curral del Rei – a desmemória dos bois (ed. Conceito Editorial, 2019) e Eva-proto-poeta (ed. Caos & Letras, 2020). Neste lançamento, ela nos manda lembranças de um local que, infelizmente, está cada vez mais próximo. Os poemas aqui alertam para o descuido do homem ou, mais precisamente, da "elite detentora do capital" em ter levado o ecossistema e a nossa própria espécie à beira da extinção, como descreve Ana Carolina Neves no prefácio.


Literatura contemporânea canadense
(13) Leonard Cohen - A chama: Poemas, letras, desenhos, notas (resenha publicada em 04/06/2022)

Um lançamento para iniciados e não iniciados na arte do homem que compôs o clássico hino do rock Hallelujah, uma única canção que já justificaria toda uma carreira, contudo há muito mais na obra do músico e poeta canadense Leonard Cohen (1934-2016). O livro, organizado por seu filho Adam Cohen, reúne 63 poemas inéditos escritos ao longo de toda uma vida, letras de músicas dos últimos quatro álbuns, assim como notas e desenhos extraídos dos cadernos de anotações do autor. Nesta edição bilíngue consta também o discurso de agradecimento ao prêmio Príncipe das Astúrias, na Espanha, em 2011.

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Literatura africana contemporânea
(14) Abdulrazak Gurnah - Sobrevidas (resenha publicada em 11/06/2022)

Em 2021 o romancista Abdulrazak Gurnah da Tanzânia foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura "por sua compreensão intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino dos refugiados no abismo entre culturas e continentes", na definição da Academia Sueca. Gurnah nasceu em 148 e cresceu na ilha de Zanzibar, chegando na Inglaterra na década de 1960 como refugiado. Ele começou a escrever aos 21 anos de idade em inglês sobre o tema cada vez mais atual, infelizmente, dos refugiados. Entre seus dez romances publicados, os mais famosos são Paradise e Desertion, ambos ainda sem edições em português. Este é o primeiro romance do autor traduzido no Brasil.

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O único poema inédito do livro mostrou-se uma escolha acertada para a epígrafe, assumindo o estilo tradicional de narrativa em primeira pessoa, coloquial, tão constante nos versos do poeta e revelando um compromisso de toda a vida na surpresa da imagem figurada, que compara a poesia com um cachorro fiel que o segue pela rua: "Quando nos mudamos, / meus pais fizeram de tudo / para se livrar da mochila / que levava meus poemas. // Botaram-na perto da portinhola / da caminhonete para ver se caía na estrada. // Mas não caiu. Desde então, / levo essa mochila comigo / como um cachorro / que me segue na rua."


Literatura brasileira contemporânea
(16) Paulo Roberto Farias - Deixa eu te falar da noite (resenha publicada em 02/07/2022)

Paulo Roberto Farias nos apresenta um romance muito peculiar com base em uma estrutura narrativa conduzida por um fluxo de consciência único, na forma de diário, de uma personagem que conquista a nossa atenção justamente por sua ingenuidade e simplicidade. Difícil não lembrar da solitária Macabéa de Clarice Lispector em A hora da estrela. No entanto, o leitor logo perceberá que a Marla de Deixa eu te falar da noite é uma daquelas protagonistas que surpreendem porque podem não ser totalmente confiáveis. De fato, quando Marla afirma que não se acha solitária, logo percebemos que isso obviamente não é verdade.


Literatura argentina
(17) Silvina Ocampo - As convidadas (resenha publicada em 09/07/2022)

Difícil encontrar um exemplo na literatura que possa servir de comparação para explicar a obra de Silvina Ocampo (1903-1993), criadora de um estilo único entre o surrealismo, o realismo mágico e a literatura fantástica, porém não se enquadrando em nenhuma dessas categorias. Nesta coletânea de contos, lançada originalmente em 1961, além da influência das escolas já citadas), encontramos aqui novamente os sinais de perversão e crueldade que escapam ao controle moral da família e da sociedade tradicional, apresentando um universo transfigurado e que, no entanto, descobrimos não ser tão diferente assim da nossa própria realidade.


Literatura japonesa
(18) Yukio Mishima - O marinheiro que perdeu as graças do mar (resenha publicada em 17/07/2022)

Apesar da condução da narrativa em terceira pessoa, Yukio Mishima (1925-1970) soube alternar o ponto de vista dos três personagens a partir de suas diferentes perspectivas – e de como interpretam o mundo que os cerca – neste romance que lida com alguns dos temas recorrentes do autor: paixão glória e morte. Fusako Kuroda é uma viúva que vive com seu filho único Noboru de 13 anos. Após cinco anos da morte do marido, Fusako conhece Ryuji Tsukazaki, oficial da marinha mercante, ao levar o filho em uma visita ao porto de Yokohama no cargueiro Rakuyo, no qual Ryuji estava embarcado, iniciando um relacionamento amoroso.


Literatura brasileira contemporânea
(19) Maria Fernanda Elias Maglio - Quem tá vivo levanta a mão (resenha publicada em 06/08/2022)

Maria Fernanda Elias Maglio, vencedora do Prêmio Jabuti de 2018, consolida a sua importância na literatura brasileira contemporânea com esta mais recente antologia de contos, na qual surpreende pelo domínio de uma variedade de técnicas narrativas. É impossível para o leitor ficar indiferente à brutalidade dos temas e protagonistas que, em sua maioria, desnudam a decadência da raça humana, ainda que não sejam humanos em alguns casos. De fato, a autora nos faz perceber com este livro a dificuldade de preservar algum traço de humanidade nas situações de violência e desigualdade social que vivenciamos nos grandes centros urbanos.


Literatura brasileira contemporânea
(20) Juliana Leite - Humanos exemplares (resenha publicada em 14/08/2022)

Um romance muito recomendado que lida com temas difíceis como a solidão e a proximidade da morte de forma sensível e até mesmo bem-humorada, trabalhando sempre com a emoção sem cair na armadilha do clichê sentimental. Esta é a história de Natalia, uma idosa centenária que acumulou uma "coleção de ausências" ao longo da vida e passa os dias sozinha no apartamento à espera dos telefonemas da filha que mora no exterior. Todos os amigos queridos já morreram, cada um a seu tempo. Natalia descobre o valor das lembranças e o fato curioso de que, quem diria, a vida depois de certo tempo começa a acontecer mais no passado do que no presente


Literatura brasileira contemporânea
(21) Mário Baggio - Antes de cair o pano (resenha publicada em 26/08/2022)

Mário Baggio é um especialista nas narrativas curtas. Seus contos normalmente não precisam mais do que dois ou três parágrafos para introduzir o tema, desenvolver a ideia e surpreender o leitor com finais perturbadores que me lembram a citação do mestre Isaac Bábel (1984-1940): "Nenhum ferro pode penetrar no coração humano de maneira tão gélida como um ponto colocado no momento exato". Neste seu mais recente lançamento, o autor apresenta alguns contos de maior extensão mas, independente do tamanho dos textos, o tema principal é sempre o comportamento humano em situações cotidianas, nas quais demonstra o seu melhor e o pior.


Literatura japonesa
(22) Osamu Dazai - Mulheres (resenha publicada em 26/08/2022)

A Editora Estação Liberdade foi muito feliz na escolha da imagem de capa desta obra de Osamu Dazai (1909-1948), um dos grandes nomes da literatura japonesa, juntamente com Yasunari Kawabata (1899-1972), prêmio Nobel de literatura de 1968, Junichiro Tanizaki (1886-1965) e Yukio Mishima (1925-1970). De fato, a pintura de Uemura Shōen (1875-1942) expressa a delicadeza do padrão de beleza feminino na cultura nipônica em uma época na qual não era comum que uma mulher se tornasse pintora profissional, visto que elas não tinham acesso ao ensino técnico nas escolas tradicionais. As pinturas de Shōen ficaram famosas por representar não apenas cortesãs, mas também mulheres comuns.

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Literatura brasileira contemporânea
(23) Marçal Aquino - Faroestes (resenha publicada em 11/09/2022)

Faroestes é uma coletânea de contos publicada originalmente em 2001 pela Ciência do Acidente, editora paulista criada por Joca Reiners Terron, escritor que ajudou a divugar importantes nomes da literatura contemporânea na época, inclusive Marçal Aquino, o qual já havia sido agraciado em 2000 com o prêmio Jabuti para O amor e outros objetos pontiagudos. Esta nova edição de Faroestes conta com orelha de Ana Paula Maia, uma autora que segue estilo semelhante ao de Aquino, definido pelo próprio como "prosa de confronto" e bem explicado por Paulo Roberto Pires em seu inspirado posfácio: "o confronto é o enfrentamento em si, mas também o átimo que antecede a ele, a ameaça, a provocação."

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Literatura brasileira contemporânea
(24) Jeferson Tenório - Estela sem Deus (resenha publicada em 24/09/2022)

Antes de O avesso da pele (vencedor do Jabuti 2021 e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura no mesmo ano), Jeferson Tenório já havia lançado Estela sem Deus em 2018, prêmio Ages – Associação Gaúcha de Escritores – na categoria Narrativa longa e finalista do Prêmio Minuano de Literatura, na categoria Ficção/ Romance – Novela. Agora temos uma boa oportunidade de conhecer Estela sem Deus que está sendo relançado pela Companhia das Letras. Os dois romances têm em comum a desigualdade social provocada pelo racismo em nossa sociedade, os traumas provocados nas relações familiares e na formação da identidade dos personagens.


Literatura contemporânea norte-americana
(25) Hanya Yanagihara - Ao paraíso (resenha publicada em 12/11/2022)

O mais recente lançamento de Hanya Yanagihara, depois do premiado Uma vida pequena é um ambicioso e monumental romance dividido em três partes aparentemente independentes, mas que têm em comum uma casa em Washington Square Park em Greenwich Village, Nova York, assim como personagens com os mesmos nomes que vivenciam situações recorrentes em diferentes versões dos Estados Unidos ao longo de 200 anos, lidando com temas como racismo, sexualidade, colonialismo e a manutenção da condição humana em tempos de crise. A autora não dá vida fácil aos seus leitores neste emaranhado de personagens com os mesmos nomes ao longo de 720 páginas.

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Literatura brasileira contemporânea
(26) Carol Bensimon - Diorama (resenha publicada em 26/11/2022)

O mais recente romance de Carol Bensimon, depois do premiado O clube dos jardineiros de fumaça (2017) vencedor do prêmio Jabuti de Melhor Romance e finalista do prêmio São Paulo de Literatura, foi inspirado no assassinato do deputado e radialista José Antonio Daudt, morto com dois tiros de espingarda na cidade de Porto Alegre em 1988, um crime ainda sem solução até hoje. O principal suspeito na época, o também deputado Antônio Carlos Dexheimer Pereira da Silva, era considerado um dos seus melhores amigos. Dexheimer tinha arma de caça e um automóvel semelhante ao visto na cena do crime, supostamente motivado por ciúmes de sua ex-esposa, de quem se separara havia três meses.

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Literatura brasileira contemporânea
(27) Geovani Martins - Via Ápia (resenha publicada em 2711/2022)

A Via Ápia foi uma das obras mais importantes da antiga Roma com a construção iniciada em 312 a.C. e atingido em 264 a.C. a maior extensão de 600 quilômetros. No Brasil, a Via Ápia é o principal acesso à favela da Rocinha, localizada entre os bairros da Gávea, Vidigal e de São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, considerada, segundo os dados do IBGE de 2022, o maior "aglomerado subnormal" do país. Após décadas de políticas públicas inadequadas, a Rocinha apresenta territórios densamente povoados e sem condições básicas de infraestrutura, moradores estigmatizados pela população das áreas privilegiadas da cidade e vítimas constantes da violência policial em nome do combate ao tráfico de drogas.

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Literatura norte-americana
(28) Lucia Berlin - Noite no paraíso: mais contos (resenha publicada em 17/12/2022)

Acabei não lendo a aclamada coletânea póstuma Manual da faxineira de Lucia Berlin (1936-2004), publicada no mercado norte-americano em 2015, onze anos portanto após a morte da autora. O livro foi um sucesso de público e crítica, tendo sido eleito entre os melhores do ano pelo New York Times, The Guardian e El País. Lucia Berlin nasceu em Juneau, no Alasca, e passou sua infância e adolescência em diferentes locais, de acordo com a carreira do pai, nos estados de Idaho, Montana e Arizona, e também no Chile. Como adulta, viveu no Novo México, México, Califórnia e Colorado, casou-se por três vezes e teve quatro filhos.



Warsan Shire transforma sofrimento em beleza com a força da sua literatura que é ao mesmo tempo linda e brutal, uma poesia improvável como a sobrevivência de um refugiado: "Ninguém deixa a própria casa a menos que seja a boca de um tubarão. / Ninguém põe os filhos num barco a menos que a água seja mais segura que a terra." Não há como não pensar nos homens, mulheres e crianças que não conseguiram atravessar o Mediterrâneo. Há também aqueles que venceram a longa travessia e ganharam o direito de serem chamados de imigrantes para logo descobrirem uma vida de sofrimento, racismo e humilhação.


(30) Ian McEwan - Lições (resenha publicada em 27/12/2022)

Ian McEwan está de volta com um dos mais longos e brilhantes romances de sua carreira. A narrativa tem início ao abordar dois momentos distintos na vida do protagonista Roland Baines, primeiramente em outubro de 1962, durante a crise da instalação dos mísseis nucleares em Cuba pela União Soviética, uma provocação aos Estados Unidos que marcou o auge da Guerra Fria entre as duas maiores superpotências da época depois da Segunda Grande Guerra. Roland Baines, então com 14 anos, mantém um relacionamento sexual obsessivo com sua professora de piano, Miriam Cornell, de 25 anos, influenciado pelo temor de que o mundo estivesse prestes a acabar.

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